Depois de cozinhar o galo por mais de ano, eis que o prefeito Fernando Gomes anunciou, nessa segunda-feira (20), o que todos sabiam: vai ser candidato à reeleição. Dono de uma rejeição tida como insuperável, o alcaide acredita que pode quebrar o tabu da reeleição no município e, para esse feito, parece apostar suas fichas na alardeada amizade com o governador Rui Costa.

Mas, chamou a atenção dos itabunenses a coincidência do anúncio com um fenômeno que ele prometera acabar na cidade: o fechamento de escolas. Na campanha de 2016, ficou famosa a promessa, não pela importância do prometido, mas pela forma expressada: “Não vou fechar culejo”. Era uma referência ao prefeito que saía, Claudevane Leite, que se notabilizou pelo fechamento de unidades escolares.

Pois foi justamente no dia de um protesto contra o fechamento do Ciso, em que palavras fortes foram ditas contra políticos que fecham escolas, que o prefeito anunciou sua pretensão de continuar no Centro Administrativo Firmino Alves.

Outra triste ironia: o Ciso, colégio fechado por conta do fim do contrato com o Estado, é o mesmo que, em 2019, fechou as portas para os alunos matriculados na rede municipal por uma canetada do próprio Fernando Gomes. Na época o vereador Júnior Brandão tentou convencer o prefeito, reduzindo o valor do aluguel em 20%. Não obteve êxito.

Júnior Brandão, diretor do Ciso e pretenso pré-candidato a prefeito de Itabuna, não entendeu que fechar escolas – ou mantê-las abertas – é uma decisão política, não importa o que se diga na campanha ou o que se justifique na gestão. E, para quem estranha o anúncio da candidatura de FG à reeleição em meio a uma crise na educação, especialmente com um dos colégios mais tradicionais da cidade, só resta o lembrete de que não existem coincidências em política.