As empresas concessionárias do transporte público de Ilhéus vão disponibilizar informações técnicas e financeiras sobre o sistema para que a Comissão Permanente de Transporte, Trânsito e Mobilidade da Câmara e sociedade civil possam avançar numa proposta para ampliação da frota nas ruas de Ilhéus neste período de pandemia.

A decisão foi tomada hoje (22) pela manhã, durante reunião na Câmara, que contou com a presença dos vereadores Augusto Cardoso (PT), presidente da comissão e propositor da iniciativa, e Tandick Resende (PTB); do representante da Associação das Empresas de Transporte de Ilhéus (Atranspi), Tassizo Carleto; da Associação de Turismo de Ilhéus (ATIL), Átila Eiras e da especialista em mobilidade urbana, professora da Universidade Federal do Sul da Bahia, Peola Paula Stein. Convidada para participar da reunião, a Prefeitura não enviou representante.

Colapso

“O Sistema Público de Transporte de Ilhéus está próximo de um colapso”, reconheceu o empresário Tassizo Carleto. Para voltar a operar com a totalidade da frota, as empresas reivindicam um subsídio municipal, como já ocorre em Itabuna, Salvador e Vitória da Conquista. “Temos dificuldades enormes e a solução a ser tomada que não é simples”, completou. Nesta segunda, a cidade amanheceu com apenas uma empresa circulando, assim mesmo com frota reduzida. Funcionários da empresa São Miguel paralisaram as atividades, alegando atraso nos salários.

Participante do encontro, a especialista Peola Stein, da UFSB, destacou que Ilhéus tem novos desafios com as inevitáveis alterações na mobilidade da cidade, especialmente com a inauguração da nova ponte. Se a cidade já teria uma situação normal de reorganização, agora precisa fazer novas readequações das rotas diante da redução da frota. “Mas para isso é preciso entender quais são as linhas que estão funcionando na cidade. Não tem como fiscalizar se as instituições não conversam”, alertou a professora. “É preciso ter o mínimo de informação”, completou.

Avanço

 

Para o vereador Augusto Cardoso o encontro é um avanço e abre, por exemplo, o caminho para esta reivindicação da professora Peola. O importante – assegura – é estabelecer uma condição que não prejudique o público usuário do sistema, conhecendo os detalhes da realidade do setor. “A gente, de fato, sente falta de um ambiente de diálogo”, reconheceu Carleto. De acordo com o empresário, o transporte público é sensível no Brasil todo, com problemas antigos que ficaram mais evidentes agora com a crise sanitária. Ele assegura que, em Ilhéus, houve uma queda substancial da demanda.

Representante de cerca de 200 empresas do segmento do turismo, o empresário Átila Eiras, presidente da Atil, lembrou que não está sendo exigido das empresas algo que não foi combinado e que não esteja no contrato. Ele atribui o crescimento do chamado “serviço paralelo”, que ganhou força nos últimos meses, à ausência do transporte público. “Ônibus passou a ser uma segunda opção, mas por conta do empresário do setor que não assumiu o seu papel”.

  1. Conselho inexiste

Presidente do Sindicato dos Agentes de Trânsito da Bahia, Valério Bonfim lamentou que o Conselho Municipal de Transporte não funcione desde dezembro de 2019. O vereador Tandick Resende destacou que o decreto que não está sendo cumprindo pelas empresas e que determina o retorno de 100 por cento da frota nas ruas, não abarca apenas a totalidade dos ônibus. Mas, também, regras de distanciamento e horários, que também estão deixando de ser cumpridos.

“Como falar em subsídios se ao longo de todos os anos as empresas recebem isenções do poder público?”, questionou. Para o parlamentar, para saber, de fato, qual a realidade das empresas, é preciso implantar o sistema de bilhetagem eletrônica e um portal com informações que permitam avaliar a realidade do setor e não dar prejuízo nem às empresas nem tampouco ao cidadão, usuário do sistema. Um novo encontro vai acontecer na próxima segunda-feira (29). Desta vez, a expectativa do vereador Augusto Cardoso, é que haja uma um avanço que tenha reflexo no imediato aumento da frota circulando na cidade.