m estudo recente publicado na revista BMC Plant Biology (https://doi.org/10.1186/s12870-025-07472-z) revelou a descoberta de um novo virus pertencente à família Geminiviridae associado a folhas sintomáticas de cacaueiros (Theobroma cacao) cultivados no extremo Sul da Bahia. Os pesquisadores antecipam que esses novos vírus não são motivos para tensões na cacauicultura baiana e essa descoberta é de relevância científica, no sentido de buscar meios para prevenir problemas futuros.
A pesquisa foi coordenada pelo professor Dr. Eric Roberto Guimarães Rocha Aguiar, do Departamento de Engenharias e Computação da Universidade Estadual de Santa Cruz (DEC/Uesc), e contou com discentes e docentes das Pós-Graduações em Genética e Biologia Molecular (PPGGBM), Zoologia e Produção Vegetal além da colaboração de cientistas da UFMG, USP, Embrapa Mandioca e Fruticultura e Instituto Biológico de São Paulo.
Figura 1. Artigo científico publicado na Revista BMC Plant Biology.
Usando uma abordagem multiômica, que combinou sequenciamento de nova geração de pequenos RNAs, proteômica, Microscopia e Biologia Molecular, os pesquisadores analisaram amostras de cacau sintomáticas e assintomáticas observadas em plantas cultivadas no extremo Sul da Bahia. Utilizando a infraestrutura da UESC através do CCAM (Centro de Computação Avançada e Multidisciplinr) e do CBG (Centro de Biotecnologia e Genética). O processamento de dados ômicos resultou na reconstituição de dois genomas virais. O primeiro, pertencente ao Cacao swollen shoot Ghana S virus (CSSGSV), um badnavírus da família Caulimoviridae já conhecido por infectar cacaueiros em diferentes regiões do mundo e o segundo, um novo vírus com similaridade à família Geminiviridae, proposto com o nome Citlodavirus theobromae. Este é o primeiro registro de um geminivirus infectando cacaueiros.
Figura 2. Folhas de Theobroma cacao apresentam sintomas semelhantes aos observados em plantas infectadas por vírus, com manchas cloróticas e enrugamento. (A) Cacaueiro de um genótipo com setas apontando para uma folha saudável e assintomática (seta preta) e folhas afetadas, apresentando clorose em manchas distribuídas principalmente ao longo da nervura central da folha (seta branca) e enrugamento (seta vermelha). (B) Folhas novas apresentando clorose e enrugamento. (C) Ramo com setas apontando para folhas adultas que apresentam sintomas semelhantes aos de uma virose, como clorose (seta branca), crescimento unilateral irregular devido a enrugamento (seta vermelha) e queda prematura das folhas, encurtamento dos entrenós e proliferação de ramos laterais característicos da “engurruñadera” (seta preta). (D) Galho originado de embriogênese somática, com setas apontando para folhas adultas com clorose na forma de pequenas manchas (setas pretas) e em manchas distribuídas ao longo da nervura central da folha (setas brancas) e distantes dela. Escala: 50 mm.
Os resultados indicam que o novo vírus pode estar relacionado aos sintomas observados nas lavouras, como clorose (manchas amareladas), enrugamento e deformação das folhas, que ocorreram apenas em plantas onde o geminivirus foi detectado. O RNA viral foi encontrado exclusivamente em tecidos sintomáticos, e análises de espectrometria de massa confirmaram a presença de proteínas derivadas de genes de ambos os vírus, evidenciando que estavam ativos no interior das plantas.
Os pesquisadores destacam que mais estudos são necessários para entender melhor as interações do vírus com os genótipos de cacau.
Para mais informações, acesse o artigo completo em https://doi.org/10.1186/s12870-025-07472-z.




