Vereador de Camaçari é condenado por violência política de gênero e importunação sexual contra vereadora
Em julgamento na última quinta-feira (19), o Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA) acolheu recurso e parecer do Ministério Público Eleitoral (MP Eleitoral) e aumentou para quatro anos, oito meses e 15 dias a pena imposta ao vereador Dentinho do Sindicato (PT), de Camaçari, condenado por importunação sexual e violência política de gênero contra a ex-vereadora, a ex-vereadora Professora Angélica (PP). Ele ainda foi condenado a pagar cem salários mínimos e a manter a distância mínima de cem metros da vítima, além de ser proibido de fazer contato com ela.
A decisão reforça o entendimento do MP Eleitoral de que condutas misóginas e abusivas no exercício de mandato eletivo devem ser firmemente combatidas. O caso envolveu reiterados atos de constrangimento, humilhação e discriminação contra uma vereadora, culminando em um episódio de importunação sexual ocorrido dentro da Câmara Municipal. Os atos foram amplamente divulgados na imprensa e em redes sociais.
Na sentença de primeira instância, dada a partir de ação movida pelo promotor eleitoral, o vereador havia sido condenado a dois anos de reclusão em regime aberto, com suspensão condicional da pena.
O recurso do Ministério Público Eleitoral questionou a adequação da punição estipulada pelo juiz da 171ª Zona Eleitoral, argumentando a necessidade de considerar diversos agravantes: o fato das condutas discriminatórias, preconceituosas de desprezo e de importunação sexual contra a vereadora terem acontecido várias vezes e por ela ser mulher; por terem sido praticadas violando o dever inerente ao cargo do vereador, dentro da própria Câmara. Os crimes e agravantes acatados pelo TRE são previstos pelos códigos Eleitoral e Penal.
A vereadora, em depoimentos ao MP Eleitoral, afirmou que os atos praticados pelo colega lhe causaram profundos abalos psicológicos, levando-a a buscar ajuda psicológica. “As humilhações e as intimidações constantes sofridas no seu local de trabalho – que deveria ser um espaço de respeito e cooperação – causou-lhe constrangimento e sofrimento, dificultando o pleno exercício de seu mandato. A vereadora relatou que, em várias ocasiões, se sentia tolhida no direito de se expressar publicamente e até mesmo de ocupar seu espaço de fala, especialmente quando o réu estava presente, o que demonstra o quanto sua liberdade de ação foi severamente restringida”, afirma o MP Eleitoral em seu parecer.
Para o procurador regional Eleitoral na Bahia, Samir Cabus Nachef Júnior, a decisão do TRE destaca uma vitória na luta contra a violência política de gênero. “A decisão reafirma o compromisso tanto do MP quanto da Justiça Eleitoral em proteger os direitos das mulheres e garantir um ambiente político livre de discriminação e violência. Não se pode tolerar que o espaço político, que deve ser de debate democrático, seja utilizado para desqualificar e intimidar as mulheres. Nesse caso, ainda se destaca o fato de que os crimes foram praticados por um vereador, que deveria representar seus eleitores em sua conduta, mas usava sua condição para tentar diminuir a autoridade e a legitimidade da vereadora em sua função pública dentro da própria casa legislativa, na presença dos colegas”, destacou.
Além da pena restritiva de liberdade – que deve ser cumprida em regime semiaberto –, da multa e da medida cautelar de afastamento, a Justiça também determinou o levantamento do sigilo processual, atendendo a pedido da própria vereadora, que já foi publicamente exposta pelos abusos sofridos. Para Samir, a ampla divulgação visa reforçar que práticas machistas e discriminatórias não serão toleradas pelo MP Eleitoral e pelo judiciário.
Selo Lilás: Jerônimo Rodrigues certifica 83 empresas baianas em prol da igualdade de gênero no ambiente de trabalho
Ações e políticas de valorização da mulher no espaço de trabalho levaram 83 empresas privadas, órgãos públicos e organizações da sociedade civil baianas a receberem a certificação Selo Lilás. O ato solene aconteceu nesta segunda-feira (17), na Associação Comercial da Bahia, em Salvador, com a participação do governador Jerônimo Rodrigues e autoridades. A iniciativa é parte das atividades em comemoração ao Março Mulher, desenvolvidas pela Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), para atender aos compromissos assumidos na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), relacionados à igualdade de gênero.
Em sua primeira edição, 196 empresas se inscreveram através de edital lançado em 2023 no Diário Oficial do Estado, que identificou e selecionou as organizações mais comprometidas com a causa. A gerente administrativa da cooperativa de dentistas de Paulo Afonso (Uniodonto), Tatiana Santos, falou sobre a importância de atender aos critérios e receber a certificação.


“Buscamos mostrar a representatividade das mulheres aqui, especialmente por ser uma cooperativa. Valorizar e reconhecer o trabalho das mulheres, independentemente de suas funções, é essencial para promover um ambiente de trabalho mais inclusivo e igualitário. Algumas das nossas políticas adotadas são salários iguais, incentivo à saúde da mulher, capacitações e eventos voltados para as funcionárias e maior contratação de mulheres”, pontuou a gerente, revelando o desejo de que outras empresas se inspirem e busquem promover a igualdade de gênero em seus ambientes de trabalho.


De acordo com a secretária de Política para as Mulheres, Elisângela Araújo, a intenção é ampliar ainda mais a certificação de empresas baianas. “A exigência de ações concretas relacionadas à prevenção do assédio e da violência, juntamente com a promoção e valorização das mulheres, é fundamental para garantir que as empresas estejam verdadeiramente comprometidas com a igualdade de gênero. Além disso, a composição do grupo de trabalho, envolvendo diversas secretarias de governo, representação da Assembleia Legislativa e setores empresariais, demonstra um esforço conjunto para avaliar e reconhecer as práticas das empresas de maneira abrangente e criteriosa”.
Durante a solenidade, o governador Jerônimo Rodrigues foi recebido pela orquestra sinfônica Neojibá, composta apenas por mulheres. Na ocasião, Jerônimo destacou a importância de fazer o reconhecimento das políticas para as mulheres e o compromisso do Estado em incentivar ações de valorização da mulher no espaço de trabalho.
“Na semana passada o Estado publicou um decreto que estabelece que as empresas que forem contratar mão de obra, reservem pelo menos 8% das vagas contratadas para mulheres que sofreram violência. Eu tenho certeza que isso vai amadurecendo dentro das empresas, na consciência dos empregadores, para que tantas vagas sejam garantidas, e em lugares estratégicos de importância da mulher no trabalho no dia a dia”, pontuou o governador.
Selo Lilás
Baseado no Projeto da Lei Estadual 14.343 de 10/08/2021, o Selo Lilás foi proposto pela deputada Neusa Cadore e desenvolvido pela Superintendência de Promoção e Inclusão Socioprodutiva, da SPM.
Comissão
Representantes da SPM, Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Federação de Comércio de Bens, Serviços, e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA), Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb-BA), Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a mulher, compõem a Comissão Avaliadora do biênio 2023-2025. A Ordem dos Advogados do Brasil Secção Bahia (OAB-BA) e pelas secretarias de Desenvolvimento Econômico (SDE); do Trabalho, Renda, Emprego e Esporte (Setre) e de Justiça e Direitos Humanos (SJDH) também destacam membros para a comissão.
São consideradas ações de valorização da mulher e enfrentamento da desigualdade de gênero no ambiente de trabalho, conforme edital, a implantação de políticas antidiscriminatórias, de promoção da diversidade e de redução da desigualdade de gênero dentro da empresa. Iniciativas de criação de canal de denúncia sobre assédio sexual, moral e outras formas de violência, além da realização de campanhas de sensibilização em relação a estes temas também são consideradas para que empresas concorram ao selo.
Políticas de garantia da licença maternidade e paternidade, conforme a lei e sua extensão, além da promoção e incentivo para que mulheres assumam cargos de liderança dentro do quadro funcional da empresa são algumas das iniciativas avaliadas para certificar instituições com o Selo Lilás.
Certificação
Entre os órgãos estaduais que garantiram a certificação estão a Bahia Pesca, Bahiagás, Companhia De Engenharia Hídrica e de Saneamento da Bahia (Cerb), Conder, e Embasa.
A concessão ocorrerá sempre no mês de março de cada ano e terá validade de dois anos, podendo ser renovado por igual período, se mantido o padrão requerido. Para o novo requerimento, a empresa que já foi certificada com o Selo deverá comprovar o aumento de pelo menos 20% de mulheres no quadro funcional ou apresentar nova ação distinta das que foram apresentadas na inscrição anterior.
O evento contou ainda com as presenças do vice-governador Geraldo Júnior, da deputada estadual Neusa Cadore, do presidente da Associação Comercial da Bahia, Paulo Sérgio Pinto Cavalcanti e secretárias estaduais.
Cartórios da Bahia registram recorde de alteração de gênero da população Trans
O movimento da população formada por transgêneros e transexuais tem uma razão a mais para comemorações durante o vigésimo aniversário do Dia Nacional da Visibilidade Trans, que aconteceu no último domingo, 29: um aumento recorde de quase 67% em 2022 no número de pessoas que mudaram o nome e o gênero diretamente em Cartório de Registro Civil, sem a necessidade de procedimento judicial e nem cirurgia de redesignação sexual.
Dados compilados pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), entidade que reúne todos os 7.741 Cartórios de Registro Civil do Brasil, presentes em todos os municípios e distritos do país, mostram que no ano passado foram realizados 165 procedimentos de alteração de gênero na Bahia, número 66,7% maior que o verificado em 2021, quando ocorreram 99 mudanças. Se comparado ao primeiro ano do procedimento (2018), quando foram 21 atos, o crescimento é de 685,7%.
O número é recorde na Bahia desde que a alteração passou a ser realizada diretamente em Cartório de Registro Civil, em 2018, ano em que uma decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e regulamentada pelo Provimento nº 73 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), permitiu a realização do procedimento pela chamada via extrajudicial, sem a necessidade de processo, advogado ou decisão judicial.
Do total de atos realizados em 2022 no estado, 38,2% se referem a pessoas que mudaram seu gênero de feminino para masculino, enquanto 55,2% mudaram o sexo de masculino para feminino, uma proporção que vem se mantendo ao longo dos anos. Já 6,6%, mudaram o gênero, mas não realizaram a mudança do nome, uma vez que é opcional.
“Os Cartórios de Registro Civil estão presentes em todos os momentos da vida do cidadão, nessa questão não seria diferente. Nos últimos anos os cidadãos estão mais próximos dos serviços oferecidos pelos Cartórios e com mais facilidade. A desjudicialização fez com que o cidadão e principalmente a comunidade LGBTQIAP+ tenha mais facilidade em realizar processos nas unidades extrajudiciais e consequentemente o aumento pela procura nos procedimentos de alteração de gênero nos documentos”, ressalta o presidente da Arpen/BA, Carlos Magno.
Como fazer?
Para orientar os interessados em realizar a alteração, a Arpen-Brasil editou uma Cartilha Nacional sobre a Mudança de Nome e Gênero em Cartório, onde apresenta o passo a passo para o procedimento e os documentos exigidos pela norma nacional do CNJ. “Trata-se de um documento prático, com instruções detalhadas que podem auxiliar as pessoas a realizarem o procedimento direto em Cartório, sem a necessidade de ação judicial ou gastos adicionais com advogados e custas”, destaca Gustavo Renato Fiscarelli, presidente da Arpen/BR.
Para realizar o processo de alteração de gênero em nome nos Cartórios de Registro Civil é necessário a apresentação de todos os documentos pessoais, comprovante de endereço e as certidões dos distribuidores cíveis, criminais estaduais e federais do local de residência dos últimos cinco anos, bem como das certidões de execução criminal estadual e federal, dos Tabelionatos de Protesto e da Justiça do Trabalho. Na sequência, o oficial de registro deve realizar uma entrevista com o (a) interessado.
Eventuais apontamentos nas certidões não impedem a realização do ato, cabendo ao Cartório de Registro Civil comunicar o órgão competente sobre a mudança de nome e sexo, assim como aos demais órgãos de identificação sobre a alteração realizada no registro de nascimento. A emissão dos demais documentos devem ser solicitada pelo (a) interessado (a) diretamente ao órgão competente por sua emissão. Não há necessidade de apresentação de laudos médicos e nem é preciso passar por avaliação de médico ou psicólogo.
Live vai debater sobre as cotas de gênero em candidaturas eleitorais
A Emenda Constitucional 117, que trata de cotas de gênero de 30% nas candidaturas eleitorais foi promulgada no início do mês pelo Congresso Nacional.
Para entender melhor sobre o tema, o Grupo de Mulheres do Brasil promove uma live nesta quinta-feira, dia 14, às 19h, no canal @grupodemulheresdobrasilitabuna
A live será conduzida pela líder do Comitê de Políticas Públicas, Ludimila Vieira – Consultora e Auditora em SIG Compliance e Antissuborno, assessora jurídica municipal há 7 anos.
O espaço contará com a participação de José Carlos Costa Júnior, advogado eleitoralista e municipalista, especialista em contratos e licitações. Atuante na Assessoria Jurídica de Campanhas eleitorais municipais há 10 anos. Atualmente é sócio do Escritório CVN Advogados especializado em direito público e eleitoral.
“Foi um renascimento, uma nova vida”, diz uma das primeiras beneficiadas do Mutirão de Adequação de Nome e Gênero da Defensoria
Então com 14 anos, em meados dos anos 1990, Tuka Perez passou a não se reconhecer como garoto, homem. Então sem maior compreensão sobre o que significava transexualidade, foi pesquisar e em seguida conversar com mulheres trans e travestis sobre o que lhe ocorria. “Não sabia antes como lidar com meus sentimentos, com meus hormônios”, relembra.
Uma das participantes do I Mutirão de Adequação de Nome e Gênero da Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE/BA), realizado em 2019, Tuka já havia ingressado anteriormente com um processo para mudança em seu registro civil. Sem sucesso. “Isso foi em 2014, mas na época se exigia passagem por psicólogo, laudo médico, entrada na justiça. Acabou que não houve encaminhamento. Daí, anos depois, veio o Mutirão da Defensoria e também com o fim de várias exigências, o procedimento ficou mais acessível e finalmente realizei a mudança”, conta.
Somente em 2021, foram mais de 500 adequações realizadas pela Defensoria em todo o estado. Mas, antes de chegar o seu dia, Tuka viu (e continua vendo) muita coisa. Tendo convivido com muitas amigas trans que se encontravam na luta pelo reconhecimento público de acordo com o gênero com o qual se identificavam, Tuka lamenta ter visto alguns funerais onde o nome masculino foi o que constou na lápide. “Isso nos machucava. A gente queria enterrá-las como mulher, como se reconheciam, uma questão de respeito, dignidade”, sustenta.
TRANSIÇÃO
Oriunda de uma família humilde, com pai e mãe que não concluíram o ensino médio, Tuka conta que os irmãos a tratavam como gay, mas que até os 14 anos não se identificava como gay, pensava ainda até que era homem heterossexual. Por medo dos pais a colocarem para fora de casa, chegou mesmo a namorar com garotas.


Tuka diz que, no entanto, até hoje não consegue explicar bem para os pais sua condição de mulher trans. Já com os irmãos e irmãs, sua situação mudou quando em 2013 passou a trabalhar como assessora parlamentar na Câmara de Vereadores de Salvador. “Começaram a me levar mais a sério e passamos a ter uma relação mais amigável”, observa.
RENASCIMENTO
Quando ingressou na Câmara de Salvador, Tuka pôde adotar seu nome social feminino em seu crachá de funcionária. “Eu nunca andava com minha cédula identidade, só andava com meu crachá e o apresentava nos lugares buscando me preservar [de hostilidades] nos ambientes”, pontua.
Por ter vivenciado diversas situações de preconceito, Tuka diz que ficou acostumada com “as porradas da vida” e que hoje releva e olha de modo diferente para algumas situações. “Considero que algumas pessoas que manifestam falas ou determinadas atitudes preconceituosas são pessoas que não sabem o que dizem, não estudaram. Então retruco só no sentido de orientar, fazer pensar. Elas julgam sem conhecimento”, pondera.
Quanto ao que representou para si a nova identidade obtida após o Mutirão da Defensoria, Tuka Perez manifesta de modo inequívoco. “Quando recebi minha certidão, eu recebi uma nova vida, porque morreu aquela outra criatura do meu antigo documento. Eu renasci. Foi tudo novo, uma conquista muito grande”.


“A nova geração segue a luta e vai conquistando mais direitos. Por outro lado, nada melhor que ter a Defensoria colaborando. Ainda há muita opressão, humilhação e dor, então é muito bom que os jovens tenham a quem procurar, saber que a Defensoria está conosco, abraça nossa causa. O próprio atendimento e a visão da Defensoria sobre a questão demonstra este acolhimento conosco”, diz.
VI MUTIRÃO
Prosseguindo nos seus esforços de promover acesso à justiça e garantir direitos de populações vulneráveis, a Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE/BA) realiza entre os dias 31 de janeiro a 4 de fevereiro as inscrições para seu VI Mutirão de Adequação de Nome e Gênero. A ação é iniciada ainda em janeiro, quando se comemora o Dia Nacional da Visibilidade Trans (dia 29).
Nesta edição, o mutirão conta com a parceria do Ministério Público do Estado da Bahia e, por conta do prosseguimento da pandemia da covid-19, as inscrições serão realizadas de forma remota a partir de contato inicial por meio de mensagens de whatsapp. O número de contato ainda será divulgado nas redes sociais da Defensoria.


Uma das participantes foi a artesã Érika Ferreira que dentro de 15 dias recebeu sua nova certidão de nascimento e passou a dar entrada nos seus novos documentos. Érika diz que antes se sentia muito envergonhada quando as pessoas a chamavam pelo nome masculino que possuía.
“Hoje estou feliz, faço questão de chegar nos lugares e mostrar meu documento. Algumas pessoas podem até notar que sou trans, mas já não falam nada. Com o documento sou chamada como gostaria de ser chamada, como me sinto: como mulher. Então, me sinto feliz e agradeço à Defensoria Pública por ter me ajudado nesse momento” diz Érika.
DEPOIMENTOS
“Após a adequação, acessei a cidadania. Antes passava por diversas situações constrangedoras. Depois de meu processo de transição, acontecia ainda de as pessoas lerem meu nome feminino e considerar que se tratava de alguma fraude. É muito importante para as pessoas trans ter acesso a esta alteração para que elas se sintam identificadas por quem elas realmente são.”
– Dhan Tripodi, homens trans, estudante de Psicologia e padrinho da VI Mutirão de Adequação da Defensoria.
“A retificação do meu nome e dos meus documentos chegou como algo que legitimou a mim, meu corpo, minha existência. Antes disso, tinha que ficar justificando quem sou, qual meu gênero, era um briga constante e diária. Mas agora tenho um documento oficial que comprova a minha identidade. Isso muda muito a minha perspectiva de saúde, de bem estar e de tranquilidade, que é algo que geralmente não temos.”
– Inaê Leoni, mulher trans e professora da rede municipal de ensino de São Francisco do Conde.
“Fiz minha retificação pelo mutirão e foi melhor porque o processo é mais rápido e mais barato do que se fizesse apenas por minha conta. É importante para as pessoas trans que o mutirão ocorra e siga ocorrendo pela facilidade e pelo alcance que ele tem”.
Itabuna: vereadores podem perder mandato por possíveis irregularidades na cota de gênero
O Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE) deu início a apreciação de uma ação que investiga possíveis irregularidades na formação de candidaturas a vereador que disputaram as eleições municipais de 2020, em Itabuna, no Litoral Sul baiano.
De acordo com informações do site Políticos do Sul da Bahia, a ação é movida pelo PDT contra o PTC e o Cidadania por possíveis fraudes na cota de gênero.
A Justiça Eleitoral em Itabuna julgou improcedente a ação, mas o PDT decidiu recorrer à instância superior da corte eleitoral baiana.
O relator do processo, desembargador Freddy Lima votou favorável ao pedido do PDT, mas houve pedido de vista e o julgamento foi adiado.
Se for julgada procedente pelo TRE-BA, três vereadores itabunenses podem perder os mandatos: Ricardo Xavier (Cidadania), Marcelo Souza (Cidadania) e Alex da Oficina (PTC).
A denúncia se baseia em uma possível fraude na cota de gênero, quando teriam sido inseridas candidaturas femininas apenas para atingir a cota reservada para mulheres – 30% das candidaturas proporcionais – sendo que as postulantes não teriam disputado o pleito e não obtiveram votos. (Bahia.Ba)





