cesar depoissantana"Você me conhece. Já fui isso, fiz aquilo, tenho serviços prestados à comunidade. Por isso peço seu voto". Essa é a frase típica dos candidatos em geral a deputado estadual (talvez porque normalmente sejam os mesmos que fizeram campanhas para vereador dois anos antes). Em seguida, o candidato dá um santinho ao descofiado eleitor.

Ouve um "Ah!… É você!" Valeu, tamo junto!". O postulante a uma cadeira na Câmara Legislativa estadual sai satisfeito, pensando que, mesmo que não tenha garantido um voto, rejeição não teve. Mas isso é relativo.

A falta de rejeição pode ser, simplesmente, porque o eleitor, coitado, não sabia contra quem brigar. Sabia que conhecia aquela figura, não lembrava de onde. Quando recebeu o santinho, ficou mais confuso ainda: a cara do indigitado que aparecia na foto até parecia ser a da pessoa com quem falava, mas estava muito, muito novo…

E se fosse um filho? Um sobrinho? Mas parecia com ele… Talvez o eleitor enganado não tenha conhecimento dos truques que permitem o rejuvenescimento imediato do cidadão, com apenas alguns cliques – a varinha de condão chamada Photoshop. Mas não há erro: apesar da falta de ruga, da pele lisinha, quem entrega o santinho dizendo ser o sujeito da foto, geralmente, é ele mesmo.

Só que diferente. Muito diferente. O temor é que esses senhores enrugados não consigam se ver de outra forma, depois das eleições. E passem a atacar o pó de arroz da patroa, querendo acabar com as rugas e imperfeições da pele. É a chamada crise pós-pleito.

Na ilustração, o coronel Santana e o ex-vereador César Brandão, dois dos principais nomes na disputa pela… cara lisinha!