Por Heribaldo de Assis

Na reinauguração do Centro de Cultura Adonias Filho, o governador, ao lado do escritor – dois indígenas: um de tez mais morena e o outro que, mesmo tendo a pele um pouco clareada pelo DNA italiano tem sangue indígena e consciência indígena (o que é mais importante). E, na reinauguração do Centro de Cultura Adonias Filho, no final o que prevaleceu não foram as roupas, calçados e perfumes caros da elite e sim o talento de humildes artistas – artistas oriundos das classes menos privilegiadas da população- uma pobre população que, raramente, tem acesso à Educação, à Cultura e à Arte – barrados que estamos pelas catracas do Poder, pelas catracas que nos discriminam como se humanos não fôssemos, como se cidadão não fôssemos.

Mas nós humildes artistas filhos do povo haveremos de, finalmente, superarmos os obstáculos do Poder que relegaram à miséria  e ao analfabetismo nossos pobres pais e nosso pobre país Mas agora o Centro de Cultura voltou a ser nosso: do humilde povo e dos aristas do povo – a Casa da Cultura e da Arte é nossa!E ao invés das roupas da elite -a nudez do artista, ao invés  dos perfumes da elite – o suor do artista em suas belas performances no Centro de Cultura Adonias Filho!

Nas mãos do governador o melhor dos presentes: um livro de Redações de autoria do escritor ao seu lado – pois o Poder Político (representado pelo excelentíssimo governador) precisa reconhecer que, conforme disse o escritor Monteiro Lobato: “Um país se faz com homens e livros”. Pois, acima da política, acima do Poder estão a Educação, a Arte, a Cultura e acima dos políticos estão os educadores, os artistas – pois são estes e não aqueles responsáveis pela conscientização e libertação do povo de todas as amarras do Poder.

E, conforme diz aquele slogan: “Nada supera o talento”- nem mesmo bens materiais. Mas a elite será sempre bem-vinda no espaço cultural que pertence aos artistas: venham nos prestigiar, venham nos aplaudir, venham deixar vossos ricos dinheiros em nossas bilheterias pois o artista precisa sobreviver da sua própria arte – e nada mais belo do que sobreviver da própria arte: de maneira honesta e digna! E, nem mesmo com todo dinheiro que possui no bolso a elite jamais poderá comprar dons e talentos – dons não se compram, talentos não se compram: é algo inato, divino -pois o espiritual supera o material, pois a Cultura, o Saber são mais importantes do que o dinheiro. E isto que a Arte ensina e isto que o humilde Artista também ensina – que “nada supera o talento”, que nenhuma riqueza material pode superar a poética e sábia beleza que o artista expressa com seu corpo, com sua voz, com suas palavras, com seus textos – belos presentes para a humanidade – para que a humanidade se sensibilize, para que a humanidade se humanize, para que a humanidade se eduque pois é a Arte e não o dinheiro que pode nos tornar seres humanos de verdade!

Heribaldo de Assis é escritor, filósofo, poeta, compositor, redator-publicitário, roteirista, Licenciado em Letras pela UESC e autor do livro Redações Artísticas – a arte de escrever. E-mail: [email protected])