Não se sabe bem o que passa pela cabeça de um presidente do Legislativo, poder constituído e independente em qualquer democracia, para aceitar imposições e negociatas propostas pelo Executivo. Depois de decretar o fim do primeiro período legislativo de 2010, mandar fechar a casa para o recesso de meio de ano, inclusive suspendendo todas as funções administrativas a partir dessa terça-feira, o presidente Clóvis Loiola, voltou atrás e abriu a Casa de M… do Povo, que é  Câmara de Itabuna.

Ele foi aconselhado pelo Governo a rasgar o regimento intermo e votar um projeto de suplementação orçamentária sem a convocação oficial dos parlamentares, que deveria cumprir um rito de cinco dias, com notificação de cada um. E Loiola aprovou – a ideia de Azevedo e o projeto de suplementação orçamentária que concede 60% a mais do que o governo já tinha para gastar esse ano.

Mas, não é só isso. O tal projeto estava em análise pelo setor jurídico da Câmara, seguindo ordem do próprio Loiola, que assinou portaria encaminhando o texto ao crivo daquele setor. Pior, ainda: não existia projeto para ser lido hoje – foi providenciada uma cópia, para que os vereadores fiéis a Azevdo pudessem se apegar na hora do "sim".

Nove vereadores foram encontrados em Itabuna para cumprir a missão, os oito da situação e um "independente". Os oito são eles mesmos: Loiola, Rose Castro, Ruy Machado, Milton Cerqueira, Milton Gramacho, Didi do INSS, Raimundo Pólvora, Doutor Gérson e Solon Pinheiro. O independente foi Ricardo Bacelar, que embora tenha votado contra os 60%, segundo as primeiras informações sugeriu 40% e acabou por legitimar a bagunça, ao comparecer a uma votação ilegal, do ponto de vista do Regimento Interno.

Agora é esperar pela reação da turma da oposição. Mas, por enquanto, pode-se dizer que o exemplo da presidência da Mesa Diretora foi uma vergonha para o Legislativo, que arrota independência a cada sessão, mas que se curva ante oprimeiro esporro de um prefeito que também já demonstra não conhecer bem os limites do jogo democrático.

Em tempo: o orçamento desse ano é de R$ 280 milhões. E os vereadores estão dando a Azevedo mais  R$ 168 milhões.