AdylsonQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  

Adylson Machado

                                                                              

Satisfeitos

Os bancários parecem satisfeitos com 1% a mais que o reajuste oferecido pelos banqueiros (8%) depois de vinte dias de paralisação e desistem dos pretendidos 12,8%, aceitando 9%. Considerando a diferença original, de 4,8% – 12,8% menos 8,0% – não conquistaram 20% do que buscavam. (À guisa de ilustração: para uma remuneração de 5 mil reais, apenas 50 reais a mais).

Por sua vez os bancos conseguiram tudo o que pretendiam e mais alguma coisa. Pedem apenas que aguardemos seus balanços para conferência. Nenhum prejuízo lhes trouxe a paralisação.

Os banqueiros agradecem e os consumidores de serviços bancários pagarão a conta enquanto aguardam a próxima campanha de melhoria dos lucros do sistema financeiro, a ser promovida pela categoria.

Amigo do Teixeira

teixeiraO “Amigo da Onça” marcou as gerações que encontravam na revista “O Cruzeiro” a grande publicação semanal brasileira durante décadas como o grande repositório da informação no país. Muitos abriam a revista a partir da página de Péricles.

Encontramos no www.conversaafiada.com.br esta pérola, inspirada no personagem de Péricles e tendo o mangangão da CBF aflito diante da proposta do garçon.

Perderam o pudor

É o que se pode dizer da “intervenção na Líbia” pela democracia. Nem mesmo controlaram o país e os novos donos/vassalos comprometem-se a pagar em petróleo a ajuda militar recebida para destituir Kadaffi.

A França acaba de ser beneficiada com a destinação de 25% do petróleo líbio produzido. É o preço por cada bomba, cada míssil, cada vôo. Resta saber a cota da Inglaterra, da Itália, dos EEUU…

Não esperaram nem o defunto ser enterrado e a viúva já arranjou marido. Perderam o pudor de vez!

Perderam a oportunidade

Explosão no Rio, com mortes, atribuída a vazamento de botijões, deve ter sido lamentada pelos Estados Unidos. Razão do lamento: não ocorreu em território estadunidense.

Justificaria a invasão do Irã. Afinal configuraria uma “ameaça terrorista”, ainda que não por “armas químicas”.

Melhor latir que tossir

Joelmir Beting, que tem como marca textual cruzar a realidade com o humorismo em seus comentários, nos saiu com a seguinte pérola, concluindo crítica sobre a carga tributária brasileira em medicamentos, comparando-os entre os humanos e os veterinários (ainda que nos moldes editoriais da Band):

– Se você entrar na farmácia tossindo, paga 34% de imposto; se entrar latindo, paga só 14%.

No embalo humorístico sugerimos aprender a latir antes de entrar na farmácia. Pode ser uma solução.

Não será como antes

Versão século XXI da global Gabriela, baseada na obra de Jorge Amado “Gabriela, Cravo e Canela”, é promessa da platinada para coincidir com o centenário do ferradense ilustre. Tenha-se a certeza, pelo tema e o que representou a exibição primeira nos início dos anos 70, aliados à oportunidade, que tem tudo para ser sucesso absoluto.

No entanto, ainda que os recursos técnicos sejam outros, muito mais aprimorados, cremos que faltará um elenco como aquele dos anos 70. Quase 40 anos depois ainda lembramos (os que a assistiram) de Paulo Gracindo, Armando Bógus, Fúlvio Stefanini, 

E por mais que Juliana Paes possa configurar uma Gabriela dificilmente (ou nunca) será àquela de Sônia Braga.

Itabuna presente

cachoeiraEstivemos em Cachoeira (ficamos encantado com a cidade heróica), em visita a FLICA – Festa Literária Internacional de Cachoeira, ao lado de Ari Rodrigues (presidente da ACATE-Associação dos Amigos do Teatro) e da atriz e produtora cultural Eva Lima, apreciando a oportunidade da iniciativa, que amplia o cenário baiano escritoresno imaginário cultural.

O único incômodo causado pela FLICA foi a mediação à Jô Soares/Faustão, efetivada pelo Curador do evento, Aurélio Schommer, no curso do debate “O Romance e a Grande Literatura”, que em muito prejudicou a atuação de Carlos Barbosa, Mayrant Gallo e Jorge de Souza Araujo, intervindo/interrompendo intempestivamente, a ponto de incomodar o público. Pareceu-nos que desconhecia não só o tema em discussão como a obra dos escritores, especialmente o peso do trabalho de Jorge.

Qualificação

O município de Itabuna eleva aos píncaros a melhoria da qualificação do magistério municipal, com novos licenciados, que pode alcançar 85% do quadro em 2012, ampliado a partir de 2005.

Duas leituras imediatas: 1. Itabuna já vinha qualificando o magistério municipal, ainda em tempos de dificuldade de acesso à graduação, donde se destaca pelo menos a última gestão de Geraldo Simões; 2. A ampliação decantada oficialmente se iniciou na última gestão de Fernando Gomes, continuada na de Azevedo, aproveitando programa dos governos federal e estadual voltados para o aprimoramento de professores.

Desta última leitura uma certeza: Gustavo Lisboa, como Secretário de Educação.

Qualificação II

Loas têm sido levantadas à qualificação do magistério como instrumento de melhoria para a educação brasileira. Não se negue a sua importância. O caminho imediato é esse, ainda que à distância.

No entanto, particularmente vemos que só isso não basta. Programas que visam efetiva qualificação do ensino (além da do professor, em que pese ser peça importante do processo) devem integrar o projeto educacional.

Se observarmos – e conhecemos isso de perto – o nível de escolaridade de alunos de 1ª a 5ª série, egressos da escola pública municipal, que chegam à rede estadual (onde ainda ministramos aula) matriculados na 6ª série – que corresponde ao antigo 2º ano ginasial – fica visível a ausência de compromisso do Município com o aluno.

Muitos inteiramente analfabetizados (expressão nossa para explicar o aluno que passa pela escola e nada aprende), não sabem ler nem escrever e apresentam dificuldade – pasme o leitor! – para assinar o próprio nome, sem qualquer noção de parágrafo, pontuação, dificuldade para distinguir entre nomes próprios e comuns e por aí vão…

…Vão cumprindo etapas iniciais da cultura da certificação, “avançados” para alimentar as estatísticas escolares e governamentais.

Cultura da certificação

Assim pessoalmente denominamos a circunstância do considerável avanço estatístico no âmbito da graduação, graças às facilidades de acesso à universidade e à pós-graduação (especialmente a latu senso) sem que seja sedimentada no graduado ou pós-graduado o domínio da correspondente competência para o exercício da atividade a que pretendeu.

Raros os que não apresentam um “certificado”. Entretanto isso não repercute no domínio da informação, tampouco na formação do aluno.

Ainda que não possamos tributar exclusivamente a esse fato o “desastre” (que está aliado à inexistência de reformulação da própria grade curricular e na inserção de outros conteúdos, maior tempo presencial do aluno no ambiente escolar e à integração de psicólogos e assistentes sociais à carreira educacional etc.), pesa em muito esse “despreparo” (a cultura da certificação), a valorização pura e simples ao profissional por se encontrar munido de um certificado (diploma).

Sentimos que o magistério, em geral muito sacrificado, repercute no baixo nível de escolaridade. Apesar de tanta certificação.

Jabes sentiu o golpe

jabesO experiente político com suas declarações a partir do ingresso de Newton Lima no PT confirma essa assertiva. Se não o fosse estaria aguardando pura e simplesmente que as “cúpulas” estadual (da qual faz parte) e nacional decidissem o municipal.

Partiu para o ataque e até mesmo denominou de “Operação Tabajara” a ação petista, que afasta neste instante a possibilidade de alianças compensatórias, pelo menos em Itabuna e Ilhéus.

Certo que duas situações se afiguram do destempero jabiano: 1. Se as cúpulas refizerem o pacto obrou mal Jabes, que demonstrou desconhecer a apoteose e se preocupou com o intermezzo; 2. Se tudo lhe ocorrer favoravelmente, magoou futuros aliados.

Calado ganharia mais. Até como vítima.

Ações distintas

Ainda que fiquemos só: o Governador Jacques Wagner mais age em benefício da Bahia ao defender a participação de todos os estados na riqueza do pré-sal do que em fazer retornar o horário de verão.

Pré-candidaturas I

Muitos que se prestam a lançar-se pré-candidatos geram no observador mais atento uma elementar conclusão: pouco voto, despontando para a política e com vocação imediata para o poder.

Norteia o pensar de muitos que alimentam o legítimo sonho de fazer por sua terra que a circunstância de seu nome e atuação neste ou naquele setor de atividade o faz tornar-se líder natural. E uma outra circunstância, a da evidência, o dotaria de carisma político.

Essa leva tem se aprofundado nos últimos anos, em muito alimentada por lideranças maiores que arregimentam “prés” para assegurar votos e cabos eleitorais para si.

Pré-candidaturas II

Outro fato que passa ao largo dos neófitos em política, tornados “prés”: o controle das agremiações partidárias não é coisa para amadores. Nenhuma segurança há para o dirigente local diante dos interesses dos dirigentes estaduais e nacionais. Não são a ideologia, os princípios e as convicções que definem a liderança local, mas o grau de submissão desta ao comando superior. Assim, simplesmente não existe autonomia em nível local.

Um exemplo clássico na Bahia ocorreu com o PSB, aqui refundado sob a liderança de nomes históricos como o de Newton Macedo Campos, tradução autêntica do ideário de João Mangabeira, e que, ainda novinho, viu-se alijado do processo quando o comando nacional simplesmente defenestrou o histórico do socialismo baiano para beneficiar a médica Abigail Feitosa, que mirava a prefeitura de Salvador em 1988.

Ninguém perguntou se Abigail se afinava com a filosofia e o programa partidário; interessava ao comando nacional do PSB a expressão político-eleitoral que Feitosa dispunha naquele momento.

Pré-candidaturas III

Por aqui já rodapeamos que política não se faz a partir ou através de colunas sociais, entrevistas ou capas de revista. Se tal ocorresse amparado na liderança efetivamente conquistada seria uma coisa; outra coisa é tudo surgir norteado por interesses mútuos em sede particular. Para uns, aparecer na mídia; para outros o desdobramento conseqüente de abrir o seu espaço.

Para muitos, tudo com um custo que não é nada moral, ideológico ou idealístico, mas material mesmo.

Em tempo de reuniões e “de murici”

Sob esse aspecto das pré-candidaturas que são efetivamente candidaturas só Geraldo/Juçara, Azevedo, Vane (se for para marcar o espaço evangélico), Davidson/Wenceslau (se o PCdoB mantiver a pretensão à independência) e Roberto “Minas Aço” Barbosa (se mantido o atual desencontro entre PT e PP).

Nem mesmo as do PDT e PMDB (correndo por fora), podem ser definidas como efetivadas quando junho de 2012 chegar.

Dependem estas últimas de forças superiores.

Rir como ouvir

ze vasconcelosSua morte, aos 85 anos, noticiada na terça 11, deixou um vazio de um tempo em que o humor também nos chegava através do acetato. Ríamos a cântaros com Zé Vasconcelos, ainda que não dispuséssemos de sua dimensão facial, que por si só fazia desaguar em gargalhadas quando nos chegou através do cinema e da televisão. Dono de um humor puro, sadio, sem apelações, que não agredia e nunca foi grosseiro. Muitos dele se lembrarão pelas passagens pela “Escolinha do Professor Raimundo”, como Ruy Barbosa Sá da Silva. Localizamos essa passagem do humorista no programa do Jô, em que humorisa um fato verídico.

Cantinho do ABC da Noite

cabocoTradicional açougue de porco, o ponto onde hoje é o ABC existe desde os anos 20, e nos primórdios, a partir de 1962, costumava servir uma galinha ao molho pardo e um ensopado de porco. Um freguês daqueles tempos cobrou do Cabôco Alencar o antigo hábito:

– Deixei pra não ferir a concorrência, Cabôco.

E concluiu, satirizando o Homem contemporâneo:

– Quem dá comida a bicho é dono de circo, Cabôco.

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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de “Amendoeiras de outono” e ” O ABC do Cabôco”, editados pela Via Litterarum