Por Arnold Coelho

Enquanto a humanidade discute o sentido da vida, é necessário questionar o sentido da morte. Sempre me perguntei: por que morremos? Afinal, no plano religioso cristão o projeto da criação da raça humana foi ‘pensado’ para uma provável ‘vida eterna’. Eu, pessoalmente, acho isso um tanto utópico.

Hoje, sendo um homem de meia idade, o tempo me fez perceber que para o projeto da ‘vida eterna’ dar certo – em um provável paraíso – seria necessário um rigoroso controle da natalidade e um amplo trabalho de conscientização e preservação do nosso ‘paraíso’, afinal só temos a terra para viver, e dependemos dela para produzir alimentos necessários para cerca de 8 bilhões de pessoas.

Não sei se o homem está preparado para viver eternamente. Acho que estamos evoluindo a ‘passos de tartaruga’ e temos um longo caminho a percorrer. Precisamos aprender a amar o próximo, cuidar da nossa casa (o planeta terra) e valorizar nossas verdadeiras riquezas: as reservas hídricas, nossa natureza (fauna e flora), nossa ‘mãe terra’, que precisa estar fértil para produzir alimentos.

Outro ponto que a raça humana precisa evoluir muito é com relação a poluição dos elementos, água, ar e terra. O homem tem produzido muito lixo tóxico e eletrônico e grande parte é descartado em países pobres do continente africano, que está virando um grande ‘lixão’. Até quando o planeta vai suportar tanto lixo?

Pensando na ‘vida eterna’ eu fico a imaginar: se ao invés da eternidade, o homem vivesse (um pouco mais) entre 150 e 200 anos. O que seria do mundo hoje com ‘personas non gratas’ como Hitler, Mussolini, Stalin, Mao Tsé-Tung, Pinochet, Idi Amin e tantos outros ditadores, vivos e no poder? Como estaria a humanidade?

Por isso acho que o ‘projeto’ da raça humana está fadado ao fracasso, e a morte termina sendo o resultado dos nossos repetidos e incorrigíveis erros. Vejo que infelizmente (por mais triste que seja) é preciso morrer para equilibrar. O fato é que a morte iguala (nivela) todos: ricos, pobres, pretos, brancos, bonitos, feios, altos, baixos, gordos, magros, enfim, todos ficam iguais diante ‘dela’.

Só não consigo aceitar a morte prematura, de bebês, crianças e jovens adultos. Acho que viver tem que ter um prazo (longo) de validade, pois a vida só vale a pena quando estamos bem, com as faculdades mentais em dia e governando nossas ações e atos. Quando chegamos em um estágio de estrema velhice ou vegetativo, é porque chegou a hora de partir e deixar o ‘lugar’ para outro.

Portanto, se a morte é a única certeza, então vamos viver a vida plenamente.

Arnold Coelho é designer gráfico, diagramador, jJornalista- MTB 0006446/BA