O poema “Deram um Fuzil ao Menino”, do poeta itabunense Firmino Rocha, originalmente foi escrito no período da II Guerra Mundial, mas o drama exposto em seus versos permanece atual, evocando uma reflexão humanista a respeito da dilaceração da infância pelos horrores presentes na contemporaneidade.

O projeto de curta-metragem tem apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia, e foi contemplado no Edital Setorial Audiovisual (2016), sendo inteiramente desenvolvido na cidade de Itabuna, primeiro de sua categoria para todo o território de cultura litoral Sul. O filme já se encontra finalizado, mas não está disponível em redes sociais, devido ao fato de estar concorrendo na seleção de festivais de cinema por todo o Brasil (todos momentaneamente suspensos devido à pandemia do Covid-19).

Segundo o produtor Sebáh Villas-Bôas, a falta de apoio é um dos entraves. Ele disse que, após a finalização do filme, a produção procurou a FICC (Fundação Itabunense de Cultura Cidadania ainda sob gestão do ex-presidente Daniel Leão), a fim de realizar o lançamento público do documentário e apresentou a proposta de ocupar a sala do Teatro Candinha Dórea (principal aparelho cultural do município) com exibições do filme, acompanhadas de recital de poemas de Firmino Rocha, apresentação musical da trilha sonora e debates, ação cultural cuja entrada seria 1kg de alimento não perecível, mas não obteve sucesso.

Como alternativa, a produção também sugeriu apresentações na sala de Teatro Zélia Lessa, ou mesmo, no hall da FICC, tendo sido negado qualquer apoio. “Vale ressaltar que há um busto do poeta Firmino Rocha, empoeirado, esquecido na sede da FICC, o que por si, reflete a situação da cultura na cidade de Itabuna”, lamentou Sebáh.

A trilha sonora e o documentário serão lançados em breve, de acordo com Sebáh.

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DERAM UM FUZIL AO MENINO

Adeus luares de Maio.
Adeus tranças de Maria.
Nunca mais a inocência,
nunca mais a alegria,
nunca mais a grande música
no coração do menino.
Agora é o tambor da morte
rufando nos campos negros.
Agora são os pés violentos
ferindo a terra bendita.
A cantiga, onde ficou a cantiga?
No caderno de números,
o verso ficou sozinho.
Adeus ribeirinhos dourados.
Adeus estrelas tangíveis.
Adeus tudo que é de Deus.
DERAM UM FUZIL AO MENINO

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Firmino Rocha – Itabuna (BA)