AdylsonQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  

Adylson Machado

                                                                              

Contradições

Certas dietas são reconhecidas como contributivas para o câncer. Entretanto, mundo afora entidades que tratam ou cuidam da doença aceitam recursos de empresas que concorrem para aumento da incidência de câncer.

E fazem campanha, incentivando o nocivo consumo. E consideram “dia feliz” aquele em que as crianças são levadas a aprender a adoecer. Com apoio de escolas e professores.

Análises I

Geraldo Simões tem um argumento forte: Juçara para prefeita é a manutenção de sua vaga na Câmara Federal, para assegurar a representação regional. Sob esse aspecto, sobejas razões. Afinal, deixando a Câmara Federal restaria Josias Gomes, no momento vivendo com GS uma relação tipo “dois bicudos não se beijam”.

O que falta explicar é se somente há Juçara no PT itabunense. Se for argumentado que no momento só há ela, caberia indagar porque a mesma argumentação para 2012 não prevaleceu em 2000, quando GS também era deputado federal.

A conclusão: GS não pensou em ninguém do PT. Só ele ou alguém de sua intimidade.

Análises II

juçaraOutra especulação poderia justificar a insistência de Geraldo em torno de Juçara. Se, por hipótese, tivesse ele barrada sua candidatura, em decorrência de problemas com a Justiça Eleitoral, realmente só disporia de Juçara, já que não “preparou” ninguém para substituí-lo.

A Justiça Eleitoral em muitos casos ampara-se em decisões políticas (leia-se, Câmaras de Vereadores) ou técnicas (Tribunais de Contas, muitas vezes quando o Conselheiro está a serviço de quem o indicou) não suficientemente enfrentadas em tempo hábil – quando não típicas armações, como no caso dos Capiberibe – e levam gestores a viverem sempre no fio da navalha.

Sob esse prisma, Juçara foi elaborada como uma reserva de luxo, no instante em que pode mostrar trabalho à frente da Secretaria de Bem Estar Social do município de Itabuna, justamente na segunda gestão de GS.

Tirando o sofá

Amigos de GS andam atordoados com suas conversas com Fernando Gomes, iniciadas pelo próprio Geraldo através de Raimundo Vieira. Estão como aquele marido traído e que retira da sala o sofá onde flagrara a traição. Fazer o quê?

Nada a fazer!

Faltando alguma coisa I

O embate sustentado pelo deputado estadual Coronel Santana contra o Conselho Municipal de Saúde de Itabuna não traduz postura democrática, tampouco equilíbrio para construir soluções para a gestão da saúde itabunense.

Atribuir ao CMSI as mazelas por que passa o setor cheira a política de menor alcance. Ao bater no Conselho, como se este fosse causa, por exemplo, da existência de fantasmas no Hospital de Base – fato descoberto por sua própria irmã, que dirige a FASI por sua indicação – o deputado gera uma reação à intolerância com que trata os atuais conselheiros e põe gasolina no fogo como meio de apagá-lo.

Está faltando alguma coisa no gabinete do Deputado: ou bom senso ou conselheiros.

Faltando alguma coisa II

santanaO deputado Coronel Santana, que tem iniciativas altamente louváveis, como defender a redivisão territorial da Bahia, com particular ênfase entre Ilhéus e Itabuna, para ampliar os limites grapiúnas, ou aliar-se aos que defendem a criação de uma Região Metropolitana tendo as duas cidades como pólos, alimenta desgaste desnecessário, correndo o risco de angariar inimigos gratuitos a projetos de tamanha relevância para Itabuna.

Como dissemos acima, está faltando alguma coisa: ou bom senso, ou bons conselheiros em sua assessoria.

A propósito

Aplaudindo a faxina iniciada com a descoberta dos fantasmas na folha do Hospital de Base a sociedade aguarda os nomes dos beneficiados.

Ainda que isso possa causar “irritações”, não só naquele que percebia 12 mil reais, vinculado a um mangangão da política local, eleito em 2010.

Édson Dantas

Teria alardeado que não apoiaria candidatura petista. Esqueceu-se que a relação entre a cúpula estadual do PSB e mesmo parte da local, está muito vinculada a Geraldo Simões. Para não esquecer, Juçara é suplente de Lídice da Mata. Foi “desautorizado” a falar sobre o tema.

Resta observar, de agora em diante, o que dirá Dr. Édson sobre a sucessão.

FICC

sandraO que circula em relação à nova Presidente da FICC, Sandra Ramalho, somente diz respeito à sua condição de esposa de vereador. No entanto, para contribuir com futuras “especulações” alheias registre-se ser a Senhora Roberto de Souza, natural de Juazeiro, pedagoga, advogada, ex-bailarina e poetisa.

Mal assumiu a FICC já mantém contatos com grupos e movimentos culturais de Itabuna (tarefa insossa para Cyro de Mattos), como o Clube dos Poetas do Sul da Bahia, ACATE, ACODECC.

Inclusive participando da já tradicional “Sopa Cultural”, onde se reúnem para trocar idéias (foto do Blog da Acate).

Ocupando espaços

Certamente só a pessoas de seu círculo íntimo, muito restrito, Geraldo explique a estratégia de aproximar-se de Fernando Gomes. Talvez o pretendesse há muito, se estamos certo em nossa análise. O Centro de Convenções foi o álibi para que a coisa viesse a público. O que teria ocorrido a partir de uma denúncia através do Fantástico da Globo que tratava de obras inacabadas pelo Brasil, dentre elas o CC itabunense, onde considerável soma de recursos públicos já havia sido aplicada – como o disse o deputado em entrevista ao Alô Cidade da TVI no último dia 27.

Superações I

De uma hora para outra o espírito público de GS superou picuinhas provincianas (coisa de cabo eleitoral apaixonado), e descobre a partir da Globo, há pouco, que existiam recursos públicos aplicados no CC.

Sob esse prisma, só elogios a GS.

Apenas temos a considerar, pelo fato em si mesmo, que ocorre de maneira um tanto tardia, uma vez que o CC encontra-se paralisado desde o início da última gestão de Fernando, o que representa quase seis anos.

Superações II

Sob esse aspecto, ainda que elogiosa a “conversão” em reconhecer que uma obra daquele porte precisa ser concluída, temos a considerar que GS também já era deputado federal, e Wagner governador, assim que as obras foram paralisadas quando dependiam dos recursos do Estado.

Nem assim Geraldo se lembrou do Centro de Convenções.

Ainda sob esse ângulo, a iniciativa de Geraldo depois da edição do Fantástico poderia tê-lo sido diretamente ao Governador, visando a conclusão da obra, quando ambos assumiriam a paternidade sem intermediários.

Por que então os contatos com Fernando Gomes, com quem GS não falava desde 1992?

Razões I

Resta então, sob o condão dessa análise, verificar a razão por que de Geraldo se despertar para a importância da conclusão do CC e da iniciativa de entrar em contato com Fernando, através de Raimundo Vieira, para intermediar a viabilização de recursos do Estado para sua conclusão.

Num primeiro momento, aproveita-se da mobilização de uma parcela da sociedade itabunense, dentre ela a de membros da classe artística, que reclama pela conclusão (Eva Lima o fez ao vivo e em cores, no encontro do Pensar Cacau, cobrando-a dos muitos deputados estaduais ali presentes, assim como Ari Rodrigues na matéria do Fantástico), elevando o tema a foros antes não previstos.

Num segundo instante, com a força que tem e a representação de que dispõe, além da circunstância de aliado do Governador, precipita o processo que entende inevitável – a conclusão em si – para afastar outros atores que dela poderiam também se apropriar (deputados estaduais, por exemplo) e que encontrariam bandeira que repercutiria no processo eleitoral que se aproxima.

Razões II

Nesse aspecto, retira dos demais a bandeira, tornando-os – se o desejarem – meros coadjuvantes. E o fez – não há que ser negado – de modo competente, ao buscar a principal pessoa interessada: Fernando Gomes. Antecipou-se aos demais utilizando-se de um “aliado” fundamental.

E desdobra uma estratégia política, inegavelmente sábia. Simplesmente uma grande jogada: a de se aproximar de Fernando, que pode lhe interessar politicamente (acenderia vela para Deus e o Diabo, para garantir seus propósitos eleitorais, já o disse GS), com o discurso de que não o faz por interesse individual seu, mas pelo da coletividade de Itabuna.

Rescaldo

E outro desdobramento se torna imperativo para análise: até mesmo de Fernando Gomes retira o discurso absoluto da existência e conclusão do Centro de Convenções.

Quando nada, deixa-o no contra-pé, preservando a candidatura petista e o Governador do discurso virulento de Fernando Gomes.

Outro fato a ponderar

Particularmente temos que há um singular elemento estratégico na ação de Geraldo: inibir qualquer atuação política de reaproximação entre FG e Azevedo. Que poderia ser um golpe fatal para as pretensões de Geraldo, tendo Juçara como nome do PT para a sucessão.

Não nos esqueçamos de um mistério que paira sobre as pesquisas para 2012, onde somente são ofertados números da rejeição de Azevedo. Nunca mostrados os das intenções de voto em Azevedo nesse cenário de alta rejeição.

Para não esquecer

Outrossim, ainda não há respostas no universo da análise política local para o caso de Azevedo não sair candidato. A hipótese é plausível, tanto por interpretação que a Justiça Eleitoral oferte à circunstância de haver substituído Fernando na condição de Vice-prefeito, como na de rejeição de suas contas pelo Legislativo local.

E nessa circunstância para onde penderia o eleitorado de Azevedo? Dificilmente para o PT, que será vilão com um novo “PT do tapetão” explorado à exaustão.

Aí então, no embate político de 2012, não haveria “inimizade política” mais profunda entre Geraldo e Fernando, visto estar nas mãos do Governo Estadual a efetivação de uma obra que interessa diretamente a Fernando Gomes.

Entrevista nas entrelinhas

Na entrevista concedida ao Alô Cidade da TVI, no sábado 27, marcada pelo critério, de alto nível, de lançar a bola para o entrevistado e deixá-lo à vontade para fazer de embaixadas a gol contra, Geraldo Simões sinalizou algumas situações nas entrelinhas de sua fala:

1. Não atacou quaisquer das administrações de Fernando Gomes, antes o titular de todo “saco de maldades” para com Itabuna, nem mesmo quando o tema Saúde foi aventado;

2. Cabe a Vane tentar o terceiro mandato de vereador dentro do PT, “onde aprendeu a fazer política”. Pelo descaso e ironia com que tratou o tema ou tem como favas contadas a saída de Vane ou esnoba do futuro político do vereador;

3. Fustigou o PCdoB, ao lembrar a candidatura de Davidson Magalhães em 1996, que ficou famosa como “laranja” de FG. A insinuação poderia alimentar o discurso no curso da campanha de que o candidato de PCdo B poderia se tornar um “inocente útil”;

4. Quanto ao PMDB quase manteve silencio, limitando-se a pretendê-lo na base de sustentação de uma candidatura petista para unir forças com vistas à recuperação de Itabuna.

5. Disse não entender a postura de Roberto de Souza, tendo o apoio do vereador ao Prefeito como contraditória em relação à própria família, que estaria no Governo Wagner.

Nesse particular, jogando para a platéia, GS encobre uma verdade: quem sentou com Azevedo não foi um Roberto de Souza isolado, mas o próprio César Borges, o que sinaliza aquilo que já aventamos neste espaço: dificilmente o PT encontrará apoio do PR e do PMDB em 2012 à luz da realidade deste instante.

O que não passa ao largo da visão deste analista é o fato de que Borges e ACM desancavam Geraldo na tribuna do Senado, quando GS, então dirigente máximo da CODEBA, frustrou pretensões carlistas e bastante particulares de César Borges em relação à concessão de um terminal portuário em Aratu, menina dos olhos de Borges.

Bateu o martelo

Como de se esperar – pela forma como conduzia o processo de aproximação iniciado por Geraldo Simões – Fernando Gomes, “em céu de brigadeiro”, bateu o martelo: terá candidato para a sucessão, que não será Azevedo, tampouco Geraldo. Afirmou-o Paulo Lima, na TVI, que ouviu do próprio ex-prefeito. Sinaliza até para a possibilidade de mais um “sacrifício”.

Gáudio para os fernandistas que torciam o olhar para a aproximação. Certamente tristeza para Geraldo, que sonha ver FG fora da disputa para conquistar dissidentes para suas bandas.

Tudo pelo andar da carruagem. No momento.

Sylvia e Sylvinha Telles

A coluna resgata dois ícones da interpretação brasiliana: Sylvinha Telles, morta em 1966, aos 33 anos, em desastre automobilístico, filha da também maravilhosa Sylvia Telles. Duas pérolas de suas interpretações: “O Que Tinha de Ser”, de Jobim e Vinicius, com a filha, e “Estrada do Sol”, de Jobim e Dolores Duran, com a mãe.

Cantinho do ABC da Noite

caboco– Quem gosta de casa é marimbondo, cupim, joão-de-barro (que é, inclusive, engenheiro) – critica quando alguém se diz caseiro. E completava:

– Botão, como os outros, nem paga aluguel!…

– Quem é Botão, Cabôco? – pergunta um mais desprevenido, imaginando ser alguém que visite o ABC.

– De camisa, Cabôco.

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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de “Amendoeiras de outono” e ” O ABC do Cabôco”, editados pela Via Litterarum