Por Heribaldo de Assis

Uma das lições que determinadas categorias de esporte nos ensinam (e poucos notam isto) é que não se pode colocar em confronto atletas com pesos diferentes – similarmente, na área Cultural (vide Lei Rouanet) também não se deveria (pois é cruel e até desumano)fazer com que artistas emergentes (como é o meu caso) compitam com artistas profissionais, famosos em busca de patrocínio.

É evidente que as empresas, até para obterem visibilidade gratuita na mídia, irão preferir patrocinar artistas famosos – e os artistas emergente (não famosos) ficarão sem patrocínio, impossibilitados de viabilizarem seus belos projetos culturais, artísticos (o que, comumente, acontece em nosso país). Portanto, essa é (ao meu ver – e estou correto nesse meu raciocínio extremamente lógico) a grande falha da Lei Rouanet – portanto, proponho que, doravante, haja duas categorias de contemplação patrocinal: a) para artistas emergentes; b) para artistas profissionais (famosos) – sendo que, as empresas , para que não houvesse uma discriminação deliberada e uma predileção apenas por artistas famosos fossem obrigadas a patrocinar o projeto Cultural de um artista emergente cada vez que patrocinasse um artista famoso – o que, na prática, seria até benéfico para tal empresa pois iria abater um valor maior no Imposto de Renda.

Existe um ditado popular que diz: “peixe pequeno  não pode competir com peixe grande” – o que se aplica a esse caso: artistas emergentes não podem competir com artistas famosos. Uma das nefastas práticas do fascismo e do bolsonarismo é achar que todos estão em igualdade de condições na árdua luta pela sobrevivência mas a realidade demonstra que esse é um perverso engodo mal-intencionado: pobres não podem competir em igualdade de condições com ricos, negros não podem competir em igualdade de condições com brancos, mulheres não podem  competir em igualdade de condições com homens (até o salário das mulheres é menor do que o dos homens).

Similarmente, a Lei Rouanet não pode (e nem isso deveria ou deve ser permitido)colocar no mesmo lugar-comum , no mesmo “ringue” artistas emergentes (não famosos) e artista profissionais (famosos)pois isso é como aniquilar a ascensão de artistas emergentes pois muitos bons artistas emergentes em nosso país abandonaram a carreira artística por falta de patrocínio, por falta de apoio municipal, estadual e federal.

Ninguém nasce famoso (a não ser muitos  dos filhos dos artistas dos famosos que, precocemente, são expostos à mídia) – então é até um ato discriminatório permitir que a maioria dos patrocínios artísticos e culturais neste país seja destinada aos artistas famosos e o que afirmo pode até ser constatado através de números e estatísticas  – não tenho posse desses números mas se um estudo for feito vai corroborar o que afirmo: a maioria dos patrocínios (em quantidade e valor financeiro) para a área cultural e artística no Brasil foram destinados à artistas emergentes.

Portanto, que essa minha bela ideia seja implantada para que se corrija essa injustiça  e para que artistas emergentes não fiquem na beira do caminho com seus belos projetos artísticos engavetados por falta de patrocínio. Fernando Pessoa não publicou um livro sequer em vida, Van Gogh morreu pobre, abandonado e quantos artistas no Brasil já morreram ou irão morrer pobres e abandonados por falta de apoio cultural, financeiro?!Na prática a Lei Rouanet é para artistas ricos, famosos – pois as portas das grandes empresas abrem-se automaticamente para tais artistas enquanto os artistas pobres e emergentes não têm acesso às mesmas – essa é a triste realidade que precisa ser enxergada por todos e para provar o que digo que se faça um Estudo estatístico que vai constatar: a maioria das verbas da Lei Rouanet (em quantidade e valor)foram destinadas a artistas profissionais, famosos.

Aniquilar o sonho de um artista emergente é aniquilar o próprio futuro da arte pois a arte (assim como tudo na Natureza) precisa de uma renovação, precisa de novos talentos – ou será que não ser rico e famoso tornou-se um pecado em nosso país?

Heribaldo de Assis é escritor, filósofo, poeta, compositor, redator-publicitário, roteirista, Licenciado em Letras e autor do livro Redações Artísticas – a arte de escrever. E-mail: [email protected])