A Mesa Diretora da Câmara Municipal de Itabuna fará nessa quarta-feira (14) um balanço de seus 100 dias de gestão, para imitar o costume do Poder Executivo. O que é bom, porque chama a atenção para os extraordinários feitos administrativos, já que legislar não pode entrar nessa cota de “sucessos”, por ser sua função típica.

Por exemplo, a presidência da Câmara contratou, sem licitação, uma empresa de contabilidade recém constituída – criada em em outubro de 2019 – com o argumento de que possui notorio conhecimento na área em que atua. Olhando o quadro societário por todos os ângulos, não se consegue encontrar esse saber tão notável.

Mas há, por outro lado, uma série de dados intrigantes quando um observador mais atento passa os olhos nessa contratação. Para começar, a Câmara tem servidores aptos a fazer a escrita das contas da Casa Legislativa. Mas, admitindo-se o excesso de contas a fazer, e a necessidade de especialização para o trabalho, era só manter o que já se tinha: a Câmara já possuía um escritório contratado, devidamente aprovado no crivo de um pregão público, aberto e transparente.

Por fim, há que se perguntar: uma empresa constituída há tão pouco tempo (outubro de 2019) tem, realmente, esse conhecimento tão notório a ponto de justificar uma inexigibilidade de licitação, desbancando uma empresa de consultoria que já prestava serviços de forma satisfatória desde a última legislatura?

Falta cautela ao presidente Erasmo Ávila, uma vez que esse tipo de contratação sem licitação é uma porta aberta para malfeitos, como os que acabaram por gerar um dos maiores escândalos na Câmara Municipal da vizinha Ilhéus, em que sócios da empresa de contabilidade acabaram presos, bem como agentes públicos. Tudo isso pode ser visto clicando AQUI.

Aliás, a quem pertence a empresa que ganhou o contrato para fazer as contas do presidente Erasmo Ávila?

A pergunta é absolutamente retórica. Todos que estão familiarizados com o assunto sabem quem são os donos do escritório em questão.