Após quatro anos do fim do lixão em Itabuna, vidas transformadas pelo trabalho digno e pela educação

por Redação
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Há quatro anos Daniele dos Santos Pereira era uma das dezenas de pessoas que tiravam seu sustento do lixão de Itabuna, trabalhando num local insalubre e sem qualquer equipamento de proteção que evitasse o risco de doenças, além de ter uma renda incerta.

Hoje, Daniele, além de atuar na Central de Triagem, que faz parte do Projeto Recicla Itabuna, coordenado pela Prefeitura, e ser dirigente da Associação de Agentes Ambientais e Catadores de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis de Itabuna – AACRRI, está cursando Administração na Faculdade Anhanguera, a primeira catadora da cidade a ingressar no ensino superior.

Aos 27 anos, mãe de dois filhos, ela é um dos exemplos do poder transformador ocorrido na vida dessas pessoas, desde que o lixão foi desativado em 2021 pela administração municipal e os resíduos sólidos passaram a ser armazenados no aterro sanitário da CVR Costa do Cacau, empresa credenciada pelo INEMA e INEMA, que atende cerca de dez municípios e mais de cem empresas privadas do Sul da Bahia.

“Sempre acreditei que a educação era a chave para mudar a minha realidade. A vida difícil no lixão serviu de aprendizado sobre resiliência, solidariedade e a importância de lutar pelos meus direitos e de todos os catadores, que através da associação passaram a ter uma vida digna e ganharam visibilidade”, afirma. O exemplo de Daniele incentivou vários catadores e catadores a retomarem os estudos através do programa de Educação de Jovens e Adultos-EJA.

A Central de Triagem e Reciclagem, localizada no bairro Lomanto, que conta com cerca de 60 famílias associadas à AACRRI, foi implantada pela Prefeitura de Itabuna, com o apoio do Governo do Estado-SETRE, CVR Costa do Cacau, e Defensoria Pública de Itabuna-Projeto Mãos que Reciclam e Ministério Público do Trabalho.

DIGNIDADE, ORGULHO E ESPERANÇA

“Essa mudança do lixão para a Central de Triagem trouxe dignidade, esperança e orgulho pra gente. Com o projeto, descobrimos que nosso trabalho está além da renda, pois traz benefícios para o meio ambiente e para as pessoas. Hoje temos orgulho de dizer que trabalhamos com coleta seletiva e material reciclável”, afirma a presidente da AACRRI, Carisa Araújo.

Na Central de Triagem, são recicladas cerca de 120 toneladas por mês de materiais como vidro, papel, papelão, metais e plástico, gerando uma média mensal de 1.500,00 reais para cada trabalhador. Para incentivar a reciclagem entre a população, foram instalados dez ecopontos no centro e nos bairros da cidade, além de um veículo cedido pela Biosanear que faz a coleta em empresas e condomínios residenciais.

VIDAS TRANSFORMADAS

Mensalmente, são armazenadas na CVR cerca de 5 mil toneladas de resíduos coletados em Itabuna. “Ao promover a destinação correta de resíduos e incentivar a coleta seletiva, a CVR Costa do Cacau reforça seu compromisso com a responsabilidade social e a sustentabilidade”, afirma o gestor da empresa Mauricio Ramos Sena.

“Cuidar das pessoas tem sido uma das prioridades da nossa gestão. É gratificante ver quantas vidas foram transformadas nestes quatro anos. A destinação correta dos resíduos e a implantação da Central de Triagem”, disse o prefeito de Itabuna, Augusto Castro, responsável pelo fim do lixão. Segundo Augusto, “os catadores e catadoras são um exemplo de superação, contribuindo com o sustento de suas famílias e com a conservação do meio ambiente”.

Para o secretário municipal de Educação e coordenador do Projeto Recicla Itabuna, Rosivaldo Pinheiro “o fechamento do lixão representa ousado enquanto sociedade e também uma grande responsabilidade da administração municipal na gestão socioambiental”. “Para os catadores, isso representou uma oportunidade de mudança de vida. Foram cinco décadas expostos a doenças e com essa mudança de paradigma promovida pela prefeitura, vários segmentos da comunidade abraçaram esse projeto. O Recicla Itabuna é hoje um exemplo para outros municípios do país e isso é motivo de orgulho para Itabuna”, destaca Rosivaldo.

A defensora pública da DPE Itabuna Aline Müller lembra que a entidade faz o acompanhamento social para garantir que os associados tenham acesso aos seus direitos básicos: saúde, educação, moradia e lazer. “Auxiliamos as famílias atendidas para que seus direitos sejam resguardados, tenham um trabalho seguro e com remuneração digna, contribuindo, assim, para o desenvolvimento social deste coletivo, buscando difundir a educação ambiental e práticas sustentáveis, resultando na preservação do meio ambiente, a partir da reciclagem”, destaca. (Texto: Daniel Thame, com fotos Divulgação)

 

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