Por Domingos Matos

"Na guerra, a verdade é a primeira vítima". A frase é atribuída ao dramaturgo grego Ésquilo (525 a.C. – 456 a.C.). Pois bem, há uma guerra em curso, e a verdade, se não é a vítima primeira, é uma presa frágil, e certamente será morta em algum momento.

Trata-se da guerra entre as redes sociais e o jornalismo – e o jornalismo está perdendo feio.

O jornalismo, como o conhecemos, está morrendo. A última linha de resistência, a blogosfera, também já não mostra forças para uma batalha que deveria ser suficientemente longa para ver confirmada uma suposição salvadora de que tudo não passa de um modismo. 

Há quem diga que a blogosfera deu o primeiro tiro no jornalismo. Eis que agora estaria provando do próprio veneno, ao ser alvejada pelas redes sociais.

Mas há um problema com essa forma de mediação da realidade: a falta de compromisso com a verdade dos fatos. A verdade não é mais o objetivo, no sentido de propósito, finalidade – mas, sim, no sentido de alvo. Nesse momento, vale mais o potencial de propagação do que a essência verdadeira do que se publica.

Um meme vale por mil notícias.

Itabuna vive um momento dramático em sua história, com a credibilidade de instituições e empresas públicas em xeque. Denúncias de crimes e prisões de polítcos. Prato cheio pra jornais e jornalistas. Mas, o que se vê é uma letargia, um desânimo, que atinge as empresas de comunicação e seus profissionais. Ninguém investiga.

E olhe que temos dois cursos de Comunicação em funcionamento (Uesc e Unime) – e um terceiro sendo reimplatado na FTC. Mais jornalistas despejados num mercado que os próprios cursos mostram que já não existe. A pergunta é óbvia: para quê?

Para quê, se basta um aplicativo em um celular e um operador com muitos seguidores a manipular um texto, uma imagem ou vídeo, para conseguir instantaneamente o efeito que nem o jornal mais lido conseguiria em um mês? Por outro lado, a informação – às vezes distorcida, devido ao momento político, às vezes fiel – corre todos os smartphones. Um verdadeiro zap-zap.

Mas, nem tudo é derrota. A boa notícia – essa mania de dar notícias… – é que, ao morrer, o jornalismo (analógico) está disponibilizando seus talentos para a blogosfera – última trincheira antes do caos – para salvar a si próprio em outras plataformas. Caberá a esses profissionais fazer o que deles se espera, depois de se adaptarem à nova linguagem. Uma flor colhida no caos.

Outra forma de adaptação é o uso dessas plataformas de interação social para divulgar ao máximo os conteúdos jornalísticos. Jornais, blogs, TVs e rádios que se prezem devem possuir perfis nas redes sociais. Lei da sobrevivência. Darwin na veia.

Sim, é uma questão de adaptação dos operadores, basicamente. Porque jornalismo sempre será jornalismo em qualquer meio.

Mas é preciso que sobreviva.

Jornalista, editor de O Trombone