Durante a pandemia a fisioterapia mostrou a sua importância, imprescindível no cuidado aos pacientes acometidos da Covid-19. “Antes disso, muitas vezes me perguntavam o que um fisioterapeuta fazia numa UTI, se era massagem”, lembra a profissional Maria Helena Santos, que trabalha no Hospital São José, unidade hospitalar da Santa Casa de Misericórdia de Ilhéus. Mas para o presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Crefito 7), Gustavo Fernandes Vieira, que veio de Brasília para participar da solenidade, esse olhar externo agora é outro.

Ele lembra que a Fisioterapia é a área da ciência que mais publica artigos científicos no mundo. São 14 áreas de especialidades e o resultado da sua atuação reduz significativamente índices de mortalidade, consumo de oxigênio nas UTIs e tempo de internação hospitalar. Mas ressalta: a ciência, por si só, já não basta para a categoria. “Precisamos de fortalecimento político, dialogar com a sociedade e lutar de forma unificada pelos nossos direitos e os direitos dos cidadãos”.

A reflexão foi feita ontem (18) à tarde, durante Sessão Especial realizada pela Câmara de Vereadores de Ilhéus, para comemorar o dia do Fisioterapeuta, transcorrido semana passada. A iniciativa partiu do vice-presidente da Casa, Fabrício Nascimento (PSB), graduado na área. Participaram da solenidade, profissionais, lideranças da categoria e estudantes de faculdades do eixo Ilhéus-Itabuna.

“Este é, de fato, um momento de debater novas políticas públicas para a categoria, ocupando, inclusive, espaço na atenção básica”, destacou a professora Karla Gresik, coordenadora do curso na Faculdade Madre Thaís. Para a professora, é preciso lutar pela manutenção da autonomia profissional, tema que a preocupa bastante.

O assunto que também dominou os debates na solenidade da Câmara foi a necessidade cada vez maior de trabalhar processos de humanização no atendimento à população. Isso, segundo os profissionais, ficou ainda mais evidente no atendimento de pacientes graves da Covid-19. A fisioterapeuta Poliana Dórea, formada há 17 anos, viveu, ano passado, os dois lados da história. Atendeu diversos casos graves da doença, mas precisou acompanhar o próprio marido, médico, por 24 dias na UTI, em momentos delicados do novo coronavírus. “Estava acostumada a cuidar de pessoas, atender pessoas. Daí me vi como acompanhante. E isso me permitiu ter um olhar ainda mais aguçado para a necessidade de humanização no tratamento. Tenham cuidado com o que falam. Ele (o marido) depois me revelou que ouvia tudo. E isso não cheguei a perguntar a outro paciente”, testemunhou.

A necessidade da formação de novos profissionais cada vez mais éticos foi defendida pela professora Ana Luísa Nascimento. “O que vemos aqui hoje na Câmara não é um ato político. É ato de amizade, onde devemos cultivar o sentimento ético. E para as pessoas que estão chegando na profissão, é uma mensagem, sobretudo, de valor e de amor”, disse. A Fisioterapia tem como objeto de estudo os movimentos humanos. A graduação em Fisioterapia dura em média de 4 anos e a formação é baseada em Ciências Biológicas e da Saúde. Além das disciplinas teóricas, o curso de Fisioterapia possui aulas em laboratórios e atividades práticas em clínicas.

Profissionais e convidados foram homenageados pela Câmara, que reconheceu os serviços prestados da categoria à sociedade. O próprio vereador Fabrício Nascimento fez a entrega dos diplomas de reconhecimento.