O Hospital Manoel Novaes, mantido pela Santa Casa de Misericórdia de Itabuna, está em novo aperto. Mais uma vez, por falta de cumprimento de acordo firmado com o Município. Agora, segundo um comunicado da instituição, o serviço de Obstetrícia está em “grave crise”, o que coloca “em risco a continuidade do atendimento às pacientes usuárias do Sistema Único de Saúde”.

Em saúde pública, em Itabuna especialmente, quando se fala em “crise”, fala-se em crise de financiamento. Não é diferente dessa vez. O caso remonta a 1º de agosto de 2019, quando foi convencionado com a Secretaria de Saúde do Município de Itabuna, que o Hospital Manoel Novaes continuaria atuando na área de obstetrícia em regime de “portas reguladas”, com dedicação às pacientes de alto risco.

Naquela oportunidade ficou estabelecido que as gestantes classificadas como de baixo risco seriam atendidas por outra unidade de saúde, no caso a Maternidade Ester Gomes. Segundo a Santa Casa, porém, o que foi acordado não foi cumprido de forma correta.

Explica-se: embora esteja recebendo exclusivamente para atender as parturientes de alto risco, o Hospital Manoel Novaes vem recebendo diuturnamente um elevado número de pacientes classificadas como de risco habitual (baixo risco).

Ou seja, a equipe montada para receber apenas as pacientes reguladas e classificadas como de alto risco, está se desdobrando para atender a uma demanda muito maior, como se fosse uma unidade “portas abertas” – quando em verdade a unidade é de “portas reguladas”, conforme aquele acordo firmado em agosto de 2019.

Além da maior quantidade, o financiamento do SUS para partos de risco baixo é bem menor – embora a equipe de plantonistas tivesse sido dimensionada para trabalhos de alto risco, a maior demanda também tumultua o fluxo de atendimentos.

Após o acordo de agosto, em setembro daquele mesmo ano, foi celebrado um contrato provisório com o município, com presença do prefeito Fernando Gomes, e do provedor da SCMI, Erick Ettinger Jr, e mediado pelo Ministério Público.

Por esse contrato, o Hospital Manoel Novaes atenderia apenas os casos de alto risco e mais a demanda espontânea de pacientes oriundos dos municípios de Santa Cruz da Vitória, Buerarema, Almadina, São José da Vitória, Itapé, Maraú e Firmino Alves, que não têm unidade hospitalar. Como informa a Santa Casa, nada disso aconteceu e o atendimento estrangulou novamente.

Agora, é aguardar o desenrolar de mais essa crise, num momento em que se avizinham ameaças de epidemias de dengue e, pra piorar, também do coronavírus.