Adylson MachadoQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  

Adylson Machado

                                                                              

Intervenção

Irregularidade no manuseio do dinheiro da Câmara de Vereadores é fato público e notório. O ainda Presidente da Casa confessa a possibilidade de ser preso. Os desvios superariam 1 milhão de reais. A sociedade, constrangida, assiste atônita, sem acreditar no que está vendo e ouvindo.

A realidade desmoraliza a ficção. Nicolai Gogol ambientou, no século XIX, a famosa “O Inspetor Geral”. Nunca imaginaria que longe das estepes, no século XXI, se manifestasse descalabro tal.

Não fora a intervenção do Estado no Município (em qualquer dos seus Órgãos) ser matéria numerus clausus, adstrita aos pressupostos constitucionais estabelecidos no art. 35 da Constituição, o caso, por si só, a justificaria para a Câmara.

Talvez pudéssemos inovar, trazendo ao crivo dos motivos para a intervenção o princípio da moralidade, inscrito no art. 37 da Carta.

Esperneio

A Nota Oficial do Diretório local do Partido dos Trabalhadores, nesta sexta 26, repudiando a posição do vereador Claudevane Leite de apoio a Ruy Machado, talvez não leve em conta a possibilidade de uma cabeça coroada do PT estar por trás da iniciativa. Ou, quando nada, aplaudir a solução. Como praticam certos partidos, planta um quadro na Mesa da Câmara.

E essa de Claudevane de que Ruy é “opção menos grave”, sem ouvir o Diretório, desperta especulações várias, inclusive quanto ao futuro do PT em Itabuna.

Agenor Gasparetto

agenor gasparettoAlimentando sadia discussão, o sociólogo Agenor Gasparetto, em seu blog http://agenorgasparetto.zip.net/, no dia 25, discorre e analisa em torno de textos de Marcel Leal e deste hebdomadarista, sob o título “Legitimando o preconceito?”, para concluir que “Quando Marcel Leal e Adylson Machado polemizaram o preconceito verbal, creio que o contexto tenha sido o da igualdade dos sujeitos sociais, em que o politicamente correto parece ter ultrapassado os limites da razoabilidade. Retomando a pergunta original “Legitimando o preconceito?”, claro que não, apenas um chamamento à racionalidade que pode estar enlouquecendo pelo zelo e purismo em demasia”.

“Onde o calo dói”

“Razões para a revolta da velha mídia”, publicada em http://www.advivo.com.br/luisnassif/ a partir de artigo de Venício A. de Lima no Observatório da Imprensa, quarta 24, possibilita compreender-se o porquê da virulência com que o governo Lula é tratado pelo PiG (Partido da imprensa Golpista, de que fala Paulo Henrique Amorim).

A participação dos municípios e veículos de comunicação neles instalados avançou consideravelmente: de 182 cobertos em 2003 para 2.189 em 2009. Na esteira da reorientação, o número de meios de comunicação alcançados pelas verbas oficiais saiu de 499 para 7.047.

Os dados abaixo detalham “onde o calo dói”. Ou seja, a indignação decorre, em princípio, da perda, ou do deixar de ganhar mais, do Governo Federal. Se não, a perda da hegemonia.

grafico 1grafico 2Observando-se o segundo gráfico verifica-se que recursos para a TV mantêm-se praticamente estáveis a partir de 2004 (há reduzido número de emissoras locais), ao passo que rádios e jornais lideram o salto participativo. As revistas pouco representam, mais pela escassez de oferta.

Outro avanço considerável, de zero a 1800, aproximadamente, está naquele “outros”. Ou seja, o que é veiculado pela internet preponderantemente. Considerando rádios, jornais, revistas e internet temos uma concreta e efetiva participação – em crescimento – da imprensa municipal na partilha dos recursos no Governo Lula.

Inegável o estímulo que esta política traz a novas mídias e profissionais, repercute em competição no mercado dessas comunicações; uma valiosa contribuição para a diversificação de vozes na democracia brasileira, um país territorialmente extenso e antes privativo das Globos.

Cinema no DCIJUR da UESC

Em andamento na UESC o projeto “Mundo Jurídico Paralelo”, idealizado e coordenado pelo estudante Felipe Leite, propondo exibir, quinzenalmente, filmes que tenham relação direta com temas de Direito ou que lhe sejam afins, como Meio Ambiente.

Na agenda a exibição de “12 Homens e uma Sentença”, de Sidney Lumet e “Narradores de Javé” (nacional), de Eliane Caffé. Na sequência, “Veredicto”, do mesmo Lumet, e o documentário brasileiro “Justiça”, de Maria Augusta Ramos.

O projeto busca também a interação com estudantes e professores de outros Departamentos.

Bola de cristal

fg e snSe tomarmos 2012 como um conjunto de neurônios em sadia atividade podemos nos defrontar com sinapses surpreendentes em andamento, antes inimagináveis, quanto a nomes para enfrentar os políticos tradicionais.

Neste diapasão o do Professor Gustavo Lisboa, nome leve com trânsito em vários segmentos da sociedade. Ainda que negue, pode ser convencido. E tem possibilidades, se a eleição adquirir foros de maniqueísmo, quando o bem ou mal encarna neste ou naquele nome tradicional, conforme quem o proclame, dividindo aqui e ali.

E aí entram as composições, que podem significar muito. Imaginemos o Professor Gustavo Lisboa como cabeça de chapa e a Sra. Sandra Neilma como vice. Quem é Sandra Neilma? Resposta: esposa de Fernando Gomes e ex-Secretária do Bem-Estar Social do Município de Itabuna.

Esta sinapse pode fazer tremer o cérebro da sucessão!

Conveniências I

Para nós, querela menor. Tanto que não lhe demos trela em texto anterior, onde insinuou sem citar-nos. Mas – que nos perdoe o leitor – os próximos tópicos vêm a propósito do comentário “Achados bisonhos” publicado neste O TROMBONE, subscrito por Osias Ernesto Lopes, “advogado e ex-secretário da Administração de Itabuna”, focando a coluna e o articulista.

Ressalte-se que a matéria que o indigna em nenhum instante lhe faz a mínima referência. Razão por que estas notas visam apenas demonstrar que alguma coisa há no ar, além dos aviões de carreira.

Para avivar a memória do leitor, Dr. Osias, como advogado, coordenou o setor jurídico da campanha de Geraldo Simões em 2004, autora da ação na Justiça Eleitoral para cassar o registro da candidatura Fernando Gomes, o que desaguou no mote “PT do tapetão” que fez reverter a possibilidade de reeleição de GS; como ex-Secretário, também o foi nos quatro anos da última Administração de GS.

Conveniências II: a fuga do mérito

Não nos cabe enveredar pelo mérito que não foi abordado. Afinal, não desmentiu a informação de que Tiago (isto o que incomodou Dr. Osias) pretende ou não a vereança. Buscou desqualificar o autor de “DE RODAPÉS E DE ACHADOS”, fugindo à discussão de fundo.

Se pretendeu ajudar o menino está pondo lenha na fogueira e mantendo o assunto na ordem do dia

Conveniências III: a defesa do pirão

Como GS ou seu filho Tiago não passaram procuração – queremos crer – o ilustre estaria falando em nome próprio na defesa de terceiros, expressando opinião. Nesse sentido está coberto de razão.

Afinal, tem sido contemplado com cargos no Governo Estadual e é provável que pelas mãos amigas de Geraldo.

Aí reside sua razão, a justa defesa do próprio pirão.

Conveniências IV: fuga da verdade

Como o missivista parece refletir visão pessoal, subjetiva, diante de nosso texto, vez que se deparou “com uns riscados sob o título De Rodapés… onde seu autor faz menção a uma possível candidatura de um dos filhos do Deputado e ex-Prefeito de Itabuna, Sr. Geraldo Simões” (como se fosse crime escrever sobre quem está no noticiário), cumpre, para avivar a memória do leitor que a informação de que Tiago Feitosa pretende(ria) uma vaga de vereador em Salvador não tem origem neste escriba, mas em teiadenoticias.com.br, de 3 de novembro – “Filho de Geraldo Simões Quer Ser Vereador em Salvador” – e politicosdosuldabahia.com.br de 2 de novembro de 2010 – “Candidato a Vereador em Salvador” – (neste último, com cerca de 15 comentários). Se dispõe de bala na agulha para a empreitada é a especulação natural que cabe ao jornalismo.

Assim, não sabemos o porquê das dores do Dr. Osias para com este humilde escriba, já que não temos conhecimento de idêntica reação aos blogs citados.

Conveniências V: o novo paradigma

Pela ótica do missivista, tornamo-nos “geraldista roxo” pelo fato de termos trabalhado nas administrações petistas – o que muitos imaginam, menos por uma filiação partidária que nunca ocorreu e mais pela defesa que sempre fizemos de Geraldo em escritos, conversas e discussões. Para aquele, dá a entender, devêssemos limitar nossos textos na seara política somente ao elogio, nunca à reflexão e à crítica.

Talvez por desconhecer que apreciamos dizer olhando nos olhos, com sinceridade. A reflexão assim posta, sincera, importa mais do que a nefanda bajulação, caricata vaca de presépio. Aceitá-la, ou não, cabe ao destinatário.

Desta forma, para o missivista, o jornalista Eduardo Anunciação não poderia criticar o político Fernando Gomes porque trabalhou com FG e assim seria “fernandista roxo”; Paulo Lima, Walmir Rosário e Joel Filho estariam impedidos de criticar politicamente Azevedo, porque com ele colaboraram e assim seriam “azevedistas roxos”. Ou seja, quem trabalhou com este ou aquele político deve renunciar às suas convicções e à independência de pensar. Pela Eternidade.

Para nós isso seria um desvio de caráter, o qual não nos alcança.

Conveniências VI: conclusão

O texto (releia AQUI) que levantou a indignação do comentarista não dizia respeito diretamente a Geraldo Simões. E nós que o temos como um republicano não queremos crer que tenha determinado as desarrumadas insinuações, razão por que deve assumi-las o missivista. É alcançado pelos respingos, visto que alguém se utilizou de aspectos que a ele estão relacionados, preponderantemente o fato de termos trabalhado em suas administrações, o que foi realçado aos píncaros do Himalaia, tanto que em torno delas Dr. Osias gastou tinta em quatro dos sete parágrafos.

Por outro lado – isso é preocupante – se GS estiver, politicamente, dependendo de “procuradores” sinaliza uma carreira política fragilizada. Qualquer político se sustenta – e cala os que entenda como adversários – com ações que desenvolva em favor do povo. E nesse particular GS não precisa de advogado.

Pessoalmente o vemos como o mais competente administrador e planejador municipal nestes últimos 20 anos da história político-administrativa de Itabuna, não fora seu espírito republicano. E temos sempre dito que a sua não-reeleição em 2004 (em muito devido ao “PT do tapetão”) resultou em perda irrecuperável, que causou um atraso de 30 anos para o futuro de Itabuna.

Assim considerado, talvez o “advogado” é que esteja precisando do cliente!

Depois de tudo

Rir pra não chorar!

traçastraçosAdylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de “Amendoeiras de outono” e ” O ABC do Cabôco”, editados pela Via Litterarum