Adylson Machado

Adylson MachadoDe Política, Pesquisa e Literatura, de 05 de outubro (agenorgasparetto.zip.net): “hoje, Bassuma, candidato do PV na Bahia, já disse que apoiará, por razões pessoais, José Serra”.  O que engrossaria o rol de preocupações da candidatura Dilma Roussef na conquista de apoios em nível do Partido Verde para assegurar os 4% de que precisa para fechar o returno da presidencial.

No plano pessoal não tiramos as razões de Bassuma em não seguir o PT. A propósito, escrevemos em sua defesa (ver “Bassuma punido – olhar sobre a decisão do PT”, Pimenta na Muqueca, de 18 set 2009) quando levado pela estúpida postura e arrogância partidária a se afastar da sigla onde sempre militara.

Reconheça-se que o desligamento do PT não se deu por aspectos programáticos de setores petistas, mas pela tentativa de cerceamento às convicções do baiano, cristão espírita, contrário à liberação do abortamento. Se houvesse de ser pela postura das diretrizes partidárias, não teria ingressado no Partido Verde que defende, entre outras coisas, não só o polêmico “aborto”, como o casamento gay e a descriminalização da maconha.

Entretanto, cumpre-nos cobrar de Bassuma – e os que imaginamos a ele semelhantes – o político coerente, no que diga respeito ao futuro do País, cuja discussão passa por reconhecer os avanços no modelo econômico de gestão da coisa pública efetivados pelo PT e Lula.

O momento do político Bassuma é circunstancial e, certamente, presume-se, não fez mudar suas convicções, adquiridas no curso da existência. Apoiar José Serra, no entanto, contribuirá para o que idealisticamente negou, contrariando o que defendeu durante sua vida.

O Partido Verde (nisso que chamamos de balaio de gatos), como partido político, não é um paradigma de mudança diante dos postulados ansiados pelo povo, haja vista a dimensão de suas alianças pontuais. Nada contra elas, opções internas, mas que nele se reconheça a mesma postura fisiológico-partidária que tem norteado a política nacional. Nesse liame, igual aos outros.

No entanto, custa crer que pensares, que se encontram mais próximas dos avanços alcançados pelo governo atual, alguns que podem ser consideradas como políticas de Estado – como o controle do pré-sal e a aplicação dos seus recursos (em torno de 10 TRILHÕES de reais), pelo sistema de partilha, para atender saúde, educação, infraestrutura e pesquisa científica nas próximas décadas, diferentemente da proposta neoliberal, defendida pelo PSDB-DEM de entrega das riquezas à iniciativa privada pelo sistema de concessão, onde caberia ao País reduzida participação através da arrecadação tributária – venham, em defesa do passado e de suas consciências, a optar por um projeto nefando e nefasto aos interesses nacionais mais imediatos.

Bassuma não está adstrito aos humores figadais quando se puser diante do altar da consciência escolhendo dentro do que sempre defendeu como melhor para o País. Antes de tudo tem compromisso com o futuro e as futuras gerações.

A não ser que algum ente, oriundo de outro plano, afirme que o PSDB-DEM, e seu acólito José Serra, tornaram-se com sua práxis a redenção para o Brasil.

Caso isso aconteça, explique, convença o eleitorado e os que, particularmente, sempre o admiraram.

Mais lúcida Marina Silva (ainda que aguarde a definição do PV em relação ao segundo turno) ao afirmar: “Pela minha tradição eu seria favorável a apoiar o PT” – http://www.jb.com.br/eleicoes-2010/noticias/2010/10/14/marina-pela-minha-tradicao-eu-seria-favoravel-a-apoiar-o-pt/

E não seria proselitismo afirmar que, antes de tudo, não se trataria de “tradição”, mas de coerência com um projeto de vida, amparado na utopia de um mundo melhor. Que, ainda com percalços, tem sido assumido pelo Governo de Luís Inácio Lula da Silva. E como política de governo traduz programas do Partido dos Trabalhadores.

A isso Bassuma será chamado a explicar à sua consciência!

Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de “Amendoeiras de outono” e ” O ABC do Cabôco”, editados pela Via Litterarum