Por Maria Reis Gonçalves

Essa semana ouvi, mais uma vez, esse ditado popular e fiquei pensando como é incrível que uma única frase, que a principio não faz muito sentido, termina por mostrar a real intenção do seu significado. Bem, devo confessar que nunca fui ao inferno, esse que falam, que tem fogo e enxofre, portanto não sei se ele está realmente cheio dos bem intencionados. (Graças a Deus).
Porém, na minha concepção, o que o ditado nos fala a grosso modo é que existe muita gente que nos dá conselhos, que só pioram a nossa situação; neste caso, não basta aceitarmos as boas intenções, devemos analisar o fato para sabermos se precisamos ou não assimilar o que nos foi aconselhado.

No entanto, existem pessoas que chegam e interferem, sem nem entenderem o que realmente está acontecendo naquele exato momento e, se contestarmos apontando o erro, a primeira desculpa do sujeito é: -“eu só queria ajudar!”, e se mostra todo ofendido. Só que a pessoa não ajuda e ainda interfere.

Mesmo observando boas intenções por parte da pessoa, não devemos esquecer que somos nós que estamos vivenciando a situação, e que temos a nossa própria escolha, de aceitar ou não o tal conselho, vendo se o mesmo acrescenta alguma coisa ou se, ao contrário, pode inclusive piorar todo o quadro, complicando ainda mais

Não adianta ter boas intenções, se você não estiver fazendo a coisa certa. Vou dar um exemplo corriqueiro: “Um dos filhos chega com um trabalho da escola, você quer ajudar, mas não compreende completamente o assunto que ele está estudando. Apesar da sua boa intenção, se você não for franca com o seu filho, você poderá passar informações equivocadas do assunto, que terminarão confundindo a resposta, atrapalhando o desempenho do aluno, fazendo com que ele tire nota ruim. Sua intenção foi boa, mas você sabia que o assunto não era sua praia, terminou prejudicando mais do que ajudando.

Outra situação clássica é: você falando do seu problema e a sua amiga já sabe o que tem que ser feito, e começa a dar conselhos que acha ótimo e você precisa seguir. No entanto, devemos ter todo o cuidado, pois, nem sempre esses conselhos assertivos são valiosos para quem está vivendo o problema. Se a pessoa não tiver um parco conhecimento sobre o assunto e principalmente o bom senso, a opinião vai atrapalhar mais do que ajudar, e termina por fazer um estrago bem maior.

Portanto, não basta ter boas intenções, querer ajudar o outro, dar conselhos e ansiar em direcionar a pessoa para o caminho que acha certo. É imprescindível que tenha conhecimento sobre o assunto, domine a solução e dar os conselhos de maneira correta. Pois, como diz o ditado popular: De boas intenções o inferno está cheio!

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Maria Reis Gonçalves é psicóloga