Adylson MachadoQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  

Adylson Machado

                                                                              

Serra não defendeu nem a mulher

monica serraNo debate da Bandeirantes Dilma Roussef  afirmou que a “baixaria” eleitoral de que era vítima tinha matriz no PSDB e deu nome a um dos “bois”: Mônica Serra, coincidentemente a esposa do tucano, que teria propalado, na baixada fluminense, de que a petista era “a favor de matar criancinhas”, em clara alusão ao tema do momento (abortamento) explorado à exaustão, com laivos de hipocrisia pela campanha de José Serra.

Acuado pela veemência de Dilma, Mônica não encontrou nenhuma defesa do marido. O que significa ser verdadeira a acusação de Dilma Roussef.

Para Ciro Gomes, Serra passa por cima de qualquer um para conseguir o que quer.

Nem a mulher fica de fora!  

Debate I

Para quem assistiu o debate na TV Bandeirantes sabe que a tônica do evento foi dada pela incisiva intervenção de Dilma Roussef acuando José Serra em torno de temas como as privatizações e a comparação entre os governos de FHC e Lula. Essa postura deu o mote dos próximos debates.

No entanto, o Jornal da Band de segunda e terça, 11 e 12, editou somente a última parte do debate, as considerações finais, valorizando a participação de José Serra.

Serra, ao contrário da edição do Jornal da Band, foi um fracasso, ao fugir de responder em torno de temas que diziam respeito ao período FHC, quando foi Ministro do Planejamento, fato em muito instado por Dilma, quando lhe cobrava posições atuais diante do passado.

Quando se falou em privatizações Serra fugiu do tema como o Diabo da cruz.

Debate II

dilma bandDilma desmistificou a propaganda eleitoral de Serra, no assunto clínicas para tratamento de viciados em crack. Afirmou que, apesar de o Estado de São Paulo ter milhares de viciados (em torno de 300 mil), o governo tucano oferecia apenas 96 vagas. Serra, disse que não era verdade, pois chegavam a 300 – confessou. Ou seja, não atinge 0,01% das efetivas necessidades! Regiamente “multiplicadas” na propaganda eleitoral.

Serra ficou sem responder (dentre muitas sem resposta) à pergunta de Dilma sobre as recentes declarações de Zilberstein (ANP no Governo FHC) de que o ideal é privatizar o pré-sal.

Urnas e apoio popular I

Algumas urnas desmistificam a popularidade de Lula como fator preponderante para a transferência de votos, demonstrando que a realidade local prevalece com idiossincrasias, conflitos, ranços e paixões. Até mesmo a evidente melhoria das condições de vida de cada população beneficiada pelas políticas sociais do Governo federal não são o condão da certeza de reconhecimento a ser traduzido em votos.

Em Itororó, por exemplo, em que pese setores de informação afirmarem ter o Prefeito Adroaldo Almeida mostrado “bastante força” política – levando em consideração as votações de seus candidatos Geraldo Simões (3.504 = 33,03%) e Rosemberg Pinto (4.653 = 43,16%) – Dilma Roussef atingiu 4.836 votos, alcançando os 47,61% (pouco mais que a votação de Rosemberg,), enquanto José Serra recebeu 4.498, ou seja, 44,28%.

Imagine o leitor de quem a festa!

Urnas e apoio popular II

Rápida análise em torno dos números publicados pela Justiça Eleitoral da Comarca de Itororó revela os seguintes dados, para Dilma e José Serra: Firmino Alves – 1.468 (54,31%) X 1.077 (39,84%) – Itaju do Colônia – 2.135 (67,61%) X 679 (21,50%).

Comparando, a maior votação de José Serra foi justamente em Itororó, sendo acachapado em Itaju do Colônia e fazendo média maior que a nacional em Firmino Alves. Naturalmente, a menor votação de Dilma, em Itororó.

Detalhe: a votação de Rosemberg Pinto superou a de José Serra na terra da carne de sol.

Itabuna e Censo 2010

Esse o título de artigo de nossa lavra, publicado neste O TROMBONE (de 04 agosto), refletindo em torno da distorção visível entre as populações de Itabuna e Ilhéus, quando destacamos a possibilidade de manipulações em levantamentos pretéritos que beneficiaram a praieira, tema voltado à baila no DE RODAPÉS E DE ACHADOS de 05 de setembro (“O verdadeiro ‘feito’”).

E concluíamos: “Com o evidente aperfeiçoamento na forma de recrutar, não fora os avanços tecnológicos que remetem ao quase imediato monitoramento dos dados coletados (antes registrados em planilhas, a lápis) Itabuna pode aguardar o retorno da realidade no que diz respeito à sua concentração populacional que não pode ser, ou continuar, tão desigual como a registrada nas últimas décadas em relação a Ilhéus”.

Pouco mais de dois meses passados (com 78% do trabalho de campo realizado, que apontam população em torno de 170 mil) e são anunciados números que permitem concluir que a população ilheense será reduzida a prováveis 180 mil habitantes, quando o levantamento anterior acusou cerca de 220 mil.

Dez anos depois, prováveis 40 mil a menos. Ou, mais precisamente, “o retorno à realidade”, quando Itabuna tende a superar os 200 mil habitantes

Quando os tempos são outros I

No jogo de denúncias que alimenta a campanha eleitoral, temos nos defrontado com “fatos” noticiados sob o pálio do anonimato, escrachando candidatos (em dimensão injuriosa). Inegavelmente Dilma Roussef tem sido alvo de insidiosa campanha contra a sua imagem, que distorce a realidade e alimenta o clima fundamentalista que ora norteia a campanha de José Serra.

No contraponto, algumas revelações estarrecem, como a de Sheila Ribeiro, ex-aluna de Mônica Serra (esposa de José Serra) de que esta afirmou em sala de aula para um grupo de alunas, em 1992, que praticara abortamento, no quarto mês de gestação, quando em dificuldades materiais, ao tempo em que ela e o marido vivenciavam dificuldades no exílio (todos os detalhes em www.conversaafiada.com.br, inclusive o texto publicado no Correio do Brasil).

Quando os tempos são outros II

Temos que o assunto é particular, pessoal, pois cada um sabe o que se passa com sua vida, em que pese, particularmente, sermos contra a prática do abortamento. No entanto, é a mesma Mônica Serra que, no interior do Estado do Rio de Janeiro, fazia propaganda contra Dilma Roussef denunciando-a como “a favor de matar criancinhas”, numa clara alusão à candidata como defensora de práticas que atentam contra a vida.

Punha na boca da candidata Dilma palavras que esta não dissera, para ajudar a campanha do marido, com quem gerara o feto abortado no quarto mês. Fato esse que ele, José Serra, não pode desconhecer. (Cai o pano).

No entanto, quando os tempos são outros, de campanha, a conveniência fala mais alto que a ética.

Andorinhas voltando

Infância e adolescência deixam em nós coisas para a eternidade. O revoar de andorinhas e seus mirabolantes devaneios estéticos nos fizeram refém da espera anual de seus retornos. Desapareceram quase completamente. Ou escolheram outras paragens, em busca de paz e apreciadores.

Aqui em Itabuna ainda alcancei seu chilrear e voos na Otaciana Pinto, dando outro matiz à Catedral, ainda que por segundos.

Neste 2010 redescubro na Avenida Ilhéus os clássicos arpejos andorínicos, dispensando elaboradas harmonias humanas, privilegiando moradores e transeuntes. Onde ainda encontram árvores. E ausência de rojões.

Não sabemos até quando!

Ferradas e o Centenário de Jorge Amado

Festa na antiga Vila de Dom Pedro de Alcântara, reduto da história regional e do Brasil, como o afirma Gustavo Veloso em seu “Ferradas: Um Capítulo da História do Brasil” (Via Litterarum), lançado nesta sexta-feira 15.

São 195 anos de existência reconhecida e os festejos integram a programação do centenário de nascimento de Jorge Amado, dentro do projeto Irmão JORGE, 100 anos AMADO, promovido e coordenado pela ACODECC – Associação Comunitária de Cultura e Cidadania de Ferradas e pela ACARI.

Ferradas viva

Todos precisam descobrir a força e a capacidade de mobilização da comunidade ferradense. Não de hoje, sem qualquer apoio oficial, Ferradas realiza um São João que desperta a atenção não só de itabunenses, realizado em bases inteiramente tradicionais.

Os ferradenses revivem valores culturais que se encontram aos poucos perdendo espaço para comodidade da televisão e da internet como instrumentos de lazer. Encontram nos antigos moradores os registros que vão trazendo à tona muito do que vivemos e as novas gerações estão perdendo.

A comemoração dos seus 195 anos traz as mais díspares manifestações culturais, que resgatam a memória e fixam na geração que desponta o compromisso da continuidade de reconhecimento do que é e do que representa para a nossa História. É só conferir, in loco.

Ferradas vive! Carece, apenas, de que vivamos com ela o que nos oferece. 

Falou para o vazio

Se dependêssemos do PiG para conhecer as declarações recentes de Marina Silva (registro acima) trazidas ao noticiário por http://www.jb.com.br/eleicoes-2010/noticias/2010/10/14/marina-pela-minha-tradicao-eu-seria-favoravel-a-apoiar-o-pt/ (“Pela minha tradição eu seria favorável a apoiar o PT”) certamente de nada saberíamos.

Apesar de sua presença haver assegurado o segundo turno para Serra e viver embalada pelos microfones e textos, ao deixar de representar importância (esgotou seu prazo de validade para a grande imprensa, como ocorreu com Heloisa Helena em 2006) a declaração acima declinada não mereceu qualquer referência.

Marina falou para o vazio. Só voltará aos holofotes se apoiar Serra, se negar a “tradição”.

Para ler e pensar

Acompanhando a edição do debate entre os presidenciáveis por ela promovido, nas edições do próprio Jornal da Band, entendemos por repetir – e acrescer – o que neste espaço transcrevemos semana passada. 

Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.(Paulo Henrique Amorim). Traduzindo, com alguns exemplos: jornais Folha de São Paulo, O Globo, O Estado de São Paulo; revistas Veja, IstoÉ e Época; rede Globo de Televisão. E agora a rede BANDEIRANTES.

Depois de tudo

Rir pra não chorar!

traças

traçosAdylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de “Amendoeiras de outono” e ” O ABC do Cabôco”, editados pela Via Litterarum