Cinco minutos, e o Itabuna em cima do Madre de Deus. O azulino tenta a todo custo um golzinho salvador, mas está sem coordenação nos ataques. E, para complicar, se expõe ao contra-ataque.
O momento é de apreensão.
Precisa-se de um gol desesperadamente. Com o empate entre Colo Colo e Ipitanga (0x0), nesse momento basta um empate para o Itabuna se garantir primeira divisão do Baianão 2011.
Os times voltam a campo em instantes para o reinício das batalhas que vão definir os dois rebaixados e os dois que se safam da degola. Por enquanto, vai dando Colo Colo e Madre de Deus.
Com as rádios AM fora do ar em Itabuna, o jeito é ir sofrendo do jeito que se consegue. Por enquanto, a notícia que chega de Madre de Deus é que o Itabuna está perdendo, por um a zero. Esse resultado é péssimo para o Azulino.
O gol do Madre foi marcado por Róbson, aos 17 minutos. Em Itabuna, o ‘gol da informação’ foi da Rede Brasil de Notícias, o antigo Jornal Sports News. O jogo lá já vai passando dos 30 minutos.
Nesse corre-corre, o mecânico pedia a todos os motoristas dos carros que passavam que emprestassem um extintor, que poderia salvar o patrimônio de alguém e ainda evitar um acidente mais grave.
Dezenas de curiosos se aglomeraram, mas apenas movidos pela vontade de ver o estrago. Nenhum motorista parou. O valor da recarga de um extintor pequeno custa entre 10 e 20 reais.
Quando parecia que não havia mais jeito, que só restava contemplar as chamas, surgiu umsalvador da pátria: o bombeiro André Maurício (na foto, de camisa preta), que estava de folga e passava pelo local.
Com a ajuda de um extintor emprestado pelo pessoal do Arquivo Público Municipal, além do seu próprio, o profissional conteve as chamas que já estavam consumindo toda a frente do Santana.
Por sorte, ninguém ficou ferido, e o prejuízo material foi o mínimo possível, dadas as circunstâncias. Mas o episódio mostrou bem a falta de solidariedade dos motoristas que passaram pelo local e negaram auxílio ao proprietário no momento de desespero.
Está programada para daqui a pouco, às 19 horas, o lançamento da campanha tríplice da CDL-Itabuna. A nova campanha vai ter duração de 80 dias, compreendendo as datas comemorativas aos dias das Mães, dos Namorados e o São João.
Com o tema Centenário da Sorte no Comércio de Itabuna, a campanha sorteará 100 vales-compras no valor de 400 reais cada, 10 televisores de LCD, duas motos e um carro zero quilômetro. Na próxima segunda-feira, uma carreata vai ‘botar a campanha na rua’, literalmente.
Havia uma convocação, feita pelo vereador Solon Pinheiro (PSDB), para uma sessão especial na Câmara, ontem, na qual seria discutida a escalada da violência em Itabuna.
A sessão chegou a ser divulgada e, por se tratar de tema tão palpitante, havia a expectativa de ampla participação, inclusive de representantes das forças policiais e do poder público, além de representações da comunidade.
Não ocorreu. Não se sabe por quê, a sessão minguou. Alguns vereadores até foram vistos no prédio da Câmara, na expectativa da sua realização. Mas nenhuma "autoridade" deu as caras. Faltou cloro. Ou faltou prestígio?
Durante a sessão, Roberto de Souza (PR), Raimundo Pólvora (PPS) e Gerson Nascimento (PV), aproveitaram o tema saúde para denunciar, mais uma vez, o sucateamento do Hospital de Base Luís Eduardo Magalhães.
Maior hospital público do sul da Bahia, o HBLEM é alvo de críticas de usuários e de técnicos, a exemplo do secretário estadual da Saúde, Jorge Solla. Para o gestor, falta gerenciamento.
"Olhando de cá, percebemos que o que mais falta ao hospital é respeito com os pacientes", dispara Roberto de Souza. De acordo com ele na instituição são encontrados problemas graves nas enfermarias, centro cirúrgico e falta de medicamentos.
Pelo andar da carruagem, em breve o senhor Antônio Costa, presidente do IASI, mantenedor do hospital, será convidado à Câmara para esclarecer a situação. Essa possibilidade até foi levantada na sessão de hoje, mas não chegou a ser definida.
A sessão plenária da Câmara Municipal de Itabuna dessa tarde passou dos seus próprios limites – e olhe que os limites estabelecidos há tempos por figuras como Pedro Egídio e o eterno Didi do INSS não são nada discretos. A vereadora Rose Castro (PR) protagonizou – de novo – cenas dignas da fina comédia.
Uma delas foi quando rebateu o colega de bancada Raimundo Pólvora (PPS), que fazia críticas ao funcionamento do Hospital de Base: "Não quero entrar no inquérito dessa questão, mas se eu fosse prefeita, não iria admitir que um vereador de minha base falasse mal de minha administração".
Todos concluíram que ela quis dizer "mérito", e não "inquérito". Mas ninguém entendeu essa veia ditatorial de uma parlamentar, que briga com seus confrades para defender a perseguição do Executivo contra membros do Legislativo.
O riso, a essa altra era geral. Ainda mais porque, um pouco antes, a nobre vereadora, do alto de sua humildade, mandou: "Hoje é o Dia do Jornalista, e eu queria homenagear esses profissionais. Mas, antes, quero fazer uma homenagem a mim mesma, porque eu mereço".
Sem comentários…
Daniel Thame | www.danielthame.blogspot.com
Maysa Cordeiro Macedo, de 18 anos, estudante, moradora de Ibicui, pequena cidade encravada entre o Sul e Sudoeste da Bahia, é mais uma vítima da violência.
Na madrugada do último sábado, Maysa levou um tiro de escopeta, quando viajava de carona numa moto.
Ao contrário do que é praxe nessa escalada de violência insana e sem limites, a jovem não foi morta durante uma tentativa de assalto, por um desses marginais para quem a vida não tem valor algum.
Maysa foi vítima de um misto de imprudência e despreparo, baleada mortalmente por um policial que, em tese, deveria justamente protege-la e proteger os demais cidadãos de bem.
Imprudência e despreparo, sim, posto que a morte de Maysa pode ser incluída no rol das evitáveis, não fosse a conjugação desses dois fatores.
O motorista da moto em que a jovem estava passou diante de uma blitz realizada pela polícia. Como estava sem habilitação e com os documentos do veículo em situação irregular, em vez de parar, decidiu seguir em frente.
Um dos policiais que atuavam na blitz, optou pela pior maneira de fazer o motoqueiro parar: atirou. Segundo ele, para acertar um dos pneus da moto.
Se acertou o pneu, isso é irrelevante, diante da tragédia que sucedeu.
Estilhaços do tiro de escopeta atingiram a estudante, que ainda foi socorrida com vida, mas faleceu antes de chegar ao Hospital de Base de Itabuna.
O policial agiu no melhor (ou pior) estilo "primeiro atira, depois pergunta", praxe que há muito deveria ter sido extinta da cartilha de procedimentos, mas que infelizmente não chega a ser uma exceção durante as abordagens.
Óbvio que vai se alegar que ocorreu uma lamentável fatalidade.
Óbvio também que o policial não teve a mais remota intenção de atingir Maysa.
Mas, ao agir com a imprudência com que agiu, amplificou as chances de que isso viesse a ocorrer, como de fato ocorreu.
Um pouco mais de cuidado com a capacitação e com o tipo de policial que se coloca nas ruas certamente irá contribuir para evitar que uma simples blitz se transforme numa tragédia pessoal e familiar.
Para Maysa, que pegou uma carona sem volta, será tarde demais.
Daniel Thame é jornalista e blogueiro