A Festa Literária da Região Cacaueira estreou em grande estilo, nesta quinta-feira (27), no Centro de Cultura Adonias Filho, em Itabuna. Coube aos estudantes o primeiro ato da Flicacau, com o lançamento do livro Pequenos Autores Grapiúnas: Quem Conta um Conto, Aumenta Encontros, coletânea de textos de alunos da rede municipal de ensino.
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O protagonismo estudantil continuou com a apresentação da Banda Marcial Território, Educação e Cultura, do Complexo Integrado de Educação Básica, Profissional e Tecnológico (Ciebtec). Depois, o espetáculo Cabruca levou o público em cortejo até o palco principal da Festa, o Espaço Jorge Amado, que abrigou a abertura oficial do evento.
No pronunciamento, o prefeito Augusto Castro (PSD) agradeceu ao Governo do Estado e à organização da Flicacau pela parceria que devolveu Itabuna ao circuito das festas literárias, após um hiato de nove anos sem eventos desse tipo na cidade.
Chefe de Gabinete da Fundação Pedro Calmon, vinculada à Secretaria da Cultura do Estado, Caruso Costa ressaltou o impacto do Edital Bahia Literária como política de fomento cultural. “Hoje, a Bahia é o estado que mais investe em feiras literárias no País”, afirmou, acrescentando que, nesta edição do edital, o estado investiu R$ 22 milhões em 81 festas literárias em todos os 27 territórios de identidade baianos. “Isso torna a Bahia o estado literário do Brasil”.
A professora Adélia Pinheiro, assessora especial e representante do governador Jerônimo Rodrigues no evento, disse que a Flicacau é como um ninho-abrigo para um conjunto de vivências, linguagens e oportunidades. “Uma feira literária é sempre uma oportunidade para o nosso povo – e é de oportunidade que nós fazemos, no presente, o futuro de cada um”.
UM MUNDO NOVO DIANTE DOS SINAIS DA MÃE TERRA
Na roda de conversa A Mãe Terra não para de dar sinais, o músico e poeta Arnaldo Antunes, o escritor e professor Jorge Araújo e o jornalista e escritor Daniel Thame bateram um papo profundo sobre o papel das artes e suas linguagens num mundo assolado por crises – ambiental, política, econômica, social – e por protótipos de ditadores.
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Para o trio, as artes são aliadas da imaginação de outros mundos possíveis. “A poesia, a arte e a literatura não mudam o mundo praticamente, mas mudam a consciência, a sensibilidade de cada pessoa. E essas pessoas vão fazer a diferença com cada pequeno gesto, com cada pequena atitude, inclusive para compor uma energia que possa trazer transformações reais”, disse Arnaldo.
“[Para essas transformações], falta consciência planetária, falta às pessoas deixarem de se ver separadas da natureza. O que podemos fazer pela natureza? Não, somos parte da natureza. O que podemos fazer por nós, enquanto parte da natureza? Isso é uma coisa que os povos indígenas têm muito a nos ensinar”, acrescentou.
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Jorge Araújo constatou – e criticou – a onipresença da forma mercadoria. “Vivemos um processo de mercantilização das atividades humanas em que tudo se transforma em dinheiro. Dinheiro não tem cheiro, não tem cor, mas tem origem e destino. A produção e o consumo se resolvem na prática de outras atividades que levam a outros consumos e outras defecções do espírito”.
A literatura, segundo ele, provém ao ser humano a sensibilidade para desvelar o que é encoberto pelo embotamento da cotidianidade. “O mundo é antigo, e antiga é a alma humana. E a alma humana, muitas vezes, não encontra respostas porque o seu olhar está nublado por esses compromissos que a realidade imediata sugere a ele o tempo todo”.
Num contraponto a uma educação focada na riqueza material e no egoísmo acentuado, emendou, “a literatura desperta o espírito para que possamos reconhecer e identificar os nossos próprios problemas e partir para a solução deles através de uma mudança de comportamento, de uma mudança de olhar, de uma mudança que altere profundamente a nossa atividade comum, a nossa atividade do dia a dia”.
QUEM FAZ
Com o tema Verde que te quero livro: contando a história da mata que nos sustenta, a Festa Literária da Região Cacaueira também é um espaço de colaboração com os coletivos e editoras independentes que fazem a literatura produzida na Bahia viajar Brasil afora: Editora Tertúlias, Editora Teatro Popular de Ilhéus, Editora Via Litterarum, Vixe Bahia Literária e Editora Mondrongo.
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Na quinta-feira (27), além do público em geral, o Centro de Cultura Adonias Filho recebeu estudantes das escolas municipais Flávio Simões Costa; Luiz Vianna; Tereza Cristina Ribeiro Estrela; Milton Rodolfo de Souza Machado; Caic Jorge Amado; Professor Everaldo Cardoso; e João Mangabinha Filho.
A Festa firmou parceria com a Associação de Agentes Ambientais e Catadores de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis de Itabuna (AACRRI), que presta serviço de coleta seletiva ao evento.
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A Flicacau tem patrocínio do Governo do Estado. É contemplada também pelo Projeto Bahia Literária, iniciativa da Fundação Pedro Calmon (FPC), unidade vinculada à Secretaria de Cultura (SecultBA), e da Secretaria Estadual de Educação (SEC). Conta com o apoio da Prefeitura de Itabuna, por meio da Secretaria Municipal da Educação (SEDUC) e da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (FICC). A realização é da Seneh Comunicação & Projetos.





