Adylson MachadoQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  

Adylson Machado

                                                                              

Pedrassoli

O bolso é o órgão mais sensível do corpo humano – já o disse um gozador com laivos de consumo. Através dele tudo pode acontecer. Inclusive doenças, como a depressão. A autoestima dos funcionários municipais, no entanto, parece haver encontrado outro alento.

Autor da prevenção: Geraldo Pedrassoli.

Fernando Gomes

fgNoticiado o imediato indiciamento de FG na denominada “Vassoura de Bruxa”, encetada pela Polícia Federal nos idos de 2008. Para os que acreditam na ação policial era aguardado com ansiedade. No entanto, o anunciado indiciado, que vem retomando espaços no cenário político eleitoral que dizia haver abandonado, não sairá de cena.

Que ninguém se surpreenda se o fato for utilizado como “ação dos adversários” para evitar o retorno de Fernando. Outra versão do “PT do tapetão”, de 2004.

Nesse liame, um nome que venha a indicar capitalizará seus votos.

Geraldo Simões

Mais que evidente que a força político-eleitoral e o controle que exerce sobre o Partido dos Trabalhadores em Itabuna faz de Geraldo a referência maior, o definidor de nomes e composições a serem construídas para 2012, nas alas progressistas.

O sucesso da empreitada está proporcionalmente vinculado ao não-sucesso de partidos que historicamente estiveram ao seu lado. Ou seja, a vitória do PT e de Geraldo é o retardamento do avanço de outras pretensões à esquerda (hoje não tão esquerda assim!).

Nessa leitura a pretensão mais sensível se chama PCdoB. Como já afirmamos aqui, tem projeto para ser consolidado em 2016.

Essa pode ser a moeda de troca para um apoio ao PT em 2012. Que no momento – ainda muito cedo para definições – não aconteceria.

Geraldo e o PCdoB

A alternância no poder municipal. Essa a moeda de troca. 2012 para o PT; 2016 para o PCdoB – na ótica de GS. 2012 para o PCdoB; 2016 para o PT, a proposta dos cururus.

Se houver consenso! 

No outro front

Em que pese atores novos no palco Fernando Gomes – indiciado ou não, possibilitado ou não pela Justiça Eleitoral – comandará o cenário. Controla o PMDB local que – a não ser que o inusitado aconteça – não aceitará nenhum aceno do PT, dirá o homem forte do partido Gedel Vieira Lima em Itabuna. E Fernando está seguro disso.

Caberá convencer outros partidos a se aliarem numa luta comum: derrotar Geraldo Simões.

A meta é todos contra GS I

Ao criar certa antipatia pessoal junto a muitos partidos que estiveram com ele em incursões eleitorais passadas GS já não apresenta o mesmo espaço e densidade eleitoral em Itabuna. A votação em 2010 – já o dissemos – reduzida em 12 mil votos é a ponta do iceberg.

Entretanto não pode ser descurada a capacidade de Geraldo em reconhecer erros do passado recente e recompor o espaço perdido. Tem consciência disso e buscará juntar os cacos.

Se vai refazer o vaso partido o tempo dirá.

A meta é todos contra GS II

Geraldo convive com profundas rachaduras diante de militantes do PT local, alguns mesmo debandaram, outros resistem no quadro partidário na luta surda de vê-lo sacrificado no altar daquilo que denominam de projeto inidividual e personalista.

Esse o trabalho hercúleo a que se propõe: convencer, convencer, convencer. Dificilmente o conseguirá junto ao PSDB, PMDB, PDT e PR – no olhar presente – não esquecendo que, se não houve ruptura recente, sempre se deu bem com Jutahy Júnior. Com as atuais lideranças do PMDB e PR só com a intervenção direta de Lula. E encontrar respaldo de que Dilma asseguraria espaços no Governo Federal, o que não é nada simples se tomamos por exemplo o que está ocorrendo na ocupação de espaços para o segundo escalão.

Não fora a diminuta importância de Itabuna numa argamassa de tamanha dimensão.

A meta é todos contra GS III

Não à toa “Os Traços” traçavam o horizonte de 2012, ainda em dezembro (abaixo) e, como dizíamos naquela edição: “2012 não será 2000”. Sem perder o raciocínio de “Mijadinha canina” e “Conversões no horizonte”.

Tudo dito, e bem dito, em 5 de dezembro de 2010 por este escriba curioso. Incluindo que vemos no PCdoB um projeto muito específico, que será posto a partir de 2012. A não ser que destronem Davidson Magalhães da BAHIAGÁS.

traçosJuçara e Sandra Neilma

Manuela Berbert especulou os nomes de Maria Alice e Juçara Feitosa como o contraponto feminino nas eleições de 2012. Não haverá surpresa se o feminino ocupar espaços antagônicos: Juçara como nome do PT enfrentando Sandra Neilma: a indicação de Fernando Gomes.

Se FG não consolidar Gustavo Lisboa na cabeça de chapa e a mulher na vice.  

Cabôco Alencar, 80 anos

Nota do Editor:

Na quarta-feira (2) foi comemorado o aniversário do filósofo do Beco do Fuxico, o Cabôco Alencar. O ABC da Noite abriu as portas, para alegria dos alunos e do próprio aniversariante, que recebeu a todos na base do vinho e dos canapés especialmente providenciados para a data.

Como é de praxe nas datas festivas do ABC, a turma pôde desfrutar dos quitutes na base da homenagem ao aniversariante. Por conta da casa, como se diz nessas circunstâncias.

Vivas ao Cabôco!

Derrama

A grita do empresariado local contra o aumento da tributação nos remete a vê-la como a reação à derrama da Monarquia Portuguesa no século XVIII, que desaguou em movimentos de resistência, dentre eles a famosa Conjuração Mineira.

Em sede itabunense a derrama mais está para confissão da incompetência arrecadativa, que querem compensar com a escorcha. Justamente quando o discurso contemporâneo é de redução da carga tributária para ampliar a produção e o consumo.

O que alimentaria o moto perpetuo da ampliação do PIB gerando mais emprego, mais consumo, mais arrecadação.

Lições da derrama

A sociedade organizada no âmbito de sua representação está chorando com culpa no cartório. Quando o projeto tramitava na Câmara não foi acompanhado com o cuidado devido. Não citemos nomes, mas os dirigentes todos comeram mosca e deram atestado de descaso para com cada classe.

A solução atualmente pretendida – reduções etc., até mesmo anistia e perdões – encontra óbice da Lei de Responsabilidade Fiscal. Não fora o fato de que os efeitos em matéria tributária só ocorrerem no exercício financeiro seguinte.

Como a decantada lei não foi vetada a revogação seria um caminho que, em princípio, não sustaria as responsabilidades tributárias até a perda de sua eficácia.

Imbroglio dos bons! 

O TROMBONE toca na ferida

O texto republicado na segunda 31 (“Operação Vassoura-de-bruxa: a gênese dos problemas de Fernando Gomes”) retoma o rosário de denúncias que têm norteado a gestão da Saúde municipal, mais precisamente a partir de 2005. O descalabro levou, dentre outros prejuízos, a perda da municipalização e o desastre em que se tornou o Hospital de Base, antes referencial para a região.

Mas tudo ainda é muito pouco enquanto não vier à tona os destinatários do benefício dos anunciados desvios. À boca miúda corre que fulano recebia 300 mil, beltrano 600, sicrano outros milhares. Na esteira notas fiscais frias.

E, assim, dos milhões transferidos pelo Governo Federal alguns (milhões) favoreciam cabeças coroadas.

STF I

fuxLemos, com o sentimento de vazio profundo, que a Presidente Dilma Rousseff indicou, na terça 1, o nome de Luiz Fux para a vaga deixada por Eros Grau. Alvo de críticas nada lisonjeiras, chegar ao Supremo mais está para a acomodação de interesses nada vinculados com Justiça. Talvez o melhor de seu currículo seja ter sido faixa preta em jiu-jitsu e guitarrista de um grupo de rock. Ah!, seria uma indicação do PMDB. Esperamos que defenda uma reforma do Judiciário com uma sua proposta no passado: rotatividade para juízes do STF.

Nossa primeira derrota com Dilma.

STF II

Para que não pensem que jogamos palavras ao vento recomendamos – para avaliações – a leitura de “Ministro Luiz Fux, do STJ, salvou a TeleSena de Sílvio Santos e agora está sendo processado por suposta parcialidade na elaboração do voto. Afinal, o que está havendo no STJ?”, que justificou abertura de processo na Corte Especial daquele tribunal, de 30 de agosto de 2010, na Tribuna da Imprensa on line.

Seria o agora indicado do interesse de certa banca de advogados que o teria sugerido ao então Presidente Lula. (Brevemente publicaremos texto sobre “famílias” magistradas no Brasil).

Por essas e outras, nosso empenho em defesa da temporária presença de magistrados em todas as instâncias.

Saudades

Para os amigos apreciadores de pérolas musicais, “Manhã de Carnaval”, de Luiz Bonfá e Antônio Maria, em dois estilos: o de Nara Leão (acima) e o de Maysa (este trazido de uma gravação da TV japonesa em 1959, onde Maysa parece defender algo que o vídeo não conclui).

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Cantinho do ABC da Noite

cabocoO nosso “homem cordial” de que tratou Sérgio Buarque de Holanda não desperdiça um ethos de certa hipocrisia. Oferece-se para o que não pretende ou não tem como cumprir, no afã de servir o que não pode e de demonstrar estar preocupação com as coisas do semelhante. Como naquela manhã no ABC da Noite, quando o aluno – tomando conhecimento de que a esposa do colega viajara, metera-se a pai da bondade:

– Só não convido você para almoçar lá em casa porque minha mulher também viajou – dissimulou.

A pronta intervenção do Cabôco abriu o gargalhar:

– Pergunta a ele se a mulher levou o fogão, Cabôco! – destilou o filósofo.

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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de “Amendoeiras de outono” e ” O ABC do Cabôco”, editados pela Via Litterarum