









Por Arnold Coelho
O ano chegou ao final e decidi fechar 2022 fazendo algumas coisas que gosto e faço sempre que posso: subir a Serra do Córrego Grande (a Montanha Mágica), plantar árvores, contemplar a natureza, ouvir o barulho das águas descendo a montanha, respirar o ar puro, agradecer a Deus pelo dom da vida e catar o lixo deixado por humanos insensíveis que diariamente destroem a única casa que tem.


A ideia de subir a montanha veio de última hora, na quinta-feira a noite. Fiz o convite no grupo (Turma da Caminhada) que temos para propagar nossas caminhadas e nossas pequenas ações positivas no cuidado com o planeta que vivemos e o nosso meio ambiente.


Quatro amigos ‘insanos’ (Lucas, Thiago, Rose e Eliene) toparam subir a serra em pleno sábado, véspera da virada de ano. A ideia era ir até Abel de Furtuoso e plantar quatro árvores em uma área degradada que estamos tentando (aos poucos) reflorestar.


Ao longo deste ano de 2022 nós conseguimos plantar cerca de 50 mudas neste local e ontem constatamos que cerca de 70% das mudas que plantamos pegou e estão crescendo. Outro dado interessante é que em 2022 nós conseguimos levar nas montanhas (Córrego Grande e Manacá) mais de 300 pessoas e plantamos cerca de 300 mudas de árvores.
A subida – mais uma vez – foi muito ‘puxada’ e prazerosa. Passamos em Dantas e Val, que nos receberam na sua fazenda com um delicioso café da manhã, um mugunzá delicioso, além da carinhosa receptividade do casal.


Passamos ainda na represa do SAAE – antes de encarar as imensas ladeiras até Abel. Paramos na capelinha para contemplar Ibicaraí e lá aproveitamos para lanchar e, em um gesto simples (pedido por Cristo a mais de dois mil anos), nós inconscientemente compartilhamos o nosso pão de cada dia. Algo que sonhamos que aconteça neste nosso mundo de riquezas e misérias.
Por fim, plantamos as árvores que levamos (cumprimos a missão) e descemos a montanha catando o lixo deixado por outros humanos inconscientes e mal educados que poluem a montanha que nos dá alimento, água e ar puro. Chegamos na cidade com três sacolas de lixo – que catamos no caminho – e a sensação do dever cumprido.


Por Walmir Rosário





Mas como nem tudo é perfeito – ou, pelo menos, unânime –, alguns grupos sociais não têm esse mesmo sentimento, pois algumas das muitas denominações de religiões cristãs simplesmente desconhecem o calendário, como dizem eles, forjado pela Igreja Católica. Já entre agnósticos e ateus, o Natal é visto por muitos como um tempo de comemoração entre família, apenas por tradição. E as festividades atravessam os anos, milênios.
Seria muito bom que o sentimento natalino se perpetuasse per omnia saecula saeculorum. Bom mesmo seria que se estendesse por todos os dias do ano, propiciando uma sociedade mais justa, mais humana. Sim, pois cada ser humano que vem ao mundo tem direito a ser feliz em sua plenitude. Nada mais justo, embora a felicidade tenha que ser sonhada, buscada por cada um de nós.
Penso que a felicidade é encarada de forma diferente por cada um de nós, com nossos desejos particulares, sejam eles espirituais, materiais. As escalas também são distintas, haja vista os sentimentos e desejos individuais. E já que estamos falando da natividade de Jesus Cristo, podemos citar um ditado corrente na boca do povo: “O pouco com Deus é muito e o muito sem Deus é nada”.
Há, ainda, os que tentam desclassificar o Natal pelo consumismo, alardeando que a data foi transformada numa festa das vendas, desvirtuada do sentido espiritual pela ganância do mercado. Penso que esta é outra falácia, pois, por mais modesto que seja o ser humano, ter o poder de compra é uma realidade do mundo em que vivemos, desde que o consumo seja equilibrado às posses de cada pessoa.
Ora, pra que trabalhamos? Para termos uma vida decente, oferecendo aos nossos o bem-estar. Comer bem, morar bem, ter direito ao lazer, fazem parte de nossos hábitos de vida desde nossa infância. Nada melhor do que chegar ao fim do ano e poder utilizar o nosso salário, incluindo, aí, o décimo terceiro, para nos presentear com uma roupa nova, bens duráveis para casa, uma ceia diferente.
O mundo em que vivemos pode ser simples ou complicado, a depender do que queremos. As facilidades são criadas por nós, bem como as dificuldades. Elas estão inseridas em nossas cabeças, guardadas em nossos corações, nas ações do nosso dia a dia. Nós somos arquitetos do nosso modo de ser, planejando e privilegiando o fazer dos desejos e aspirações. O resultado depende da sabedoria acumulada por cada um.
No dia a dia temos que saber vislumbrar as armadilhas e saber desmontá-las com sabedoria. Nada mais simples e didático do que viver de acordo com o que somos, o que podemos. Já dizia o evangelista Mateus: “A cada dia sua agonia”. Num conceito mais simplório, as dificuldades existem e devem ser superadas, cada uma por vez, pois novas certamente virão e deverão ser combatidas a seu tempo.
Melhor seria que o espírito natalino extrapolasse o fim de cada ano, ultrapassasse as confraternizações com os amigos e colegas, as comemorações de nossas casas, a Missa Galo na Igreja Católica, os cultos nas demais igrejas. Que esse sentimento perdure em nossos corações, fazendo dele ações de graças cotidianas e rotineiras. Não é preciso gastar o escasso dinheiro para isso, para tanto, bastam gestos de amor e carinho.
Vivamos em paz com nós mesmos, que tudo será mais fácil e descomplicado com nossos semelhantes. Se respeitarmos o espírito natalino, poderemos fazer com que ele contagie nossos semelhantes, como um fermento que provoque o crescimento da bondade que temos em nós e nem sempre nos damos conta que ela existe e que poderá ser multiplicada através de gestos singelos.
Não nos esqueçamos que Jesus Cristo nasceu numa manjedoura e se tornou rico de amor e bondade. Eternamente, Viva o Natal!
Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado
Por Arnold Coelho



O Brasil dos jogadores milionários, das dancinhas ensaiadas, das firulas e as festanças com muito bife regado a ouro acaba de ser eliminado na Copa do Mundo do Catar.
Por alguns segundos pensei em ficar triste, mas lembrei que tenho contas para pagar, diferente dos “brazucas milionários”, que conseguiram perder para a limitada Croácia (com o seu joguinho pragmático), que adora levar as decisões para os pênaltis.
O momento é de ‘cair’ na realidade, colocar os pés no chão, acordar desse sonho com cara de pesadelo e voltar ao trabalho, porque eles (os jogadores) vão derramar algumas gotas de lágrimas e depois vão tirar férias em alguma praia paradisíaca nos seus iates luxuosos, tomando champanhe francesa e comendo bife refogado a ouro.
Gente, essa sexta estrela é só simbolismo. Para nós (imensa maioria do povo brasileiro) só seria mais uma cortina de fumaça no atual momento de transição e recessão ao qual o país passa. Só não vê o tamanho da crise quem é lunático, que faz culto de adoração para pneu ou manda mensagem via celular para seres extraterrestres.
Espero que essa “turma” que foi bater esse “baba” nos campos luxuosos do Catar acorde para a vida e passe a olhar mais para o Brasil e os inúmeros problemas do povo brasileiro. Precisamos de ídolos de verdade.
Em um momento tão delicado pelo qual passa o Brasil e o povo brasileiro, nós precisamos de menos luxúria e ostentação por parte dos nossos “ídolos” e mais ações positivas e construtivas.
Adoro (amo) futebol, mas digo com pureza da alma que não deixei a tristeza me pegar com essa queda prematura da nossa seleção. Tenho coisas reais e mais importantes para fazer e viver.
A conversa tá boa, mas preciso voltar para o trabalho, pois os boletos não esperam e os “parças da seleção” já estão com os boletos pagos e a vida ganha.
Por Walmir Rosário





O livro é uma homenagem simbólica ao eterno tricolor Nélson Rodrigues, com a orelha escrita por Fábio Lopes, o prefácio de Marcos Bandeira, posfácio de Luiz Luna e um artigo de Zé Roberto, ponteiro-esquerdo que brilhou no Fluminense e que hoje desempenha o ofício de escritor. O livro estará à disposição dos aficionados futebolistas de Itabuna – em primeira mão – dentro de poucos dias.
Em “As doces vitórias”, Tasso Castro apresenta 30 conquistas distintas do Fluminense, a partir dos anos 1960, as quais ouviu pelo rádio, viu pela TV ou as assistiu nos estádios, ao lado da torcida tricolor. E nesse trabalho ele apresenta recortes dos jornais da época, com a intenção de dar mais intensidade aos relatos. No final do livro, disponibilizou páginas para que os tricolores divulguem a sua paixão, lembrando vitórias inesquecíveis.
No prefácio, Marcos Bandeira (juiz de direito aposentado, advogado e ex-jogador de futebol) revive a verve e o pensamento Rodriguiano de que “a grande torcida é a do Fluminense. Nada se compara à sua flama e à sua fidelidade. Outras podem ser mais numerosas. Uma torcida, porém, não vale a pena pela sua expressão numérica. Ela vive e influi no destino das batalhas, pela força do sentimento. E a torcida tricolor leva um imperecível estandarte de paixão”.
E Marcos Bandeira não deixa por menos, dizendo sentir-se honrado de prefaciar o livro, por ser o Fluminense, o clube do seu coração. Paixão e amor se misturam de uma forma tão intensa quando se trata de amor ao clube de futebol. E vaticina: “Troca-se de cônjuge ou companheira, mas nunca de time. Ainda não conheci um ex-tricolor ou ex-vascaíno…Simplesmente é assim. Amor Condicional”, afirma Bandeira.
As doces vitórias é o quinto livro desse canavieirense nascido no Chororão, hoje distrito de Camacan, e itabunense por adoção. Amante do bom futebol, escreveu em 2011, Fluminense, memórias de uma paixão (2ª tiragem em 2015); Babas e bolas, em 2016; Oxente, sou Flu, em 2018; Fechando o Gol, em 2020, numa homenagem ao goleiro Luiz Carlos; e completando – temporariamente – a coleção com As doces vitórias, em 2022.
Mas enquanto o livro As doces vitórias não nos é apresentado e não nos enche os olhos, podemos iniciar a leitura dos livros de Tasso Castro por “Fluminense, memórias de uma paixão”, para que o leitor relembre o futebol praticado pelo Fluminense e outros clubes de Itabuna. Vale o passeio pelos anos 1950 em diante, com o futebol bem jogado no velho campo da Desportiva Itabunense.
Se você não era nascido naquela época, melhor ainda, pois vai se deliciar com os dois Fluminenses, o do Rio de Janeiro e o de Itabuna, na visão de um torcedor apaixonado, cujas retinas mantêm gravadas os grandes clássicos. Nesse livro, se apresentarão, os craques do rádio esportivo, a exemplo de Geraldo Santos, Orlando Cardoso, Edson Almeida, Yedo Nogueira, Ramiro Aquino, e tantos outros.
No livro “Babas e Bolas”, a emoção é diversificada, pois se trata de um resgate de uma época em que o autor dá um passeio pelos campinhos de babas de Itabuna, nos quais os craques e peladeiros disputavam a bola como um verdadeiro tesouro. E aqui vai uma simples amostra: os campinhos do Quintal de Zé Félix, Fiat, Adelba, Geraldão, Sesp, Seac, Grapiúna, Borboleta, AABB, Cordilheira, Coopgrap, Fazenda Progresso, e muitos outros.
E ainda tem muito mais no livro “Oxente, somos Flu”, no qual conta uma visita feita ao Fluminense carioca, na sua sede das Laranjeiras, em companhia do radialista Edson Almeida, onde viram de perto os grandes ídolos do Flu. Em especial as homenagens aos baianos que por ali brilharam, a exemplo de Pedro Amorim, Washington (que fez sucesso com Assis no Casal 20), e o inesquecível Léo Briglia. Não esqueçam do Rei Zulu Denílson, Amoroso, Samarone, Lula e dezenas de outros que fizeram história no tricolor carioca.
“Fechando o gol” é uma obra-prima em que Tasso Castro brinda os leitores com toda a emoção vivida pelo futebol itabunense desde os anos 1940, notadamente nas décadas de 40 a 90 do século passado. Já vale pela capa, com uma bela foto de um voo do grande e saudoso goleiro Luiz Carlos, homenagem mais do que merecida, unânime, diria sem medo de errar. E ainda analisa os craques daquela época por posição em campo.
Se o leitor pensa que Tasso não fala dos muitos craques, não perde por esperar: Que tal os irmãos Fernando, Carlos, Leto e Lua Riela; Albérico, Porroló, Rogério, Nilson, Abiezer, Santinho, Tombinho, Jorge Félix, Plínio Assis, Ronaldo Dantas, Bel, Ronaldo Neto, Quinha, Jonga Preto, Roberto, Melo, Carlinhos Aquino, Rui Lordão, que podiam ser encontrados em qualquer campinho de Itabuna.
São histórias muito bem contadas por Tasso Castro, para quem gosta e tem verdadeira paixão por futebol. Futebol sabido e digno de ser lembrado.
Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado
Por Walmir Rosário





Não me interpretem mal com minhas atitudes ao chegar em Paraty, mas o que fiz foi apenas para matar anos de saudades. Assim que pisei no solo paratiense, fiz questão de pedir ao cunhado Luiz Manoel que desse uma passada no supermercado mais próximo para adquirir um litro da mais legítima cachaça Coqueiro. Era mais que preciso matar a saudade de tantos anos de separação. Tenho convicção que comecei com o pé direito.
Após um período de programação caseira, chegou a hora de reconhecer a Paraty atual, bem diferente daquela em que conheci num passado cinquentenário, ou na mais recente visita que completa 19 anos. Para tanto, contei com o valioso auxílio de Paulo Vidal, colega radialista e velho amigo de 50 anos, numa tournée etílica de dar inveja até nos abancarmos no Bar do Lapa, nosso antigo escritório na praia do Pontal. E foi pra valer.
Hoje temos duas cidades. A antiga, histórica, onde vivi, casei, nasceu meu filho Júnior; a nova que foi se alastrando pelos arredores, substituindo os mangues e áreas rurais por grandes e prósperos bairros, onde mora a maioria dos mais novos. Na antiga, os velhos casarões cederam ao apelo turístico e as residências deram lugar ao comércio, os restaurantes que exibem em seus cardápios as cozinhas local e internacional.
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Um desses endereços era nosso velho conhecido por ter abrigado – nos velhos tempos – um ponto de apoio noturno, a Palhoça, para se tornar Restaurante da Matriz, até receber o atual e sugestivo nome de Alambique Antônio Melo, pilotado pelo casal Antônio Carlos (Neguinho) e Áurea. Ele, engenheiro eletrônico que se fez administrador; ela, após anos de magistério, se torna, por conhecimento e estudo, dedicada e criativa chefe de cozinha.
No centro histórico de Paraty desembarcam diariamente milhares de turistas, procedentes de todos os recantos deste planeta. E vêm dispostos a conhecer a pequena cidade que abrigava o final da estrada real (caminho do ouro) vinda das Minas Gerais e porto por onde era embarcado o ouro brasileiro para Portugal. Com o fim do próspero garimpo, a cidade ficou esquecida por anos e preservou sua rica arquitetura colonial.
Encravada entre a praia e a serra da Bocaina, Paraty ficou por muitos anos longe das grandes rotas de transportes aéreo, terrestre e marítimo, até a construção da BR-101, no trecho compreendido entre o Rio de Janeiro e Santos, inaugurada em 1975. De lá pra cá, a cidade foi redescoberta e se tornou a Meca do turismo Sul Fluminense, ao lado de outras cidades litorâneas do estado do Rio e de São Paulo.
Entre as grandes tradições preservadas em Paraty a gastronomia, com base em frutos do mar, e a cachaça, com as melhores canas, se transformaram em carros-chefes do turismo na cidade. A cachaça foi cantada em prosa e verso, como na canção composta por Assis Valente e cantada por Carmem Miranda: “Vestiu uma camisa listrada e saiu por aí, em vez de tomar chá com torradas ele bebeu paraty…”
Aos alambiques que sobreviveram por anos a fio se juntaram outros novos que produzem o destilado de cana conhecido como cachaça, pinga, marvada, maldita e são levadas como verdadeiros troféus pelos turistas. Fora da condição de turista, eu mesmo faço questão de ter sempre ao meu lado alguns litros das produzidas nas melhores safras, as mais trabalhadas e descansadas, para deleite em momentos de lazer (ou prazer?).


E como não poderia deixar de acontecer, voltei ao alambique da conceituada Coqueiro (tradição familiar desde 1803), do amigo Eduardo Melo e filhos, ciceroneado pelo não menos amigo, seu irmão Antônio Carlos (Neguinho). Revisitei as instalações durante a moagem das canas recém-chegadas, e passei em revista todos os processos da fabricação ao engarrafamento, chegando a degustá-las com muita paciência que requer o paladar.
Confesso que não deixei por menos e fiz uma tournée pelos vários tonéis aço (as mais novas e simples), aos de madeira (carvalho, bálsamo, amendoim, canela, etc.) com as mais legítimas canas. Para economizar o tempo do leitor que deve estar “lambendo os beiços”, provei desde a prata ao ouro. Sim, isso mesmo, e não me perguntem pelo bronze, pois na Coqueiro essa palavra não existe no dicionário de cachaças.
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E explico o porquê: Em parceria com uma universidade, as cachaças produzidas pela Coqueiro não contêm resíduos de cobre, bronze ou qualquer outro metal pesado, retirados durante o processo de destilação. Com isso, a palavra bronze serve apenas para denominar o terceiro lugar em algumas atividades desportivas, notadamente nas Olimpíadas.
E no alto da parede, observando tudo, uma foto do grande mago da alquimia da cachaça, Antônio Melo, pai de Eduardo e Antônio Carlos. Muito há, ainda, por visitar…
Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado
Por Arnold Coelho


Nesse período fizemos oficinas de desenvolvimento sustentável, um seminário sobre o Pagamento por Serviço Ambiental (PSA), além de três grandes caminhadas ecológicas, onde levamos muita gente para subir as serras do Córrego Grande e da Estância Manacá.
Fizemos também inúmeras caminhadas, com pequenos grupos, para subir a serra, conhecer a represa do SAAE, falar um pouco sobre a água e sempre plantar mudas de árvores nativas da nossa região em pontos de áreas degradadas.
Todas essas ações tem um propósito: conscientizar a população de Ibicaraí que é preciso preservar nossas matas e principalmente cuidar, proteger e fazer valer o PSA, que tem como base legal pagar para que todo produtor rural (que tenha nascente em sua propriedade) receba um valor por nascente. Esse projeto já está aprovado na Câmara de Vereadores, mas precisa sair do papel.
Precisamos proteger o nosso bem maior, nossa maior riqueza, nossa água, que é pouco cuidada e valorizada. Hoje vi uma matéria no site globo.com que mostrou o preço de uma garrafa de 500ml de água no Catar, país onde vai acontecer a próxima Copa do Mundo.
Acreditem, uma pequena garrafa de água sendo vendida por R$ 30,00. Para ter ideia do preço absurdo da água naquele país, aqui em Ibicaraí, com o mesmo dinheiro, podemos comprar 10m3 ou 10 mil litros de água do SAAE. Nos distritos o preço dessa água cai para um terço desse valor.
Nós temos água boa e barata e se não criarmos leis locais que protejam nossas nascentes e o consumo interno, em um futuro próximo as empresas que regulam a água no Brasil deverão ser privatizadas (de acordo com o Novo Marco Legal do Saneamento Básico), o que fará com que as futuras gerações corram o risco de não terem essa água ‘boa e barata’ para beber.
Por Walmir Rosário



Habilidade na música e no futebol não lhe faltava. Para ele, tanto fazia jogar na ponta-esquerda, ponta-direita ou como centroavante. O que importava mesmo era fazer gols para seu time ganhar o jogo. E tudo isso pode ser comprovado por quem o viu jogar ou pelos livros de registro da Liga Desportiva de Itabuna (Lida), onde está tudo anotado para dar conhecimento à posteridade.
Na música não era diferente. Era considerado o homem dos sete instrumentos: cantava, tocava surdo, pandeiro, reco-reco, e agogô e ainda fez incursões por alguns instrumentos de sopro, principalmente o trombone, que o considerava um dos mais sublimes da música e que fazia tocar a alma das pessoas. Deixou o instrumento aconselhado pelo maestro, que o avisou dos riscos de ficar com a “papada” grande. E ele obedeceu.
Zé Pintadinho já fez de tudo em Itabuna assim que chegou de Sergipe, em 1944, aos 16 anos de idade. Trabalhou em sorveteria, feira livre, enveredou pela música, onde se sentia bem, e pelo futebol. Porém, aconselhados pelos amigos mais velhos, buscou aprender um ofício mais seguro, como o de alfaiate, profissão que exerceu até o final de sua vida, e que lhe proporcionou criar uma numerosa família.
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Pintadinho jogou futebol em Itabuna em apenas duas equipes: o Botafogo do bairro da Conceição e no Bahia de Álvaro Barbeiro, o esquadrão de aço do sul da Bahia. Pelo Botafogo, atuou nas célebres partidas contra o Brasil de Buerarema e o Bahia de Itajuípe, ganhando as duas. Esta última para decidir uma aposta firmada por Sílvio Sepúlveda – jogador e cartola do Botafogo – e Oswaldo Gigante, do Bahia.
Outras partidas memoráveis jogadas por Pintadinho – já no Bahia – tiveram como palco Belmonte, na festa para comemorar o aniversário da cidade. No sábado, venceu por 3X2 e no domingo 2X1. Àquela época, diante da dificuldade de viajar pelas estradas ruins, embarcaram num avião em Itabuna e fizeram valer a supremacia do futebol itabunense, para o desgosto dos belmontenses, que não aceitavam fácil as derrotas.
Na década de 1950 sete times disputavam o campeonato amador de Itabuna – Corinthians, Grêmio, Janízaros, Flamengo, Fluminense, Itabuna e Botafogo – numa disputa ferrenha pelo título. Jogador que decidia partidas com os inúmeros gols que marcava, Pintadinho jogava cadenciado, com estilo, embora soubesse impor seu ritmo de jogo para não ser incomodado pelos zagueiros adversários.
Com toda essa habilidade e determinação, em campo atuava com humildade e sabia respeitar os adversários para também ser respeitado, gostava de dizer Pintadinho, para não ser visto como um jogador boçal. Além do respeito em campo, Pintadinho era uma pessoa muito querida na sociedade, além de ser um profissional da alfaiataria de conceito, haja vista as encomendas que recebia.
Soube parar o futebol quando as pernas e o fôlego já não conseguiam ter o mesmo rendimento de antes. Parou na hora exata, para que os amigos e torcedores lembrassem dele como o excepcional e implacável atacante. Se deixou de entrar em campo, continuou fora dele, torcendo para o magnífico futebol de Itabuna, levando seus filhos ao campo da Desportiva nas tardes de domingo.
Fora de campo, continuou fiel à máquina de costura, sua inseparável companheira de anos a fio na antessala de sua residência, onde recebia clientes e amigos para desempenhar seu trabalho, ou simplesmente ter uma boa prosa. E ali conversa sobre tudo, principalmente seus feitos no futebol e na música, atividade que continuou a exercer até os últimos dias de sua vida.
Na música, além de cantor, ensinava os colegas a cantar, principalmente boleros e sambas. Com sua charanga animava os comícios de seus candidatos ou eventos políticos de prefeitos nas inaugurações de obras em toda a cidade. Nos domingos, participava dos programas de auditório ou externos, realizados nos bairros da cidade pelos radialistas Titio Brandão e Germano da Silva.
O Carnaval era seu forte e desfilava nas baterias de blocos e escolas de samba de Itabuna. Cantou e tocou nas escolas Império Serrano, Salgueiro e Nova Mangueira, está fazendo parte da diretoria. Perto de completar os 80 anos, Pintadinho surgia garbosamente na bateria do Bloco Casados I…Responsáveis, no qual participou ativamente desde o a sua fundação. Homem de variados instrumentos, Pintadinho recebeu certificado da Sociedade Montepio dos Artistas de Itabuna como percussionista pelos instrumentos que tocava.
Mesmo após ter sofrido duas cirurgias: próstata e hérnia, Pintadinho continuou trabalhando como alfaiate, já não mais com as encomendas de ternos, calças e camisas, mas sobretudo de consertos, com a mesma dedicação. Pintadinho não abria mão de no fim do dia descer até a praça dos Capuchinhos para comprar os pães e trocar uns leros com os amigos.
José Pintadinho, ou José Alves da Silva, nos deixou num sábado, 13 de agosto de 2011, aos 83 anos.
Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado
Por Walmir Rosário



Pois fiquem os senhores sabendo que aquele pedacinho de terra cercada de matas e cacaueiros por todos os lados, entrecortados por pequenos riachos e rios caudalosos em busca da praia de Ilhéus têm muito a ser contado. Ponha sua cabeça pra pensar naquele amontoado de gente, vinda de todos os cantos do mundo, e que acabou formando um arruamento, vila e depois cidade, com essa gente mandando neles mesmos.
Estás curioso! Pois não perdes por esperar! Basta sentar com uns cinco livros de autoria do professor, jornalista e escritor Antônio Lopes, um pernambucano que se fez macuquense e bueraremense por obra e graça de sua mais legítima vontade. Pense numa viagem (há quem chame de imersão) voltando no tempo e conhecendo histórias, estórias e causas cometidos pelos seus personagens, inclusive o próprio.
Mas agora vamos nos ater aos dois últimos livros publicados, do contrário vamos perder muito tempo nessa leitura e passar dos “entretantos aos finalmentes”. Em “A Bela Assustada”, uma antologia pessoal, alguns textos inéditos, Antônio Lopes não se conteve e apresenta Manuel Vitorino, Zé Mijão, Mundinho Cangalha, João Baié, Léo Briglia, Dr. Elias, o padre Granja, o pastor Freitas, Manuel Lins, Clarindo Corno Preto, Zeca de Agripino, Vilson Cordier, e muitos outros brilhantes personagens.
E o menino trazido de Triunfo, no Pernambuco, pelo seu irmão mais velho, João Lopes, estudou o primário e o ginásio, fez jornalismo estudantil e formou seu caráter em Buerarema. Mais tarde, foi estudar em Ilhéus, trabalhar em Itabuna, até chegar a São Paulo escrevendo para a Última Hora, do lendário Samuel Wainer. Foi seguir o caminho e aportou na Academia de Letras de Ilhéus e Academia de Letras da Bahia.
Não sei se essas incursões mundo afora fixaram na memória do autor os causos vividos em tempos idos. O que sei mesmo é que são contados com simplicidade e o humor daquela gente e daquela época. Quem melhor narraria – a posteriori – um jogo do Brasil Esporte Clube, o BEC, do que o sapateiro Zé Vitorino? Que os senhores saibam o delírio da plateia com seus lances, tornando Galvão Bueno uma simples fichinha. E nem tínhamos TV.
A Buerarema dos cines Cabral e Maracanã, à época em que não sofriam a concorrência das redes de televisão e era ponto de fixo para a troca de gibis e o encontro de namorados trocarem juras de amor, enquanto bandidos e mocinhos de digladiavam na tela. Uma boa pedida são os banhos no Poço da Pedra, onde o autor aprendeu a nadar, boiar e distribuir cangapés e quase se afogar.
Da minha lembrança não sai o causo de Agripino Vieira, fazendeiro de 15 mil arrobas de cacau, cliente assíduo do Bar Pingo de Ouro, que deu um drible no médico Dr. Elias, após o conhecido esculápio proibir suas incursões aos bares. Sem qualquer peso na consciência chegou na Farmácia Maria e decretou ao balconista Afonso que lhe desse o um vidro de Biotônico Fontoura, o maior que tivesse na referida botica.
Em “A vida Refletida”, Antônio Lopes conta que na sua adolescência quem não tinha habilidade para coisa nenhuma ia para a Marinha. Mas ele quis fazer diferente, por não levar jeito. Não estudou medicina, engenharia ou direito, mas trabalhou em rádio, televisão, assessoria, escritório, deu aulas, vendeu remédios. Profissões essas que lhe garantiram o uísque de cada dia. E as histórias, acrescento eu.
Em “Um Tabaréu em Paris” (pgs. 101/103), o autor conta que se encontrava na cidade luz quando um cara branco, vestido à classe média, lhe dá um encontrão. Desculpou-se (todo cheio de “pardon”, monsiseur, e continuou puxando conversa. Procurou se livrar dele, afinal estava em Paris, o melhor lugar do mundo, depois de Buerarema. Na manhã seguinte, ao dar pela falta do cartão de crédito, percebeu ter sido vítima de um legítimo vigarista parisiense. Fazer o quê?
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Sobre o livro de Lopes, Joaci Góes escreveu: “Antônio Lopes é um autodidata que atingiu elevado patamar como humanista, polindo seu crescimento com as aulas que deu de português, matemática, história e redação, sem falar em suas experiências como animador de comícios e redator de discursos políticos, de festas carnavalescas, comentarista de futebol, vendedor, gestor de recursos humanos, fez tudo isso para sobreviver e ter as condições mínimas de se dedicar à leitura dos grandes autores, na geografia do tempo, experiências que contribuíram para torná-lo um dos mais refinados escritores brasileiros da atualidade”.
E prossegue Joaci…“Provavelmente, se Antônio Lopes tivesse produzido sua surpreendente obra de Paris, Londres, Roma ou New York, não faltasse quem dissesse que só a partir de domicílios tão cosmopolitas seria possível produzir literatura de conteúdo e forma tão marcadamente universais”.
A vida refletida/Antônio Lopes – Ilhéus, Ba: Editus, 2019.
A bela assustada : antologia pessoal + inéditos/ Antônio Lopes. – Itabuna, BA : A5 Editora, 2021.
Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado
Por Arnold Coelho



A serra, ou “Montanha Mágica” (como gostamos de chamar), tem cada vez mais conquistado e encantado pessoas de Ibicaraí e cidades vizinhas que buscam o turismo ecológico vertical e o contato direto com a natureza e o meio ambiente.
Dessa vez a caminhada aconteceu a pedido da minha cunhada Márcia (que é de Ibicaraí) mas mora em Itabuna. Ela subiu a serra por curiosidade e ficou encantada com tudo. Márcia hoje propaga a montanha por onde passa e convenceu parentes e amigos a conhecerem o local em uma aventura insana.


Além de Márcia e o seu esposo Kildren, vieram de Itabuna Lula e os filhos Lyssa e André; Fredson, Rafael, Adriana, Aninha e Júnior, que se juntaram a Arnold (esse que escreve essas mal traçadas linhas), Lucas, Thiago, Sandoval, Márcio, Zaro e a irmã Maria Soledade (Sula), Clébia e a sua filha Ivy Victória, Cezar com sua esposa Cirleide e a sua filha Raquel, Rodolfo com sua noiva Kevyne, Eliene, Fábio e Julia.


A caminhada mais uma vez foi encantadora. A subida levou aproximadamente quatro horas pelas ‘intermináveis’ ladeiras da serra, passando por roças de cacau, represas, fazendas, matas, muitas nascentes e o ribeirão do Córrego Grande, até a casa de Ana, nossa anfitriã, que subiu no dia anterior para fazer um delicioso café da manhã para a turma.


Os 27 aventureiros chegaram exaustos e se esbaldaram no famoso cuscuz de Ana. Teve ainda bolo doce e salgado, café, chocolate e uma pinga com limão pra esquentar o sangue.
Alguns ‘insanos’ ainda se aventuraram até a represa de Rui para tomar um banho de bica e outros ‘loucos por caminhada’ foram mais além, até a região dos Gouveias, para conhecer uma família que vive isolada no lado leste da serra.


Passamos também pela fazenda de Abel de Furtuoso, que mais uma vez estava na “lida” tirando leite das vacas. Abel e a esposa Cristiane nos receberam de braços abertos e na volta para casa ainda nos ofereceu leite e ofertou cinco cachos de banana, que foram repartidos entre a maioria dos participantes. Abel ainda desceu a serra de carro, dando carona para o amigo Cezar.
No final do dia, após 12 horas e mais de 28 Km de caminhada, chegamos exaustos em Ibicaraí (parte da turma ainda desceu de carro para Itabuna), com o corpo e a alma revigorados. Os próximos dias serão de lembranças, muitas histórias e a vontade de um dia voltar à “MONTANHA MÁGICA”.
No link abaixo você conhece o local visto de cima pelo Google Earth:
https://earth.google.com/web/@-14.80316074,-39.56371285,737.88144638a,3415.84116701d,30.00000019y,359.86960774h,0t,0r/data=MikKJwolCiExUi1EM204aVpEalVMdkE5aS1MYjhhenhOTC11VGV5dEggAQ



