O ex-presidente da Câmara Municipal de Itabuna, Clóvis Loiola, está chamando para si a condição de homem-bomba do esquema Loiolagate, papel que estava sendo exercido por outro suspeito, o ex-vereador e ex-chefe do setor de Recursos Humanos da Câmara, Kléber Ferreira, que é apontado como suposto líder do esquema que desembocou nesse rumoroso caso.

Loiola começou a montar seu discurso ainda em 2010, quando estourou o escândalo, e foi orientado pelo guru Carlos Burgos. Disse, à época, que nada sabia do escândalo porque nada sabia de política. “Fui manipulado, induzido a assinar coisas, porque sou iletrado”, eis a essência do que disse à imprensa naquele ano.

O discurso não mudou, e agora acrescenta ainda a perseguição sócio-etnicorracial. “Querem me acusar porque sou pobre, sou negro e vivo na periferia”, disse, em depoimento à TV Cabrália (veja no vídeo abaixo).

Entre uma queixa de perseguição e uma alegação de inocência política, Loiola dá alguns nomes – ou indica seus cargos, o que dá no mesmo – como sendo os dos verdadeiros responsáveis pelo escândalo de sua gestão. Uma hora ele fala no “primeiro-secretário”, depois pincela com o “segundo-secretário”, cita o “chefe das licitações” e até se refere ao “setor jurídico”. E arremata: “eu só fazia assinar”.

Ora, Loiola não é pobre, mora na periferia por opção política – sua casa é uma mansão entre outras muito mais simples, como pode ser visto no vídeo – e, se brincar, seus olhos verdes até lhe traem o discurso da negritude de conveniência. Outras – muitas – coisas estão por trás dessas suas falas aparentemente desconexas.

Sem mais delongas: novamente bem orientado, Loiola está criando as condições para se apresentar como um informante privilegiado e, assim, conseguir o benefício da delação premiada, em acordo com o Ministério Público e a Polícia Federal. O alvo ainda é o vereador Roberto de Souza que, por coincidência, é o “primeiro-secretário” a quem ele tanto se refere em suas entrevistas.

Confira: