Está programada a vinda do secretário do Meio-Ambiente, Eugênio Spengler, ao sul da Bahia na próxima sexta-feira (22). Na bagagem, um documento que será o fim de um ciclo e o início de uma revolução para a região: a primeira Autorização de Manejo da Cabruca – AMC. Essa outorga será dada à Fazenda Cordialidade, onde a Ceplac desenvolve o projeto-piloto da Conservação Produtiva, no município de Barro Preto.

Essa AMC autoriza o manejo de árvores nativas que ocorrem no meio da plantação de cacau – na verdade elas estão ali desde antes da chegada do plantio de cacau, como em qualquer cultura, mas aqui foram preservadas. Esse manejo será autorizado em caso de necessidade de adequação de sombra para o cacau, e o replantio deve ser feito na razão de três para uma. A cada árvore que se necessite retirar, o produtor será obrigado a plantar outras três.

Todas as árvores do projeto são identificadas por um chip. As nativas e as replantadas. Assim também será em todas as roças da região, o que já está começando a ser feito. Todo o acervo de árvores da cabruca será monitorado, via satélite, pelo governo do Estado, através da Sema.

Foi esse o projeto apresentado pela Ceplac, em 2012, na Conferência Mundial Rio+20. Uma forma revolucionária, que garante a conservação e multiplicação das essências nativas da Mata Atlântica, ao tempo em que permite que o produtor possa dispor da madeira de árvores que estejam no ambiente produtivo – com o compromisso do plantio compensatório.

Isso vai gerar uma renda extra ao produtor. Madeira de lei, certificada, sustentável, vai aquecer o mercado de movelaria, permitir restauração de equipamentos nas próprias fazendas e até exportação. Para o ex-superintendente da Ceplac, Juvenal Maynart, que levou o projeto à Rio+20, esse é um avanço no sentido de recuperar não apenas a capacidade de gestão dos negócios no meio rural, mas a autoestima de toda a região.

"Exeperimentaremos um novo ciclo de desenvolvimento na região. Por tudo o que estamos dizendo nos últimos quatro anos e pela possibilidade de recuperação do crédito agrícola para o cacau. Vai ser recriado um leque de ativos, que servirão para garantia em operações bancárias e, mais do que isso, será possivel criar uma política de crédito específica para o cacau na cabruca. Porque o Estado reconhece cada árvore como um bem da humanidade, mas agora passível de manejo, seguindo os trâmites descritos na AMC", observa.

Há ainda diversos outros ganhos para o produtor, como a possibilidade de venda de serviços ambientais, sequestro de carbono e outros. "Um mundo se abre. Insistimos desde a Rio+20, que entre as premissas para uma agricultura sustentável no mundo, registrou em seu documento final a cacauicultura no sistema cabruca, o nosso, como modelo de sustentabilidade (clique para ler). Para que o ciclo fosse completado, a sustentabilidade econômica precisava dar respostas. O que acontecerá a partir de agora".