Por Maria Reis Gonçalves

Todos nós gostamos de carnavais, principalmente das antigas musicas que contavam a vida e o cotidiano de quem mora na cidade, principalmente em relação às pessoas pobres, moradoras das periferias e favelas. Nos dias atuais as músicas apresentam outra conotação, com apelos sexuais e libertinos, são bem diferentes das antigas modinhas que abrilhantavam os salões e trios elétricos. Todos sabem que a história do Carnaval data da antiguidade. E é festejada em muitos países, no entanto o Brasil é considerado o País do Carnaval, pela beleza das escolas de samba do Rio de Janeiro e os carnavais de rua de Olinda e Salvador.

No entanto, com o advento pandêmico que assola o mundo, na virada do ano de 2021 para 2022, todos perguntavam se teríamos o carnaval, e a indagação maior era se o Brasil estava realmente preparado para suportar uma festa de carnaval, sem que os festejos momescos comprometessem a queda visível da taxa de mortes pela Covid19, divulgados pelos órgãos competentes. Os governantes entenderam que não! Mesmo com a maioria da população vacinada, alguns com três doses da vacina, e com a baixa mortalidade provocada pelo vírus, podemos notar que a contaminação da doença continua em alta. Nesse contexto, os governantes dos estados que possuem tradições em festejos, resolveram pelo segundo ano consecutivo, suspender o carnaval.

Relendo alguns artigos, descobri em alguns registros históricos que, há mais de 100 anos, logo que amenizou o foco da pandemia de gripe espanhola, no carnaval de 1919, a cidade do Rio de Janeiro realizou o maior da história do Brasil, com quase três meses de festa. Porém, em relação a essa nova pandemia do Covid19, todos os estudiosos do assunto, são unânimes em afirmar que ainda é muito cedo para a realização de uma festa tão popular e que aglomera milhões de pessoas, mesmo com todos os avanços das campanhas de vacinação nos estados carnavalescos.

Em entrevista a rádio Jovem Pan, o economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas, nos alerta que o cancelamento do Carnaval, pode promover perda de ganhos monetários, tendo em vista que muitas pessoas trabalham com o carnaval, desde os artistas que cantam nas festas e trios, às pessoas que trabalham confeccionando fantasias, citando ainda, o turismo que cai drasticamente, com o cancelamento. No entanto, ele pondera, quando fala que a realização dos festejos de carnaval poderia acarretar perdas de vidas, o que não vale a pena, mesmo com todas as perdas econômicas, a vida vale muito mais.

Mais um ano que passa em branco, sem a nossa tradicional festa, no entanto essa ausência só faz aumentar a nossa saudade das escolas de samba, dos blocos, dos trios elétricos, dos festejos nas ruas e avenidas. O que precisamos é pedir a Deus, que no próximo ano todos nós, que gostamos de carnaval, possamos assistir ao maior da história, como o de 1919, depois da pandemia de gripe espanhola, transformando assim, no maior carnaval do nosso século. E, por enquanto, aproveitarmos o feriado e cuidarmos da nossa saúde, dos nossos familiares e, se sairmos, termos o cuidado necessário para nos protegermos. Um feliz carnaval, para todos, em casa ou no local de descanso que você escolher!

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Maria Reis Gonçalves é psicóloga.