Consciência Negra no Conjunto Penal de Itabuna celebrou identidade, ancestralidade e protagonismo

por Domingos Matos
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Alunos da Escola Municipal Lourival Oliveira Soares e do Colégio Estadual Adonias Filho – anexos ao Conjunto Penal de Itabuna –protagonizaram, nesta quinta-feira (13), um evento marcado pela valorização da cultura negra, da educação como instrumento de transformação e da força da ancestralidade grapiúna.

A programação do Novembro Negro na unidade reuniu apresentações artísticas, debates, palestras e momentos de celebração, envolvendo toda a comunidade escolar e o público presente. O evento foi organizado em parceria com as duas escolas e apoio da empresa Socializa, com suporte operacional da Seap e Polícia Penal. A mediação foi da escritora pedagoga e letróloga da Socializa, Rute Praxedes.

A abertura ficou por conta dos estudantes do Colégio Estadual Adonias Filho, que apresentaram banners com personalidades negras da região grapiúna, destacando figuras históricas que contribuíram para a formação social e cultural do Sul da Bahia. Logo depois, os alunos da Rede Municipal emocionaram o público com um jogral sobre personalidades afro-brasileiras e, ao lado da plateia, entoaram a música Ilê Aiyê, criando um ambiente de pertencimento e celebração.

A energia seguiu com o grupo de Hip Hop “Mensageiros do Fim”, que apresentou músicas recheadas de crítica social, reforçando a potência da cultura urbana como veículo de consciência e resistência. Na sequência, a oficina de teatro arrancou aplausos com uma apresentação de fantoches conduzida pelo professor Marcos Nô, que abordou temas relevantes de forma leve e lúdica.

O turno matutino também contou com duas palestras de destaque. A professora Maria Domingas trouxe o tema “Se é pra falar de amor: o auto-amor como prática de liberdade”, convidando os presentes a refletirem sobre identidade, autocuidado e afetos. Depois, a professora Lúcia Ramos iniciou sua fala com uma música entoada junto ao público e conduziu a palestra “Educação como ferramenta de transformação e enfrentamento ao racismo”, reforçando o papel da escola na construção de uma sociedade mais justa.

Encerrando a manhã, quatro alunas declamaram poemas carregados de resistência, ancestralidade e afirmação da cultura negra, emocionando o público. Em clima de confraternização, foi servida uma tradicional feijoada, marcando o intervalo para o almoço.

Diálogos internacionais

As atividades foram retomadas com a leitura de um poema de Nêgo Bispo pelos alunos da Rede Municipal, seguida de uma conversa enriquecedora com o professor camaronês Hans. Ele compartilhou suas vivências no Brasil e dialogou com os estudantes sobre identidade, cultura e experiências interculturais, ampliando o olhar dos participantes para realidades diversas.

Na continuidade da programação, o grupo de Hip Hop “Todo na Pala” animou o público com letras de ritmo e consciência. O evento seguiu com apresentações de capoeira, maculelê e roda de samba, evidenciando a força da cultura popular afro-brasileira.

Em um dos momentos mais simbólicos da tarde, o diretor da unidade, José Fabiano, destacou a importância de ações como essa para o desenvolvimento humano, a valorização das identidades e o fortalecimento do respeito e da convivência democrática. “Gostaria de parabenizar a todos os participantes e a todos aqueles que contribuíram para a realização deste evento”.

Para fechar o dia com afeto e ancestralidade, foi servido aos presentes um saboroso acarajé – ícone da culinária baiana e símbolo de resistência e identidade cultural.

(Fotos e imagens Alan Santos – CPI)

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