Walmir Rosário | [email protected]

walmirÉ chegado o fim de ano, e nesta época, costumeiramente, sempre fazemos uma reflexão sobre os trezentos e tantos dias passados. Reflexão sempre é benéfica, pois analisamos a vida completa, os erros e acertos, as perdas e ganhos. Mas a simples análise, por si só, não vale nada caso não procuremos mudar nos quesitos erros e perdas.

Pois é. Com base nessa premissa, faço minhas reflexões, sobretudo pelos recados que me mandam, seja pessoalmente ou através de e-mails e comentários no CIA DA NOTÍCIA ou outros sites que publicam nossos artigos. Ultimamente, alguns têm me dado conselhos, notadamente quando o assunto é Prefeitura de Itabuna, ou melhor, a atual administração.

Em outra direção, também ouço que não devo parar com meus comentários nos artigos acerca da situação de Itabuna – péssima por sinal –, sem qualquer tendência de dar uma guinada e melhorar. Essas pessoas acreditam que estou prestando um serviço à sociedade e que tenho coragem suficiente para emitir juízo de valor sobre os acontecimentos políticos.

Alguns veem em mim – segundo dizem – um fiscal da sociedade, diante das denúncias que temos feito ao longo do tempo. Mas não são todos, pelo contrário, outros fazem coro acentuando minha condição de ingrato, que “cospe no prato em que comeu”, dada a minha condição de ex-secretário de Assuntos Governamentais e Comunicação Social do atual governo.

É muita coisa para refletir e é preciso muito cuidado para não tomar um caminho contrário aos meus princípios ou continuar praticando – se é que assim o faço – perversidade, falseando a verdade e atentando contra a moral de pessoas. Não tenho essa índole, garanto-lhes, embora não possa negar que possuo o sentimento de indignação, principalmente diante de fatos que não dignificam a vida pública.

Talvez por isso continue exercendo a difícil profissão de jornalista, com erros e acertos, é verdade, mas nunca praticando a injustiça. Posso ter cometido algumas no decorrer de minha vida, embora de forma inconsciente. Porém, mesmo fora do jornalismo, trabalhei na mesma Prefeitura de Itabuna no cargo de procurador-jurídico, exercendo meu mister com dignidade.

Apesar de acreditar e considerar essencial a hierarquia, na prefeitura ou em outro órgão público, não considero ter patrão e sim chefe, superior imediato. Também é bom esclarecer que nunca exerci cargos apenas para me aproveitar e gozar de bons salários – ou vencimentos – sem dar minha contrapartida.

Minha conduta é essa e, quando avalio que daquele momento para frente não terei a condição de realizar um bom trabalho, seja por qual motivo, me despeço. Faço e farei isso em cargos comissionados ou do quadro permanente, desprezando estabilidade ou vantagens financeiras. Assim tenho pautado minha vida, em todos os locais onde trabalhei.

Digo isso tudo – não como verborragia – para afirmar que continuarei a minha carreira como jornalista – ou advogado, junto ou concomitantemente – com todas as prerrogativas ou características de indignação. Aos que perguntam por qual motivo não fazia as críticas ao Capitão Azevedo antes, respondo: fazia, sim, só que em outro ambiente, na tentativa de ser ouvido e mudar os rumos do governo, e disso nunca abri mão.

Mas fui impotente, tanto assim que, como se diz na gíria, “pedi meu boné e caí fora”. Só que com a mesma dignidade que entrei. Porém, para grande parte das pessoas que não acompanharam, pari passu, a luta diária que eu e outros colegas empreendíamos, é difícil entender.

Mas isso é passado, e como jornalista não poderia me dar ao direito de fechar os olhos para os acontecimentos. Pelo contrário, tenho que narrar os fatos, comentar as situações, informar à sociedade. É assim que funciona. Não estou sendo antiético, apenas “mudei de lado do balcão”, deixando de militar numa assessoria para estar na linha de frente de um ou mais veículos de comunicação. Assim como o prefeito diz que existem bons e maus jornalistas, nós também dizemos o mesmo: “existem bons e maus prefeitos”. Até aí, nada de mais.

Apesar das minhas constantes críticas, procuro não escrever mentiras, apurar as notícias, não ridicularizar pessoas, mas contar toda a verdade, doa em quem doer. O homem público, para chegar ao cargo que pretendeu, traçou metas, garantiu ao povo o que faria, quais as suas prioridades, qual a sua forma de agir. Caso não cumpra o prometido, cumpre à sociedade cobrar dos dirigentes as promessas feitas.

Ora, se à Polícia, ao Ministério Público, cabe investigar os desvios – de conduta ou de recursos – dos governantes e entregar à Justiça para julgá-los, por que não deve o jornalista a cumprir seu papel de informar à sociedade? Não podemos nos esquecer que todos os órgãos aqui citados são importantes instrumentos de controle social, principalmente com a tecnologia hoje existente.

Para encerrar, gostaria de lembrar um velho ditado: “quem não deve, não teme”. Elogios fáceis somente são feitos por aqueles que têm o que pedir em troca. Seja qual for o tipo de pagamento. O meu, continuo querendo em forma de respeito.

Feliz Natal, Capitão Azevedo, espero que sua conduta mude e eu possa abordar outros assuntos, sobretudo os que seriam benéficos à sociedade itabunense. No mais, que seus admiradores também aprendam essa lição.

Walmir Rosário é jornalista, advogado e editor do www.ciadanoticia.com.br