Reportagem da Folha de S. Paulo de hoje desce a ripa na postura do governo Lula de democratizar a publicidade governamental. O jornal lembra – com alguma saudade – que “quando Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse, em janeiro de 2003, apenas 499 veículos de comunicação recebiam verbas de publicidade do governo federal. Agora o número foi para 8.094”.

E onde estaria o erro? A Folha disfarça o esperneio tentando fazer parecer que se trata de mera constatação dos fatos. E aí ela se trai. Quando diz que “só neste ano eleitoral de 2010, o dinheiro para publicidade de Lula passou a ser distribuído para 1.047 novos veículos de comunicação”, faz uma crítica à escolha de novos meios e veículos alternativos, como blogs e portais de internet.

Lembra que em 2003 o número de “outros” veículos (blogs, portais etc) era de apenas 11. Hoje, são 2.512. O número de cidades contempladas também era reduzido: 182 municípios. Hoje, os jornais, revistas, emissoras de rádio, de TV e “outros” que recebem verba publicitária estatal estão espalhados por 2.733 cidades.

Por fim, a rendição: “Lula da Silva avançou na transparência em relação ao governo do tucano Fernando Henrique Cardoso. Nunca existiu esse tipo de estatística até 2003. Ainda assim, há buracos negros no processo. Não se sabe quais são os veículos que recebem verba de publicidade estatal nem quanto cada um ganha.”

Mais adiante, outro aceno à verdade: “Tudo somado, Lula gasta R$ 2,310 bilhões por ano com propaganda. Os valores são semelhantes aos do governo FHC, embora inexistam estatísticas precisas à disposição.”

E, em seguida, a conclusão em tom de reclamação típica de mau perdedor: “A diferença do petista para o tucano foi a dispersão do dinheiro entre os 8.094 jornais, revistas, emissoras de rádio, de TV e sites. Um espetáculo de 1.522% de crescimento de veículos atendidos”.

E nós, os ‘outros’, damos é risada.