O vereador e atual presidente da câmara de São Gonçalo dos Campos, cidade a cerca de 115 km de Salvador, Josué Oliveira (PP), mudou a data da votação para o posto mais alto da casa e vai disputar o quarto mandato sozinho. Outros edis, que também queriam concorrer ao cargo, afirmam que não foram avisados da alteração.

O edital que estabeleceu os dias de inscrição e votação foi publicado no dia 15 de fevereiro, e antecipou a eleição para o dia 18 de março. Até então, os interessados teriam como prazo o final do mês de setembro, para concorrer à presidência.

Com a antecipação, as inscrições foram encerradas no final da tarde de quinta-feira (24) e apenas a chapa de Josué, que já está no terceiro mandato como presidente da câmara, está inscrita. Segundo ele, a lei garante o adiantamento.

Josué alegou que adotou a providência porque a votação local coincidiria com as eleições presidenciais. Ele afirma que não pretende voltar atrás da decisão, que foi publicada em Diário Oficial.

“Já foram feitos os trâmites legais e a gente vai dar continuidade. Não tem como voltar atrás. Inclusive, aqui no dia da inscrição, tinham sete vereadores aqui na câmara. Eles tinham até 48 horas para reclamar, para impugnar o edital. Foi feito todo o trâmite”, argumentou.

Quatro vereadores que também estavam interessados na presidência da câmara dizem que não sabiam do edital e da antecipação da eleição. Eles dizem que não foi feita nenhuma publicação para divulgação do documento e pedem o cancelamento do ato.

“Agora a gente, montando a nossa chapa, fomos pegos de surpresa dessa forma. Fiquei muito triste. Eu não entendi o porquê do presidente ter tomado essa decisão totalmente ‘descomportada’”, lamentou o vereador Joilton Batista, do mesmo partido que Josué.

O Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) informou que acompanha a situação. Para o vereador Gonçalo Raimundo (Solidariedade), a antecipação tem que ser revista.

“A gente aguardou chegar o mês de setembro, que é o mês que ele mexeu no regimento interno. Fomos pegos de surpresa ao retornar, porque a câmara estava em recesso. Como é que os vereadores vão tomar conhecimento de uma portaria, se estava em recesso? Se não foi comunicado pela direção da casa? Nem por WhatsApp, nem nada”, disse ele. (Com informações do G1)