Qual o proveito do escriba, senão a discussão de seus escritos?

Choveram telefonemas para este blogueiro nessa terça-feira (23), por conta do comentário, em forma de artigo, de autoria do advogado Osias Ernesto Lopes, publicado por O Trombone, sob o título “Achados bisonhos”. Alguns acharam a publicação do texto por demais liberal, outros louvaram a forma democrática com que o assunto foi tratado.

Passado um dia da turbulenta postagem, reafirmo que o espírito d’O Trombone é justamente esse, o da pluralidade do pensamento, da provocação da realidade estabelecida, do chute na canela da mesmice. Nem sempre conseguimos tanto, mas esse é o espírito. Afinal, o nome dessa página já diz muito de sua intenção. E é nesse ponto que quero chegar.

Quando convidei o professor, escritor e advogado Adylson Machado para colaborar com este blog, o fiz por entender, a partir de leituras anteriores, que seus textos têm a agudicidade necessária ao bom debate sem cair na vala comum do denuncismo irresponsável e inconseqüente. É um texto, sob esses aspectos e segundo a nossa ótica, perfeito.

Não entro no mérito, se o seu comentário (possível candidatura de Tiago Feitosa a vereador em Salvador), assinado, feito na coluna “De rodapés e de achados”, tem esse ou aquele objetivo, fere esse ou aquele interesse, incomoda a fulano ou a beltrano. Foi algo escrito sob a censura ética do próprio autor, e a mim coube – e caberá, sempre – acolher seu pensamento, ainda que porventura pudesse discordar de seu ponto de vista.

Entendemos, por outro lado, que Osias parte de um pressuposto de que tudo o que é publicizado pode ser debatido e rebatido. Quem escreve dá seu próprio corpo aos leões. Um texto publicado é a exposição de seu autor a nu, diante do público. Por isso o cuidado para selecionar um colaborador à altura de Adylson Machado, assim como outros de estatura correspondente que por aqui se expressam/expõem, como Walmir Rosário, Daniel Thame e o próprio Osias Lopes.

Aos que me telefonaram cobrando uma razão para a publicação do comentário de Osias Lopes, digo que essa editoria cogita apenas uma mudança: talvez reveja a forma como os comentários serão aceitos – artigo é artigo, comentário é comentário. Continuaremos publicando todos, desde que não ultrapassem o limite da ética e continuem cumprindo o acordo de não-agressão.

A esses também digo: acostumem-se com a pluralidade, não caiam na armadilha do antagonismo pré-moldado que reina na política local, que diz que se um texto atinge determinado personagem, o jornalista está a serviço de seu adversário – ou vice-versa. Aqui, o pau que dá em Chico, dá em Francisco. Somos pobres, mas somos limpinhos.

No caso particular desse – até salutar – entrevero, tenho certeza de que nosso colunista falou de um assunto sobre o qual tem total domínio e que também entende a dimensão das reações que ainda podem surgir a partir de seus escritos.

E, cá pra nós: há recompensa melhor do que essa?