AdylsonQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  

Adylson Machado

                                                                              

Semana

Dois fatos, objeto de comentários adiante, marcaram a semana: o anúncio de criação da Universidade Federal do Sul da Bahia e a exoneração de Cyro de Mattos. Motivos de exultação: o primeiro, pela realização do que era esperança; o segundo, pela efetivação de um sonho de parcela da classe artística.

Eleições

APLB anunciou uma urna volante para colher votos na sexta 5. A urna fantasma, se circulou, não apareceu em alguns colégios. Se andou, o foi por caminhos previamente escolhidos.

Dando razão

Na queda de braço entre Estado e Município envolvendo a saúde e particularmente a gestão do Hospital de Base um ponto se torna nevrálgico: o Estado entende que falta gestão ao HBLEM; o município, ausência de recursos a serem transferidos pelo secretário Solla.

O fato de a moça da FASI, Gilnay Cunha Santana, mal assumir e já localizar 12 fantasmas na folha do Hospital dá razão ao Estado.

Cooperação

Como prometido na edição passada, a “Republicação dos Aditivos de Contratos de veículos alugados”, celebrados entre a EMASA e a Cooperativa Regional dos Proprietários de Veículos Alugados (Diário Bahia de 4 de agosto), mostra valor que supera 1,580 milhão de reais.

De singular consideração que muitos dos 46 veículos (de utilitários a caçambas, de pipas a munk) que tiveram os contratos prorrogados por mais um ano são locados com motorista.

Memória

cantinflasPoucos hão de lembrar do impagável Cantinflas, ator mexicano, estilo chapliniano em roupagem própria, fala atropelada em explicações “complexas”, de complicadas conclusões, de falar muito sem dizer nada, que nos fazia a todos rir. O próprio Chaplin o tinha como “o homem mais engraçado do mundo”.

su excelenciaMario Moreno, o ator que o criou, completaria 100 anos neste 12 de agosto.

Localizar em alguma locadora filmes deste mexicano hilário, um dos mestres da comédia de erros latino-americana, é descobrir uma veia rara de um cinema que anda esquecido. Lembrado apenas em redes públicas.

Recomendaríamos seu “O embaixador” (Su Excelencia), de 1966, sátira à guerra fria, lição talvez inspirada em “O ditador” de Chaplin.

Lucidez

Aplausos ao “anjo da guarda” de Kokó, do Lordão. Sua confidência retratada no Políticos do Sul da Bahia de que não mais será candidato a vereador sinaliza maturidade. Candidatura nestes tempos bicudos – especialmente se alimentada em afirmações de que “será o mais votado” – costuma redundar em decepção. E o álibi encontrado pelo músico é perfeito: os 50 anos do Lordão.

No desfecho, lamentará apenas quem o andava motivando. Que não pensava em Kokó.

Genial

cartaz 1 pra 100Não pode ser considerada de outra forma a idéia “1 pra 100”, desenvolvida pela turma de Ferradas – que inclui os que enxergam naquela terra não só primórdios da ocupação grapiúna mas a redenção turística para Itabuna, assim que houver alguém efetivamente comprometido em tornar esse rincão o centro e a sede da obra amadiana.

Em vez do bordão “99 anos” de Jorge Amado, o excelente “1 pra 100”.

Quem quer faz

peçaA programação da turma (foto) não só lembrou o filho ilustre. Trouxe depoimentos do próprio Jorge, afirmando haver nascido em fazenda de cacau em Ferradas, sem esquecer Mutuns e Pirangi, palco das lutas das “terras-do-sem-fim”.

Poesia, música, leitura de textos e uma “Gabriela” (Larissa Profeta, atriz premiada no último Multiarte) atentamente observada por Tonico Bastos/Nassib (Marquinhos Nô) enquanto buscava retirar uma pipa de um telhado.

Sob o olhar atento de Maria “Babinha” Machadão.  

Lembrando

jaO DIÁRIO BAHIA tem veiculado em sua edição on line, vídeos da terra ferradense, onde se destaca o Projeto da ACODECC “Irmão JORGE, 100 anos AMADO”, lançado há um ano. Nestes dias em que Itabuna lembra de Jorge Amado, o filho ilustre nascido em terras do cacau de Ferradas a iniciativa do DIÁRIO BAHIA deve ser enaltecida.

E, mais que isso, imitada.

Ensaiando Saint-Säens

“Enquanto cidades do mundo inteiro gostariam de ter um filho ilustre como Jorge Amado, aqui entre nós grapiúnas preferimos ignorá-lo, sem que se faça um reconhecimento digno de sua memória”. As palavras, lamentáveis e desprovidas de respeito à cultura itabunense não saem de inimigo desta terra.

Lamentáveis se tornam por nascerem de Cyro de Mattos, ainda presidente da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania-FICC, expressadas em matéria do Jornal AGORA de terça 8 (Deputado quer apoio para Ecomuseu Jorge Amado). Coronel Santana teria recebido o projeto das próprias mãos de Cyro..

Infeliz declaração, de quem deveria cumprir com pelo menos seu desiderato de fomentador e resgatador da cultura itabunense.

Dos palcos para Itabuna

A pergunta elementar, considerando que o deputado Gilberto Santana assumiu o mandato a partir de fevereiro de 2011, é no sentido de saber onde se encontrava dito projeto da FICC desde que Cyro assumiu o órgão. Num primeiro instante, cabe também indagar sobre o que fazia o presidente ao tempo das comemorações do centenário, importante instante para lançar o projeto.

Claro que suas idiossincrasias não deixaram. Afinal, a comunidade de Ferradas, através da ACODECC, lançava em 2010 o projeto “Irmão JORGE, 100 anos AMADO”, antecipando o processo de comemoração do centenário do escritor – onde também o prefeito José Nilton Azevedo, que com ele se comprometeu diante da comunidade. Nenhuma iniciativa tomou Cyro de Mattos.

E não queremos aqui atribuir tão somente à sua patológica vaidade e individualismo. Preferimos mais tributar à incompetência para gerir uma instituição de tal porte.

O 13º ato

Cyro de Mattos, com sua declaração, atesta a incompetência que assinalamos acima. Em que pese assessorado por pessoas experientes sua ação gerencial é castradora, porque para ele tudo era Cyro, por Cyro e para Cyro, e sua filosofia de trabalho deveria ser ditada apenas para “o escritor premiado no Brasil e no exterior”.

Há dias (ver neste O TROMBONE) uma criminosa licitação. Voltada para beneficiar determinada pessoa, diretamente (porque indiretamente quem pretenda fazer política às custas da FICC pode ser o beneficiado). Onde estava, indagariam os cidadãos desta terra: ausente e mesmo teria assinado(?) sem saber o contido no edital.

Descompasso com a administração, leia-se com a competência para gerir.

Não deu outra; o cisne finou-se

Depois de tudo isso – e não apenas isso – o prefeito José Nilton Azevedo exonerou Cyro de Mattos na quinta 11. NA sexta, Cyro se despedia dos funcionários na FICC.

Fechou-se o pano.

Cabe apenas ver o 13º andamento da suíte “O Carnaval dos Animais”, do francês Camille Saint-Säens, denominada “A Morte do Cisne”.

UFSULBA

Geraldo Simões iniciou em sua segunda gestão a viabilização de estudos para a implantação de uma Universidade Federal com sede em Itabuna. Que se iniciaria com uma extensão da UFBA e contava com o apoio do então Reitor Naomar Monteiro. Foi atropelado pelas circunstâncias eleitorais adversas em 2004.

Ainda que Félix Mendonça tenha tido projeto para implantação de uma Federal sediada em Itabuna temos em Geraldo o mais comprometido com a iniciativa. E Alice Portugal como uma entusiasta.

Nossos votos de agradecimento ficam para Geraldo, pela proposição no início da década passada. E a todos os demais integrantes da bancada baiana que apoiaram a criação e especialmente àqueles 21 que defendem a Reitoria em Itabuna.

Impasse a ser superado

Itabuna perdeu o IFET para Ilhéus por falta de acompanhamento de sua representação política. Raimundo Veloso “chantageou” na hora certa e levou a instituição para o meio da estrada Ilhéus-Itabuna, dificultando o acesso de estudantes mais interioranos, que encontrariam em Itabuna um ponto natural de convergência.

Surge a conversa de que Porto Seguro poderia sediar a Reitoria da futura Universidade Federal do Sul da Bahia. Seria resultado de conclusões do Ministério da Educação. Decisão precipitada e fruto da “competência de gabinete”, aquilo a que chamamos de analise da realidade brasileira olhando o mapa a partir da burocracia de um gabinete, quando muito usando GPS ou livros de História. O que muitas vezes, como no caso concreto, destoa da realidade.

Risco de vitória de Pirro

É inteiramente sem sentido deslocar para Porto Seguro a centralização das decisões universitárias que terão expressão física em Itabuna. Dizemos Itabuna porque este é um lugar privilegiado pela circunstância elementar de ser pólo de convergência de uma malha rodoviária.

Porto Seguro é destino isolado, como o é Ilhéus, com vocação turística. Tanto que queremos confrontar essa realidade presumindo que tal fato seja apenas especulação.

Caso contrário, uma derrota da classe política itabunense.

De olho no movimento cultural

Geraldo reuniu amigos em torno de um projeto para a cultura local. Sem mistérios: passa pelo Centro de Convenções. Alguém já de olho em cargos. Como Cyro de Mattos perdeu a FICC pode até ser aproveitado para dirigir o futuro espaço.

Especulação? Que seja!

Cartas na mesa I

Boa fonte nos afirma haver Geraldo Simões assegurado que Juçara é a candidata do PT para 2012. Com apoio do Governador Wagner.

Quando se afirma peremptoriamente em torno do apoio do governo do Estado tão antecipadamente alguma coisa pode não estar batendo.

Privilegiado

Fernando Gomes continua na arquibancada da sucessão. Geraldo Simões lutando para viabilizar a conclusão do Centro de Convenções. Tanto que ensaia apoio da classe artística. Sugestão de algum conselheiro.

O detalhe está em dividir a turma. Até o momento conta com os mesmos. Insatisfeitos com a cultura local em mãos incompetentes. Inclusive no Centro de Cultura Adonias Filho.

Esse, por escolha de Geraldo.

Para nossos pais

Nossa homenagem aos pais, com essa pungente página do cancioneiro latino-americano. Apenas ouvir. O original (Mi Viejo), com Piero José, e a versão de Nazareno de Brito (Meu Velho), para Altemar Dutra.

caboco

Cantinho do ABC da Noite

Encontraram-no no supermercado. Carretel de conversa desenrolado, com o tradicional “que faz por aqui”, encontra a explicação de Cabôco:

– Depois de aposentado só venho aqui comprar leite longa vida.

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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de “Amendoeiras de outono” e ” O ABC do Cabôco”, editados pela Via Litterarum