Ilhéus, 491 anos de história: desafios para o futuro!

Com uma riqueza que integra história, geografia privilegiada, cultura, biodiversidade e economia, Ilhéus completa, neste 28 de junho, 491 anos de existência.

por Redação
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Por Alessandro Fernandes

Com sede político-administrativa composta por 27 bairros e 11 distritos em uma vasta zona rural, Ilhéus faz limite com nove municípios. Sua área litorânea, a maior da Bahia, torna-a um dos municípios mais importantes do estado. Conhecida carinhosamente como a Princesinha do Sul, Ilhéus tem muito a comemorar, mas também muito a refletir sobre seu passado, presente e futuro.

Às vésperas de completar 500 anos, Ilhéus atravessou, ao longo de sua história, momentos de expansão e crises econômicas — algumas narradas por diversos escritores e escritoras, com destaque para o nosso Amado Jorge. O escritor é homenageado em três importantes equipamentos de transporte e logística da cidade: o aeroporto, a rodovia Ilhéus-Itabuna e a ponte estaiada Centro-Pontal, além de ter o seu nome num dos Pavilhões da nossa Uesc. Essas estruturas conectam Ilhéus ao mundo, mas é sua literatura que efetivamente projeta seu nome internacionalmente. Jorge Amado é membro fundador da prestigiosa Academia de Letras de Ilhéus.

Após a última grande crise da lavoura cacaueira, Ilhéus teve de se reinventar. O município, outrora exportador de amêndoas de cacau, passou a produzir chocolate, agregando valor ao produto e promovendo seu próprio Festival Internacional, explorando profissionalmente seu potencial. Paralelamente, buscou alternativas para o desenvolvimento, como a criação do polo de informática.

Nos últimos anos, Ilhéus foi impulsionada por investimentos do Governo do Estado, como a BA-649 (nova rodovia Ilhéus-Itabuna, em construção), a ponte estaiada Centro-Pontal, os hospitais Regional Costa do Cacau e Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, a duplicação da BA-001 (trecho Pontal-Cururupe), a requalificação da Zona Norte, entre outras parcerias com os governos Estadual e Federal, em conjunto com o setor privado, que viabilizam a FIOL (Ferrovia Oeste-Leste) e o Porto Sul. Esse conjunto de investimentos públicos estimulou também o setor privado, com destaque para a construção civil, o turismo, o comércio, o ensino superior e a retomada do polo industrial.

Esses investimentos, embora fundamentais, trazem consigo bônus e possíveis ônus. Nesse sentido, obras estruturantes são necessárias não apenas para mitigar impactos negativos, mas, sobretudo, para proporcionar melhor qualidade de vida à população e aos visitantes.

Pensar grande! Esse deve ser o horizonte de Ilhéus. É preciso adotar um modelo de desenvolvimento equilibrado, sustentável, inclusivo e inovador, capaz de modernizar o município com as tecnologias e metodologias de gestão já em uso em grandes cidades brasileiras — as chamadas “cidades inteligentes”. Tais modelos envolvem desenvolvimento urbano e rural, transformação digital e práticas de governança colaborativa, acompanhadas de políticas de financiamento e investimentos em saúde, educação, agricultura, assistência social e infraestrutura.

Ilhéus terá de enfrentar desafios complexos, o que requer planejamento holístico de curto, médio e longo prazos, envolvendo diversos atores sociais e institucionais: poder público, setor empresarial, classe trabalhadora, entidades de classe, universidades, ONGs, movimentos sociais, associações e a sociedade civil como um todo. Só assim será possível fortalecer seu valioso tecido social.

Algumas ações já estão em curso nessa direção, baseadas em informações de instituições como as universidades, a Agência de Desenvolvimento Regional (ADR) Sul da Bahia, e por iniciativas de monitoramento social, a exemplo das realizadas pelo Instituto Nossa Ilhéus.

As estreitas relações com a Uesc, no atual cenário político entre os governos Estadual e Federal, são fundamentais para o presente e o futuro do município. No entanto, não se pode perder de vista o protagonismo de Ilhéus na condução de seus próprios destinos e nos da Região Sul da Bahia. É necessário criar e fortalecer articulações interinstitucionais, intersetoriais e intermunicipais.

Um exemplo dessa articulação está presente na extensão da Rodovia Jorge Amado, que une nossas duas cidades-polo à região e, em conjunto com o aeroporto e o porto de Ilhéus, conecta-nos ao mundo.

Ao longo dessa rodovia — também conhecida como “A Estrada do Conhecimento” — estão localizados: o campus Professor Soane Nazaré de Andrade da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), com o Centro de Inovação do Cacau (CIC), o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), a Fábrica de Chocolate da Economia Solidária, a sede do Parque Tecnológico do Sul da Bahia, a Base Ambiental, entre outros; o campus da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB); a sede da Ceplac; um campus do Instituto Federal da Bahia (IFBA); a unidade do SESI/SENAI com a escola Adonias Filho e o Instituto Euvaldo Lodi; o Hospital Costa do Cacau e a Policlínica Regional.

Respeitando a diversidade e a pluralidade da sociedade ilheense — sua maior riqueza — é essencial refletirmos sobre nossas escolhas e papéis sociais e institucionais. Mais do que nunca, é preciso unir esforços para promover o desenvolvimento do nosso município. Refiro-me, aqui, diretamente a todos os atores citados anteriormente.

Em nome da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) e do Centro de Desenvolvimento em Eletroeletrônica de Ilhéus (Cepedi), com alegria, saúdo Ilhéus!

A Uesc, com campus no Bairro Salobrinho, possui 819 docentes, 384 técnicos administrativos e cerca de dez mil estudantes distribuídos em 35 cursos de graduação e em programas de pós-graduação: 8 doutorados, 25 mestrados e 8 especializações. A Universidade realiza suas atividades finalísticas de ensino, pesquisa e extensão, além de promover a inovação tecnológica e o processo de internacionalização. Atualmente, possui convênios com mais de 50 instituições de ensino superior em 27 países. Dessa forma, a Uesc contribui efetivamente para o desenvolvimento local e regional, cumprindo sua função social e sua missão maior: transformar vidas. A Uesc é patrimônio da sociedade baiana e orgulho de todos nós.

O Cepedi, com origem em Ilhéus, vem expandindo suas atividades para outras regiões do Brasil e já alcança outros países. Atualmente, desenvolve o software que será embarcado no primeiro tomógrafo com tecnologia genuinamente brasileira. Uma vez concluído, esse projeto colocará Ilhéus no mapa-múndi da tecnologia e inovação.

Em 28 de junho de 2034, o Brasil — e parte do mundo — voltarão os olhos para Ilhéus, pela importância da data comemorativa. Afinal, o município foi uma das 14 capitanias hereditárias. Neste dia, o Governo Federal deveria transferir simbolicamente a capital do país para Ilhéus.

As janelas de oportunidade estão abertas!

É preciso manter os olhos atentos, os pés firmes, os braços dispostos ao trabalho e as mentes voltadas à construção de um futuro promissor. O desenvolvimento de Ilhéus é também o desenvolvimento de toda a Região Sul da Bahia, pois Ilhéus é, para todos nós, um grande farol.

Viva Ilhéus!

Alessandro Fernandes é Reitor da Uesc, Economista, Administrador e Doutor em Desenvolvimento e Presidente do Conselho de Administração do Cepedi

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