Nem bem o Brasil e o mundo esqueceram a Itabuna do “morra quem morrer”, outros fatos com equivalente potencial de destruição da vida alheia já estão na fila dos absurdos que a cidade insiste em seguir produzindo. Diversos políticos locais, pré-candidatos a prefeito do município, saem em campanha de corpo-a-corpo em plena pandemia, “fazendo o trabalho do coronavírus”, como anota um internauta.

Chamou a atenção das redes sociais a atitude do ex-prefeito (2009-2012) José Nilton Azevedo , que tenta voltar a governar a cidade, do vereador Enderson Guinho e a do médico Antônio Mangabeira, se reunindo, aglomerando e abraçando eleitores, em total contrariedade às indicações de distanciamento social e respeito à saúde pública. A ironia perversa é essa: um deles é médico. Outro detalhe: um deles, o vereador Guinho, já disse ter contraído a Covid-19.

A imagem dos políticos em campanha a todo vapor choca a opinião pública – ou deveria chocar – como a frase infeliz do atual prefeito Fernando Gomes, quando prometia abertura do comércio da cidade. A diferença é que em relação ao episódio da reabertura do comércio, a situação da pandemia piorou em Itabuna: nesse domingo são 4.155 infectados e 94 mortos pela Covid-19. Naquele dia (9/07) eram 3.333 casos e 74 mortos.

O que a campanha eleitoral, em corpo-a-corpo com o povo, nesse momento, nos diz é: um voto vale mais do que a vida. O mesmo já foi dito com a abertura do comércio, atitude que foi criticada pelos dois políticos que insistem em colocar a vida das pessoas em risco.

Na verdade, é a Itabuna de sempre, aquela dos antigos fazendeiros de cacau que multiplicavam suas terras à custa da vida alheia, e a Itabuna dos dias atuais, que não saem do famigerado ciclo do “custe o que custar” para alimentar a sede de poder de seus velhos e novos coronéis – e capitães.

Jorge Amado já traduziu isso.