Ontem, 14 de março, foi o Dia Mundial do Rim e a Santa Casa de Misericórdia de Itabuna conta as histórias de confiança, persistência, superação e conquistas de dois ex-pacientes que passaram por tratamento na Unidade de Hemodiálise. Um deles é o servidor federal Fábio Rodrigo Sampaio Dias, que conquistou a aprovação no concurso público enquanto fazia sessões de hemodiálise.

Outro servidor público federal que passou pela unidade de Hemodiálise da Santa Casa é Marcos Vinícius. Amigos de infância, Fábio e Marcos fizeram o ensino médio na mesma escola, frequentaram a mesma turma de Medicina Veterinária na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) e foram aprovados no concurso do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Mas as coincidências não pararam por aí. Eles conseguiram, em épocas e instituições de ensino diferentes, aprovação no curso de Direito.

Fábio Dias foi aprovado no concurso público federal na década de 2000, no período em que fazia três sessões de hemodiálise por semana. “Enquanto cuidava da saúde, ficava ocioso. Foi aí que comprei material e estudava para o concurso. Fiz a prova na época, entre 2002/2003, em que estavam fazendo hemodiálise. Acabei fazendo transplante e três meses depois o INSS me chamou para a posse”, recorda-se Fábio Dias.

O servidor público afirma que é preciso acabar com estigma de que o tratamento é o fim da vida de uma pessoa. “Quando vimos uma pessoa fazendo diálise, imaginamos um ambiente muito triste, tenebrosa. É um tratamento um pouco longo, cansativo, mas a melhora muito a qualidade de vida de quem perdeu o funcionamento dos rins”.

DESCOBRIU A DOENÇA POR ACASO

Fábio Dias descobriu a complicação renal por caso, durante a realização de exames para identificar um problema no estômago. “Quando descobri que os rins estavam comprometidos e passei a fazer hemodiálise, acendeu um alerta, meio que uma bandeira vermelha, para toda a família. A situação começou a ser investigada. Descobrimos que meu irmão gêmeo também tinha complicação renal”.

O irmão de Fábio Dias conseguiu prolongar a vida dos rins dele por mais 10 anos. Ele só precisou ser transplantado em 2015 e hoje tem uma vida normal. Já Fábio fez o primeiro trasplante em setembro de 2003, depois de fazer um tratamento conservador por três anos e um período de hemodiálise. No primeiro transplante, aos 23 anos de idade, o servidor público federal recebeu a doação da mãe. O Rim funcionou bem por 19 anos e, no início de 2022, voltou a fazer hemodiálise. Ele fez um novo transplante em 2023.

Quem também tem uma história de superação e conquistas é o servidor público Marcos Vinícius, amigo de infância e colega de trabalho de Fábio Dias. Ele fez dois anos de sessões de hemodiálise na unidade de Hemodiálise da Santa Casa de Itabuna e é transplantado há 17 anos. “Minha pressão estava muito alta e acabei descobrindo que estava com insuficiência renal. Pouco meses depois já estava fazendo as sessões”.

ACEITAR O TRATAMENTO

De acordo com Marcos Vinícius, a superação do obstáculo ocorreu ter aceitado, de pronto, o tratamento.  “Aceitei a hemodiálise como parceira e não desistir e procurar o transplante. Quem fez a doação foi minha mãe, que tinha 66 anos na época. Hoje ela goza de uma excelente saúde. Faço um apelo a quem está pensando em doar, que faça esse grande gesto de solidariedade. Estou muito bem. Faço atividades físicas: musculação e crossfitt”.

No período em que estava fazendo a hemodiálise, o servidor público, que é Médico Veterinário e Bacharel em Direito, fez pós-graduação relacionada a primeira graduação e atualmente mestrando em administração pública. “Eu e Fábio temos uma história de vida parecida. Passamos pela hemodiálise, estudamos juntos na infância e na faculdade, trabalhamos na mesma unidade do INSS em Ibirapitanga. Hoje trabalhamos em Itabuna. A gente tem essa história marcada pela coincidência. Temos muito orgulho de ter passado pela hemodiálise e transplante. Estamos aqui para dizer para pessoas terem coragem e fazerem o tratamento corretamente”.

O nefrologista Rodolfo Nascimento, da Santa Casa de Itabuna, alerta que insuficiência renal é uma doença silenciosa. O médico destaca a importância do diagnóstico precoce para que o tratamento seja iniciado o mais cedo possível. A maioria dos pacientes que chega à unidade tem comorbidades como Diabetes e hipertensão. Isso significa que é importante a alimentação saudável, atividades físicas e ingestão de água. A pessoa deve ainda fazer exames de rotina.