Eis uma questão que as mulheres entendem bem: o orçamento doméstico. Tem mulheres que são capazes de operar milagres, transformando um precário salário-mínimo brasileiro em diversos pagamentos como: aluguel, alimentação, taxas de água e energia elétrica. Isto porque, estas mulheres sabem priorizar fatos e problemas do cotidiano doméstico que necessitam ser solucionados, para o eficaz e rentável funcionamento do ambiente doméstico. As mulheres sabem que não podem gastar o dinheiro do orçamento doméstico com seu deleite, porque certamente faltará alimento para os filhos.

Esta mesma inteligência doméstica poderia ser levada para o universo da administração pública, o que contribuiria com o desafio de gestores públicos administrarem o pouco recurso em benefício do interesse coletivo.

Este processo não é feito de qualquer forma, isto é, conforme interesses privados de um prefeito, por exemplo.  Primeiramente, forma-se a agenda política, a qual perpassa no momento em que, um chefe do executivo reúne com sua equipe de técnicos e identificam quais são os problemas que deverão ser enfrentados pelo seu governo, e formula a agenda, através de políticas públicas adequadas, para uma útil e eficaz atuação governamental, ao bem-estar comum.

Em diversos lares brasileiros, a mulher almeja alimentar todos os filhos e esposo e manter a estrutura física de uma casa em perfeito funcionamento,  e da mesma forma, o gestor público, seja ele prefeito ou qualquer outro gestor, deve identificar quais são os principais problemas de seu município e formular  soluções mais adequadas, amparando sua tomada de decisão, sem levar em conta  a reeleição e os interesses privados, mas considerando conhecimentos técnicos, que irão subsidiar as escolhas e aplicação de recursos públicos com políticas públicas adequadas.

Ao invés de eleger as prioridades, cria-se nestas prefeituras ambientes de coronelismo e clientelismos, que são velhas práticas, que mantêm oligarquias políticas, numa ilusória administração pública.  Muitos prefeitos agem através de intimidações, ameaças de perda de emprego e rompimento de prestação de serviços. Assim como, geram uma dependência através de uma rede contratos milionários, cargos comissionados e até, alguns fantasmas.

Mesmo com a burocracia administrativa não é difícil identificar as prefeituras de cabrestos, as quais estabelecem, desde o início da gestão, contratos ociosos e milionários, farta distribuição de cargos comissionados de pessoas existentes e não existentes e uma boa lábia de eternas promessas. Tudo consubstanciado, para não contemplar uma agenda política ao bem comum e sim sua agenda privada.

Preste atenção no exercício de sua prefeitura, política não é apenas nas eleições, faz parte do nosso dia a dia.

 

Lisdeili Nobre é membra da Academia Grapiúna de Artes e Letras ocupando a cadeira n.º 07, doutoranda em Políticas Sociais e Cidadania, delegada de Polícia Civil, docente do Curso de Direito na Rede UNEX, cronista de diversos blogs, abolicionista Penal, feminista,  ativista social e apresentadora do Política sem Mistério transmitido pela TVi.