O município de Itabuna registrou, na quinta-feira (29), 192 casos de Covid-19. Ficou a um caso da vizinha Ilhéus, que não informou nenhum caso registrado no município na mesma data, mantendo, portanto, os 193 declarados no dia anterior.

O fenômeno caso zero, de Ilhéus, chamou a atenção, uma vez que o município sempre liderou o número de registros no sul da Bahia, e vinha mantendo uma taxa de infecção (divulgação) de 20 casos por dia, média também registrada por Itabuna.

O governador Rui Costa vinha alertando para a possibilidade de decretar confinamento total nas duas cidades, se os números não baixassem até o domingo (26). Os números não chegaram a baixar – pelo contrário – entre a sexta-feira (24), quando Rui ameaçou o lockdown, e a terça-feira (28), mas o governador comemorou que a curva de contaminação nas duas cidades estava se igualando ao resto da Bahia, o que motivou o descarte de medidas mais drásticas.

A notícia do caso zero em Ilhéus veio, também, no mesmo dia em que o governador falou em acionar as forças armadas para fazer cumprir as determinações de distanciamento social – o famoso acabar com as aglomerações. A medida valeria para Itabuna e também para Ilhéus.

Números

Em uma pandemia, ninguém consegue manter, realmente, os números divulgados fiéis à realidade dos casos. Os números oficiais tendem, em todo o mundo, a serem menores do que a quantidade real de infectados. É a chamada subnotificação. Na China, os números de infectados e mortos foram corrigidos durante a pandemia, quando as autoridades mudaram os protocolos de notificação, e mesmo depois, quando o país passou por uma revisão nos dados.

No Brasil, essa subnotificação ocorre, em muitos casos, pela dificuldade de realizar os testes em todos os pacientes que apresentam sintomas compatíveis com a Covid-19. Entre os que morrem após um quadro de síndrome respiratória aguda grave certamente há muitos que estavam com a Covid-19 mas não foram testados nem nunca serão, provavelmente.

Além disso, a dificuldade para comprar os testes mais adequados, a velocidade cm que a doença evolui, a falta de informações da população – muitos tem a doença, não apresentam os sintomas mais graves, e sequer procuram o serviço de saúde – que mantém invisíveis casos de cura fora do sistema de saúde. Há, também, o medo de sofrer preconceito ou reprovação social.

Ainda não se tem notícias de autoridades escondendo dados. A Covid-19 é uma doença de notificação compulsória, e escondê-la dos registros oficiais pode acarretar responsabilização criminal futura aos gestores.