Adylson Machado

Adylson MachadoA entrevista concedida ao AGORA (24 de março), aliada a outras intervenções através da blogosfera, tornou Geraldo o centro das atenções da análise política na semana que finda. Tudo por dizer respeito a uma até há pouco não imaginada aproximação entre GS e Geddel Vieira Lima. Repercutiu em atores vários e mesmo viabilizou troca de amabilidades entre quem se engalfinhava – como as declarações de Renato Costa – passando por uma entrevista de Geddel ao mesmo AGORA (edição do fim de semana) alimentando as especulações. O TROMBONE não perdeu a viagem e estampou “Depois da Chibatada Só Sorrisos”, dia 29, ilustrando o clima de mudança do horizonte em direção à planície.

Evidente que todos os caminhos que parecem se abrir estão na fase de avaliação preliminar. No fundo, busca o petista, no plano local, acuar partidos que antes integraram a sua base de sustentação, precipitando-os a uma definição antecipada que lhe interessaria, com alvos bastante definidos, pela ordem de importância: o PCdoB e PDT. Isso porque, a prevalecer influência de Lídice da Mata sobre o PSB, encontra GS uma forte interlocutora para uma composição com socialistas grapiúnas em 2012.

Por seu turno, o PCdoB, ao alimentar a ocupação de palcos como ator principal e não mais como coadjuvante, utiliza de um instrumento que diz respeito diretamente à sua sobrevivência como expressão partidária. E esse espaço, sabe-o muito bem, somente poderá ser alcançado aproveitando os meios de que hoje dispõe: base de governos e cargos nas diversas esferas. Caso comandasse o país PSDB/DEM/PPS e penduricalhos outros não disporia dos meios de que dispõe desde que integra a base do governo Lula. Como César, lança a sorte.

Ao que parece, Geraldo dimensiona com precisão o que está acontecendo. Para tanto, já sinalizou que pretende na Bahia a aliança de Lula em nível nacional – o que pode significar velado recado à forma como se articula o governo estadual para projetos futuros, que estaria a não reconhecer aquela aliança, carregando as cores com egressos do carlismo. E sabe GS que o PCdoB, em sede itabunense, somente entrará na disputa se dispuser de uma aliança bem mais ampla do que a concentração que se diria ideológica em tempos não tão distantes.

Nesse caso, essa aliança, em nível de Itabuna, tem um ator fundamental: o PMDB. Qualquer partido que o tenha ao seu lado avança em 2012 com 40% do processo (não que isso signifique no percentual de votos), tendendo a polarizar e ampliar o leque de apoios. Essa aliança aparenta mais fácil de ser celebrada mais entre o PT e o PMDB, mais remota – não impossível no universo da província itabunense – entre o PCdoB e o PMDB. Se ocorre aquela – percebe-o Geraldo – mais facilidade terá para discutir o projeto político com o PCdoB. 

Não se negue que um reencontro do PMDB com o governo estadual pode contribuir para conter a sangria de quadros peemedebistas, que pode ser ampliada com a invasão no horizonte imediato do PSD de Kassab. Sob esse prisma, faz sentido a iniciativa de Geraldo de procurar o PMDB para consensuar em Itabuna, o que pode refletir em nível de Bahia.

Sem buscarmos o que enxergamos como barreiras sérias a esse entendimento – por conta de conflitos locais no âmbito de pessoalidades – porque nos propomos aqui a analisar fatos imediatos, evidentemente que Geraldo Simões saiu na dianteira na corrida para 2012 no que diz respeito à composição de uma frente que facilite uma vitória.

O que não torna o quadro cor de rosa, uma vez que GS precisará convencer em torno do nome que ele entende como melhor para a cabeça de chapa, o que deseja seja acolhido.

Os que admitiriam a composição já têm um nome: Geraldo Simões.

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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de “Amendoeiras de outono” e ” O ABC do Cabôco”, editados pela Via Litterarum