Por pouco a morte de um índio Pataxó Hã-hã-hãe em Pau Brasil, no dia 22 de outubro, não se transformou em um banho de sangue naquele município. A área, em conflito há mais de 20 anos, vive um clima de tensão que talvez não suportasse mais essa “provocação”, o suposto assassinato de mais uma lideramça da tribo, que luta para retomar as terras que um dia foram suas e hoje estão com os fazendeiros.

Mas, descobre-se agora, ao contrário do que afirmou-se desde o início, a morte de José de Jesus Santos não foi em uma emboscada, nem tampouco obra dos fazendeiros, que já eram apontados como principais suspeitos. O pataxó foi morto por um tiro acidental, disparado por seu próprio irmão, Jorge Silva.

O irmão chegou a dar entrevista contando a versão de que a “emboscada” ocorrera na volta da reserva, na área de retomada, para onde José Silva teria ido levar alimentação para o pessoal que lá estava. Pela primeira versão, quando chegava em Pau Brasil, foi parado por dois motoqueiros que abriram fogo e depois fugiram.

A versão não durou um depoimento oficial. À polícia federal, na última sexta-feira, Jorge contou a verdade, e disse que o tiro foi acidental. Por isso, será indiciado por homicídio culposo – quando há culpa, mas não intenção de matar – e deve responder ao processo em liberdade. 

A arma do crime já está na perícia. Importante frisar, também, que até pela trajetória da bala a versão de emboscada não se sustentaria. Resta saber se esse caso teria o desfecho que teve se houvesse uma versão mais verossímel à disposição dos parentes e lideranças.

Com informações do Rede Bahia Revista