O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (Sinjorba) emitiu nota de repúdio pela prisão de dois jornalistas da revista Veja, que vieram à Bahia para apurar o caso do ex-capitão Adriano da Nóbrega, acusado de chefiar a Milícia Escritório do Crime. O miliciano foi morto no domingo passado, em confronto com a Polícia Militar na cidade de Esplanada.

Os jornalista Hugo Marques e Cristiano Mariz foram abordados por policiais militares e levados para a delegacia.

Confira, na íntegra, a nota do Sinjorba:

“O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (Sinjorba) manifesta veemente repúdio pela prisão, nesta sexta (14), de dois jornalistas que apuravam as circunstâncias da morte do ex-capitão Adriano da Nóbrega, acusado de ser chefe da Milícia Escritório do Crime, após “confronto” com a Polícia Militar da Bahia, em Esplanada (BA), domingo passado.

Os dois jornalistas da revista Veja, Hugo Marques e Cristiano Mariz, estavam em pleno e livre exercício profissional e se identificaram quando abordados pela viatura da PM-BA. Mesmo assim, foram conduzidos a uma delegacia e tiveram o gravador de trabalho inspecionado, antes de sua devolução, em claro sinal de intimidação a consecução de suas tarefas. 

A Constituição do Brasil garante a liberdade no trabalho da imprensa, preceito magno que vem sendo atropelado pelas autoridades de Segurança Pública. Vivemos um quadro de clara intimidação a quem tenta cumprir o papel social do jornalismo: informar os fatos, de forma transparente e responsável, aos cidadãos brasileiros.

Uma morte cujas circunstâncias e motivações são cercadas de dúvidas impõe que o trabalho da imprensa seja livre de sanções, para um melhor acompanhamento das investigações e divulgação dos fatos. O ocorrido com os dois jornalistas da Veja só ajuda a alimentar as suspeitas de que há mais a se informar do que foi até agora revelado. 

O Sinjorba exige do Governo do Estado uma retratação e, sobretudo, uma mudança de postura dos agentes policiais para que cessem os abusos contra o trabalho da imprensa na Bahia”.

Outro lado

A Secretaria de Comunicação Social do Estado da Bahia (Secom) também se manifestou sobre o assunto. De acordo com a Secom, ação da Polícia Militar (PMBA) não teve a intenção de impedir o livre exercício da profissão jornalística. “Vale ressaltar que os jornalistas não foram detidos. A defesa incansável da liberdade de imprensa é prerrogativa inviolável e nossa prática diária”, disse a nota do governo.