As estudantes Maria Clara Oliveira Matos e Débora Kailane de Oliveira, ambas de 16 anos, do 2º ano do Colégio Estadual João Francisco da Silva, no município de Sítio do Quinto, ganharam a primeira colocação na categoria “Educação Básica de outros estados” do Concurso Literário Cordel – Covid, com o cordel de suas autorias, “Memória de um quase fim”. Promovido pela Feira Científica de Sergipe (Cienart) e realizado virtualmente, por conta da pandemia do novo Coronavírus, o concurso tem como objetivo mobilizar a comunidade escolar para a produção e divulgação do cordel, a partir de um tema e, este ano, foi a Covid-19, em uma articulação entre ciência e arte. Os cordéis mais bem posicionados no concurso vão compor um livro de antologia, ainda sem data para ser publicado.

Durante esses meses de suspensão de aula, decorrente da pandemia, a unidade escolar não parou de produzir, passando a realizar atividades remotas, por meio das ferramentas Google Formulário, Google Meet e WhatsApp, como ressaltou o professor de Biologia, Mateus Ferreira, responsável pela orientação do projeto protagonizado por Maria Clara e Débora. “A vitória delas é muito significativa para toda a escola, porque serve de estímulo para que todos estudantes acreditem em seus potenciais e representa a garra deles que, apesar das inúmeras adversidades, conseguem encontrar razões para produzir, refletir sobre a sua realidade e elaborar um material com qualidade”, disse.

O educador explica que a produção dos textos em formato de cordel teve como base o conteúdo curricular da sua disciplina, no Virologia. “Sugeri aos estudantes que participássemos do concurso por instigar o regionalismo através da Literatura de Cordel, que sempre valorizo no trabalho pedagógico com eles. No decorrer, fiz as inscrições dos trabalhos que mais se destacaram, vencendo o de Maria Clara e Débora, que publicamos no Youtube e já teve quase mil visualizações”, comemora, destacando que a premiação é resultado “da criatividade, da mobilização e do compromisso dos estudantes”.

Maria Clara conta que o cordel ‘Memórias de um quase fim’ relata a experiência humana diante da pandemia da Covid-19 em diferentes pontos de vista, mas sem perder a narrativa nordestina diante dos fatos. “Criamos o texto como se estivéssemos contando, futuramente, o que aconteceu na pandemia, relatando memórias que estiveram tão presentes em 2020”. Ela fala também da emoção da vitória no concurso, junto à colega Débora. “Quando o professor Mateus falou que tínhamos sido selecionadas, fiquei muito ansiosa e feliz, porque o cordel é um desafio prazeroso e não tão fácil de se envolver.  Mas foi uma ansiedade muito boa, porque pudemos desenvolver nosso lado criativo. Ganhar o primeiro lugar no ranking dos ‘outros estados’, representando a Bahia, foi extremamente gratificante. Primeiro porque a Literatura de Cordel não é tão valorizada na sociedade, então conquistar uma vitória para o cordel foi muito especial, assim como foi importante chamar a atenção para o colégio onde estudo e para a minha cidadezinha nordestina Sítio do Quinto”, revela.

A colega Débora também fala entusiasmada da sua experiência com a produção do cordel e a participação no concurso. “De início, foi um grande desafio tanto para mim, quanto para minha parceira de projeto. No entanto, encaramos de uma forma positiva, pois seria uma grande oportunidade de levar o nome do nosso colégio e a nossa pequena cidade a um concurso em outro estado. O nosso professor orientador foi essencial para a produção desse cordel, pois sempre esteve presente, dando o suporte necessário. No âmbito escolar, foi uma forma de explorar nossos conhecimentos e ver que podíamos ir bem além do convencional, sendo cordelistas por um momento. Foi uma experiência que enriqueceu bastante a nossa visão em relação a produções como essa. Ter conseguido o primeiro lugar foi um sentimento inexplicável, sensação de dever cumprido e bastante orgulho de nós e da nossa produção. Sem dúvidas, embarcaríamos em mais experiências como esta, que foi extremamente gratificante”, revela.