AdylsonQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  

Adylson Machado

                                                                              

Dendê no Haicai I

O projeto Dendê no Haicai, da Via Litterarum, coordenado por Gustavo Felicíssimo, tecnicamente aprovado no valor de R$ 70.000,00, depois de dois anos de tramitação, acaba abortado pela Fundação Pedro Calmon na sua etapa de finalização do processo. Motivo: na constituição societária da empresa, o sócio fundador da empresa, Agenor Gasparetto, constava como possuidor de cotas da mesma, ainda que sem função de direção.

Quem manda Gasparetto abrir editora, difundir literatura? Esqueceu o gaúcho que está Bahia!

Dendê no Haicai II

Mas, apesar disto, a Via Litterarum continuará seguindo seu curso, trazendo novos selos, para melhor atender ao mercado. São eles: Sertões, para novos autores e o nosso vasto interior; Jus Litterarum, para obras na área jurídica; AutoEditor, em que prevalecerá o desejo do autor em ter sua obra reconhecida; Caminhos, para os campos da espiritualidade e conexos.

E, seguramente, o Dendê no Haicai, em momento oportuno, deverá chegar ao público. Ainda que sem os auspícios do Governo da Bahia.

Estranha moralização

A legislação baiana veda a participação de servidores em projetos culturais, o que estende “aos parentes até segundo grau, bem como cônjuges e companheiros…” (Lei Estadual 9.431/2005, art. 14, IV e § 1º).

Ou seja, Jorge de Souza Araujo – e parentes, cônjuge ou companheira – premiado Brasil afora, nome referido e referenciado, está impossibilitado de participar de qualquer promoção com recursos públicos na Bahia por ser mestre, doutor e pós doutor ensinando em universidade estadual (UEFS).

Como a lei é de 2005, o governo petista dá a entender que servidor tem que “servir” e não entrar por essa coisa de escrever e pesquisar para concorrer a prêmios promovidos pelo Estado.

Ó glória!

Por essas e outras…

Mangabeira permanece com razão: “Pense num absurdo e na Bahia já há precedente”. A alegada moralidade como objetivo remete ao absurdo de entendermos que é incompatível a convivência da pratica da pesquisa intelectual com a de servidor da rede pública estadual.

Com o detalhe de ser objeto de uma insinuação nada sutil: os avaliadores de projetos não traduzem a ilibada autonomia, independência intelectual e honestidade, tampouco servidor público carece de motivação para pesquisar.

Para simplificar, considerando que a punição ultrapassa a pessoa do “delinqüente”: até nossos parentes, cônjuges e companheiros estão fadados ao anonimato pelo crime de o serem de um “abastado” servidor estadual.

Só mesmo rede e água de coco!

Nova arma no front

 “Um comprimido para disfunção erétil com sabor de menta e que se dissolve na boca acaba de ser lançado no mercado brasileiro”, em www.advivo.com.br (A nova pílula contra a impotência), de sexta 22.

Que alegria!

Bolo sem cereja

Para quem imagina que Ubaldo Dantas teria se afastado da política não custa observar outdoor subscrito pelo ilustre ex-prefeito para o aniversário de Itabuna: “Dias melhores virão”.

Que, certamente, não o são com Juçara, Azevedo, Geraldo Simões?

O recado está dado.

Caso a cúpula do PMDB não se entenda com GS – o que não vemos tão facilmente como alguns imaginam – Ubaldo pode contribuir para melar a dobradinha sonhada pelo PT local.

Dois pesos

Zé Elias, ex-jogador do Coríntians, foi recolhido ao xadrez, com direito à exposição de sua imagem, porque não honrou a pensão alimentícia que diz não poder pagar, diante da insuficiência de renda, depois que a Justiça lhe negou a redução. (Não esquecer que o Zé Elias não mais joga futebol e não se sabe de nenhum contrato milionário que o sustente).

Já a turma do Ministério dos Transportes – acusada de desvio de milhões dos cofres públicos – alvo da limpeza promovida por Dilma, anda flanando em céu de brigadeiro.

Estilos confluentes

Há uma insistência da grande mídia em sinalizar para um rompimento entre Dilma e Lula, partindo da premissa (que enxergam) de que os estilos são diferentes e que a Presidente combate a corrupção enquanto o ex dizia não saber de nada ou mesmo que não existia.

Engana-se, no entanto, quem assim imagina. Até porque o voo da criatura seria curto sem apoio do criador. Não fora o fato, concreto, de que a circunstâncias que alimentam o primeiro governo Dilma são inteiramente distintas do de Lula. Se o ex-metalúrgico não fizesse as concessões que fez – amparadas na Carta aos Brasileiros – não teria sido eleito, tampouco governado. Sabiamente aceitou dar dedos para não perder anéis e conquistou a maioria da Nação.

O que não querem perceber é a sintonia de uma ação que simplesmente deixa a oposição acuada para o projeto 2014: reeleição de Dilma ou retorno de Lula.

Os estilos, estrategicamente, confluem para o objetivo comum: continuidade de um projeto de poder que, criticado ou não, entendem ser propulsor do futuro para o Brasil.

Escândalo alcança o PCdoB

A denúncia da ÉPOCA (“Agência Nacional da Propina”), ainda que amparada em revista de tradição contra o governo e em perícia de Ricardo Molina para um vídeo que a prova, pode abrir outra frente de faxina para Dilma Rousseff.

O detalhe, até que esclarecimentos ocorram, insere um partido que parecia estar à margem de tais quejandos; o PCdoB.

Detalhes em www.advivo.com.br de sábado 23 (“Inquérito da PF sobre a Agência Nacional de Petróleo”).

Aula

Aderbal Duarte no Aprovado da TVE de sábado 23, falando sobre João Gilberto – objeto de sua pesquisa há trinta anos. E Jackson Costa mostrando o que temos e não conhecemos: um excelente instrumentista, não fora o compositor e arranjador que é.

Indignação

A mobilização nas ruas européias, da Grécia a Espanha, da Irlanda a França traduzem a reação das massas excluídas, humilhadas e jogadas às traças por um sistema cruel e desumano, onde a concentração da riqueza é a tônica, ainda que ao custo da miséria, para privilegiar elites e ricos, sejam pessoas ou países.

No entanto, ainda têm forças esses excluídos… para protestar. Pelo menos, alguma ração diária os alimenta.

Indignação só não basta

fomeEnquanto bilhões de dólares são gastos em guerras cada vez mais incentivadas alguns milhões que poderiam salvar milhares de crianças não acorrem. E ainda chamam a isso de Civilização.

Esse genocídio tem responsável: as nações ricas que exploraram e exploram o continente africano.

Eis o estado em que se encontram 780 mil crianças na Somália (foto), que somadas às da Etiópia e Quênia alcançam 2,3 milhões.

Surpresa?

bessinhaQuem votou em Dilma nem mesmo imaginou a postura ética que gera insatisfações em vários escalões da política nos coroados partidos da base. A varredura que faz a Presidente no PR “dos Transportes” pode alcançar qualquer partido que não se comporte com a dignidade que o exercício do cargo exija.

Não temos em nossa lembrança uma vassourada na dimensão que ocorre no Ministério dos Transportes. Dilma Rousseff põe a nu a dimensão e a sanha de certos partidos quando ocupam o poder. Já eram 13 na terça – número cabalístico – os nomes alcançados pela caneta presidencial. Não é algo de pouca monta, mormente se atentarmos para as funções exercidas.

Que o povo compreenda e contribua para que a Presidente avance na limpeza que o país espera e tanto exige.

E as empreiteiras?

E se Dilma, na cátedra da Presidência, resolver avançar sobre as empreiteiras financiadoras da corrupção/ Conseguirá? Ou não o fará?

Pode estar sinalizando que pode fazê-lo, esperando, de forma pedagógica, que percebam as insinuações.

Afirmações

eduardoO PT define a impossibilidade – a não ser com anuência da Executiva Estadual – de alianças com o PMDB, o PSDB e o DEM, colocando-os todos no mesmo saco. Observados os fatos sob esse prisma coberto de razão estaria Eduardo Anunciação ao afirmar a inexistência de tratativas entre Geraldo Simões e Fernando Gomes com vistas a 2012.

O destacado colunista político também duvida da participação de Raimundo Vieira como intermediador entre GS e FG, a ponto de taxativamente expressar, em POLÍTICA, GENTE, PODER, no Diário Bahia de quarta 20: “só existe na imaginação de Raimundo Vieira”.

Não queremos crer que Eduardo não esteja suficiente informado.

Contra-afirmações…

Estabelece o colunista uma vertente distorcida do que está acontecendo, ao imaginar que a atuação de Raimundo Vieira se encontraria no plano de sua densidade político-eleitoral. É o que se pode deduzir do seguinte texto, publicado naquela oportunidade: “Isso é encenação, fantasia, ilusão…” “Fernando Gomes, principalmente e especialmente Fernando Gomes, com representação democrática, sem mandato, PMDB, depois Geraldo Simões, com representação democrática, deputado federal, com mandato, PT, têm compreensão suficiente, lucidez, sabe que eleitoralmente-politicamente Raimundo Vieira em nada contribui, não multiplica, não soma, não une”.

Na edição de fim de semana do Diário Bahia Eduardo volta ao tema, debruçado e preocupado, para afirmar que “Isso é desinformação… esse encontro não aconteceu”.

…Por acontecer

Ainda, caro Eduardo, ainda. E pode mesmo nunca ocorrer. No entanto já aconteceram os contatos entre Geraldo Simões e Fernando Gomes, através de Raimundo Vieira. Isso é tão verdadeiro como acreditar em Deus para o crente.

Por outro lado, ninguém comenta que Raimundo Vieira seja apoio eleitoral para quaisquer dos políticos. Mas, como intermediário Raimundo é peça concreta e atualmente o único caminho que une os dois inimigos, já não tão “inimigos” assim.

Se alguém admite ou não que se materialize a união de jacaré com cobra d’água – isso em passado não tão distante – comece a mudar de pensamento. Só não se materializará se a cúpula do PMDB não deixar. E isso é possível. Basta que Gedel perceba – e certamente já o percebeu – que a união GS-FG fortalece Geraldo e não ele, que esperava encontrar mais apoio de seu coordenador regional na campanha de 2010.

Ou seja, a estranha unidade política beneficia mesmo somente aos dois protagonistas. Fernando encontrando o sonhado apoio do Estado para a implantação de equipamentos públicos em seu loteamento; Geraldo, buscando consolidar a candidatura de Juçara. Caminho para que ele permaneça nos limites federais, como deputado.

Eis a análise fria do momento.

Sofre o observador

Para Eduardo, com sua experiência, não custa compreender que briga mesmo fica para o andar de baixo, que se engalfinha na defesa de seus líderes/ídolos enquanto estes se esfalfam em jantares e brindes na cobertura.

Caso o Governador Wagner, em visita que fará a Itabuna, sinalize com a possibilidade de conclusão do teatro e centro de convenções e Gedel não concorde com as tratativas de Geraldo-Fernando não seria absurdo imaginar que FG deixe o PMDB. A filiação partidária é possível até um ano antes de eleições.

Quando em jogo interesses e não o idealismo tudo é possível.

E “o futuro a Deus pertence”.

Até despacho em encruzilhada

Geraldo luta para dar uma volta por cima diante na atual situação, buscando fazer com que o governo do Estado “aceite” seu projeto eleitoral.

Para ver consolidado o nome de Juçara Geraldo “acende vela até para o Diabo”, como já o disse em círculos fechados. E, obviamente, se o Diabo não é tão feio como se pensa, Fernando não é o Gramulhão.

Afinal, perder ele não quer. Em todos os sentidos.

Brasileiros mundo a fora

Uma correção se impõe: John Williams não executou Heitor Villa-Lobos e seu Estudo Para Violão n  1, na edição passada, e sim “Prelúdio nº 1.

Disponibilizamos nesta edição o famoso “Estudo”, com Narciso Yepes, que com ele inicia um recital no Teatro Real de Madrid, em 1979.

Zé Rodrix

O solo aqui revelado traduz, mais que o tradicional sucesso, a introspecção do canto, de quem cantou. E como nos faz falta! E se acontece com Elis Regina sonhando na cadeira de balanço!

Os que só pensam ter uma casa na praia dificilmente entenderão o verso e a canção.

Cantinho do ABC da Noite

cabocoClássicas são as observações de Cabôco Alencar e a denominação circunstancial que a elas oferta, como a que fez definindo o cliente rarefeito no ambiente, que acabava de entrar:

– Esse está igual a paletó de maçonaria. Só circula na rua em dia enterro de maçom.

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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de “Amendoeiras de outono” e ” O ABC do Cabôco”, editados pela Via Litterarum