A REABILITAÇÃO MUSICAL DE VALDEMAR BROXINHA

por Domingos Matos
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Por Walmir Rosário

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Os sonhos fazem parte da vida de qualquer ser humano, isto é fato, embora possam ser diferentes, como os dedos de nossas mãos, mas existem e são guias para a formação de cada um. Apesar de não ter qualquer estudo ou formação em psicologia ou atividade afim, já presenciei muita gente abandonar os sonhos da infância e juventude e partir para caminhos diferentes.

Volta e meia somos surpreendido com mudanças substanciais na vida de uma pessoa que enveredou por um caminho profissional e lá pra frente embica por outro, sem qualquer aviso-prévio. Na carreira acadêmica não é diferente e não sei o que passa na cabeça dessas pessoas, que próximos a receberem os canudos mandam tudo pros ares, recomeçam em outro curso e se sentem felizes.

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Eu não escondo a admiração que tenho pelas pessoas que desde cedo se envolvem pela carreira musical – mesmo a amadora –, pela dedicação, como se não houvesse “outro amanhã” nesse mundão de Deus. Envolvem-se com a arte de cantar ou os instrumentos musicais nas manhãs, tardes e noites com a vocação de um monge a repetir mantras sagrados com a maior tranquilidade.

Num desses sábados passados, como de costume, cheguei à casa de meu amigo e parceiro de ronda nos bares de Canavieiras, Valdemar (Araújo) Broxinha, para sairmos sem lenço ou documento. Jogaríamos conversa fora, veríamos os amigos, apreciaríamos algumas cervejas, tira-gostos de sustança, sempre ao som do violão e voz desse sonoro amigo.

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Para minha surpresa, ele já me esperava na varanda fazendo vibrar as cordas do violão em sonoras melodias. Espantei-me, não pelo fato de tocar e cantar, mas das músicas que ora executava com total maestria, pois se tratavam das obras de Sir Charles Spencer “Charlie” Chaplin, Jr, compostas para seus filmes, e que fizeram e fazem um estrondoso sucesso em todo o mundo.

Ele dedilhava Smille, do filme Tempos Modernos; Feelings, de Morris Albert; passando por Maria Helena, cantada por Altemar Dutra; dentre outras obras de sucesso. E Valdemar somente encostou o violão para me servir uma bela cachaça, Amansa Búfalo, se não me engano. Retomou a apresentação apenas com a minha presença na plateia. Senti-me deverasmente privilegiado.

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Como sou conhecedor do sentimento de Valdemar Broxinha, me conservei calado, ouvindo com atenção aos acordes sonoros do violão e sua voz suave, apaixonada pelo repertório escolhido. Nosso músico não tem nada a ver com o outro conterrâneo baiano, João Gilberto, mas também se irrita com os presentes que não respeitam a apresentação artística, mesmo em um boteco.

Nos áureos tempos da Bossa Nova e Jovem Guarda Valdemar Broxinha, crooner da Banda Christians, de Canavieiras, era sucesso garantido em suas apresentações nas matinês, vesperais e soirées. Entre os pontos altos da banda, além do repertório e sonoridade, a impecável vestimenta de cortes bem assentados nos smokings, passeio completo e, no máximo esporte fino.

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E o repertório dos Christians não ficava nada a dever aos grandes artistas nacionais e internacionais, tanto assim que ensaiavam os novos lançamentos para entregar – de pronto –, aos seus fãs. Naquela época fazia sucesso a música “Meu nome é Gal” e os músicos se esmeraram nos ensaios a semana inteira visando estar tinindo na apresentação de domingo em Camacan.

Mas eis que nosso artista resolveu esnobar e, sem comunicar aos integrantes da banda, se apresentaria com uma veste hippie, incluindo uma peruca com os cabelos desgrenhados como a própria Gal Costa. E a plateia não cansava de pedir o sucesso Meu nome é Gal. A banda faz uma pausa e ao retornar, entra o crooner Valdemar Araújo com seu personagem cantando como se fosse a própria Gal Costa.

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Assim que entram no palco e começam a cantar, a plateia, atônita, inicia a apupar o personagem encenado por Valdemar, que contrastava com o restante dos músicos, estes em seus comportados ternos. Nova música, Valdemar retorna com sua vestimenta padrão e o baile segue normalmente, embora nosso crooner tenha permanecido magoado com as troças.

O show em Camacan foi a gota d’água para Valdemar encerrar sua carreira, sob o pretexto de prejuízo nos seus afazeres profissionais na empresa em que era dirigente. Agora somente tocava com os amigos. E foi justamente o amigo Batista quem resolveu reabilitá-lo na sua carreira intermunicipal, marcando com seu compadre Almir uma apresentação no conceituado boteco Katixa, na vizinha cidade de Una.

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E na sexta-feira partimos para Una com a disposição de presenciar uma apresentação de Valdemar Broxinha, em alto estilo, dando a volta por cima em um show intermunicipal, após quase meio século do episódio de Camacan, a ser definitivamente esquecido. Batista, este que vos fala, o Almirante Nélson e Alberto Fiscal. Apoio moral em peso.

Reunido o público frequentador todas as atenções eram voltadas para Valdemar Broxinha e seu violão. E ele iniciou o show com muito cuidado, se preparou com as honras da casa após umas cervejas e um mocofato de fazer gosto. Sou testemunha e dou fé que Valdemar foi sucesso absoluto, tanto assim que duas novas apresentações foram agendadas: uma em Canavieiras e a volta triunfal a Una.

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Finalmente o fantasma de Camacan foi exorcizado!

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado

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