Por José Antonio Loyola Fogueira

Era final dos anos 60 do século passado(1969), no bar Stonewall, um reduto gay no bairro Village em Nova York, frequentado por centenas de pessoas do universo LGBTQI+, e na noite de 28 de Junho de 1969, em mais uma batida da policia moral de Nova York, que eram frequentes e muito violenta e arbitraria com este publico acontece o inesperado: O publico deste bar se revolta e resiste nas mesmas proporções da policia, e esta revolta toma as ruas do bairro e se estende por cerca de 10 dias. Mas de onde vem essa ação, da liberdade e ousadia dos Bealtos, do grito de liberdade dos hippies, da força do movimento feminista. Assim em 28 de Junho 1970, a passeata de comemoração do primeiro ano de Stonewall, nascia a primeira Parada do Orgulho LGBT.

De lá para cá muitas coisas aconteceram inclusive a AIDS, que muito ensinou ao movimento LGBTQI+, a se reinventar e sobreviver de outras formas e incorporando outras lutas que não só a das liberdades de minorias sexuais, não se pode pensar em ser LGBTQI+, sem que se coloque em sintonia de igualdade o feminismo, a luta contra o racismo e tudo mais que tenta diminuir e segregar pessoas seja pelo qual motivo for. Hoje, e mais que nunca a nossa batalha é na manutenção dos frágeis direitos conquistados, o direito às uniões legais, à adoção, o uso do nome social, e a garantia do estado brasileiro na equiparação às agressões contra esta população equiparadas às agressões contra negros através da lei contra racismo.

É preciso VIGIAR, pois em cada esquina existe uma armadilha que pode nos sequestrar em nossa existência, até o sagrado pode ser usado como arma contra nós, não nos permitamos que continuemos invisibilizando corpos e pessoas que fogem à regra de padrões que este próprio movimento alimenta, existem outros que “borram as margens”(LOURO, 1998). E estes devem ser diuturnamente protegidos, o nosso ORGULHO, é sermos irmão nos sofrimentos e nas alegrias. Não podemos hoje repetir os erros deste movimento, que excluíram pessoas tão importante na revolta de Stonewall(1969), como Marshall P. Tompson, morta em um assassinato insolúvel até os dias de hoje, ou Silvia Rivera que teve seu fim como moradora em “situação de rua” nas periferias de Nova York.

Quero hoje celebrar um ORGULHO, que nos uni como humanos, na igualdade de lutas e direitos, e possamos construir uma unidade de consciência politica que nos elevará a outros patamares nas esferas de construção social desta nação. E porque eu falo de pessoas TRANS* e Corpos TRANS, porque eles são os mais notados, e por isso os mais violentados(MOTT,2002), em pessoas como Keylas, Indianaras, Thiffanys, Sabrinas, Samaras, Jaquelines, Jovannas, Lúcias, Lauras, Natalhas, Melissas, Brunas, Safiras, Melissas, Camilas, Barbaras, Katias, Antonio, Pedros, Joãos, Josés, Matheus, Paulos, Henriques, e todxs que escapam em vivências.

Assim são nossas existências uma criança frágil que requer um cuidado diário, um olhar VIGILANTE, e atento. Pois afirmo a todxs com muito ORGULHO, há perigos nas esquinas. E para além de colher e levar as flores que nascem em nossos jardins, precisamos cuidar de nossos jardins.  Quero hoje agradecer pelas mãos que me trouxeram até aqui, não posso citar nomes pois vocês são muitxs.    

*Referencia à Travestis, Mulheres e Homens Transexuais.

Referências:

LOURO, Gaucira Lopes.  Um corpo estranho. Ensaios  sobre a sexualidade e teoria queer. 2ª Edição.  Editora Autentica. Belo Horizonte.  2013.

MOTT, Luiz et al. O crime Anti-Homossexual no Brasil. Editora Grupo Gay da Bahia, Salvador. 2002.

Fantástico: Revolta de Stonewall completa 50 anos e é considerada marco do movimento LGBT. Disponível em: < http://www.doistercos.com.br/fantastico-revolta-de-stonewall-completa-50-anos-e-e-considerada-marco-do-movimento-lgbt-assista/>. Acesso em: 27 mai. 2019.

_______________

José Antonio Loyola Fogueira é pedagogo