Lêem-se aqui e ali, nos últimos dias, sugestões veladas que apontam para uma conclusão: metade da República foi grampeada pela turma da Lava Jato – e a outra metade já estava nas mãos de Eduardo Cunha. Em uma nota na Folha, a repórter descreve as peripécias de uma prostituta que ostenta uma bancada de quatro deputados em sua carteira de clientes.

A mesma nota fala sobre meninos sarados e discretos que atendem figurões.

Paulo Henrique Amorim lembra que o vazamento de uma intenção de indiciamento de Lula só ocorreu porque a votação do impeachmente se aproxima no Senado – e no Supremo Tribunal Federal. Pelo que descreve, o vazamento é pra mostrar aos magistrados – e políticos – que todos estão nas mãos dos grampeadores. Mas o que se tem visto, aparente, são textos cifrados, que dizem escondendo o que se diz.

Uma pergunta do médico e escritor Henrique Bon, em um texto a respeito da tal nota da Folha, publicado em sua página no Facebook (e registado no Tijolaço), joga mais luzes sobre esse mistério:

"Se conhecemos a microponta do iceberg dos bastidores da alcova brasiliense, através de uma reportagem de fofocas que não ultrapassa meia dúzia de parágrafos, que poder incomensurável não exercerá Eduardo Cunha, enquanto óbvio detentor de muito mais informações cabeludas – e de toda ordem – sobre cada um de seus pares, incluídos aqui juristas e demais cabeças coroadas?"

Está dito, embora não dito: Cunha tem dossiês e sabe quem tem amantes, quem se relaciona com garotas e garotos de programa, suas preferências sexuais – às vezes pouco ortodoxas, como sugere a nota da Folha. E simplesmente usa essas informações para se safar e ferrar os adversários.

Pra completar esse raciocínio, outra postagem de Bon: “Só para registro: Há 158 dias dormita no Supremo o pedido de julgamento do presidente da Câmara Eduardo Cunha.”