Clubinho de autoconsignação. Sem juros. Sem cobranças. Um negócio da China, do tempo em que na China o deus-mercado não cobrava sua parte em juros e correção monetária. Assim poderia ser descrito o que o Ministério Público investiga como "antecipação de salários, no período compreendido entre janeiro de 2013 e junho de 2016", e cujos processos de pagamentos foram alvo de mandado de busca e apreensão na última quinta-feira (30), na sede da Emasa.

Funcionava assim: os diretores pediam para "o próprio si" vultosos adiantamentos de salários, que depois diluíam em suaves prestações, refinanciáveis a perder de vista, sem juros, sem consulta ao SPC e Serasa, enfim, sem prestar contas a ninguém. 

Uma frase atribuída ao promotor Inocêncio Oliveira por quem participou de uma das audiências resume a patranha: "A presidente Dilma caiu por muito menos que isso". Ou seja, é um crime de responsabilidade, um atentado ao serviço público e ao dinheiro do povo.

Diretor preso

O processo que investiga esse e outros crimes corre em segredo de justiça na 2ª Vara Crime de Itabuna. Já levou para a cadeia, em prisões preventivas, o ex-diretor de Planejamento e Expansão, José Antônio dos Santos, e o chefe do Serviço de Combate a Vazamentos, Pedro Barreto. Ambos foram transferidos para o Conjunto Penal de Itabuna no dia 30.

Segundo o blog apurou, mais duas pessoas ligadas à cúpula da Empresa Municipal de Águas e Saneamento devem ter sua prisão preventiva decretada nos próximos dias.