Até onde pensa ir o advogado e secretário municipal das Finanças, Carlos Burgos, com sua estratégia de expor ao ridículo o prefeito José Nilton Azevedo Leal? Burgos, como se sabe, é o defensor da secretária de Azevedo, Suzana Andrade, que tem como atual endereço a carceragem do Conjunto Penal de Itabuna, e arrolou como testemunha de defesa da moça o seu chefe e amigo, o prefeito municipal.

Ela teve sua prisão preventiva decretada pela justiça, por ser apontada pela polícia como autora do homicídio contra seu marido, Alex Santos, em novembro de 2009. Azevedo e a colega de sala de Suzana, Joelma Santos, foram convocados para depor no dia 11 de outubro, pelo juiz substituto da Vara do Júri da Comarca de Itabuna, André Britto, conforme informa o Pimenta.

Ora, se o defensor faz isso – e o juiz aceita, claro – com a maior autoridade do município, qual o recado que fica? Que Azevedo – não a pessoa física, mas a figura institucional que representa – não chega a merecer o uso de sua prerrogativa, que, segundo operadores do Direito que tivemos o cuidado de ouvir, seria de ser ouvido em seu próprio gabinete. Isso, até mesmo se ele fosse o acusado, quanto mais como mera testemunha.

Façamos um exercício de imaginação: e se, durante o curso do processo, ficar comprovado, por exemplo, que a denunciada seja consumidora ou tenha algum envolvimento com o tráfico de drogas? O que dirá o prefeito em sua defesa? Que a nomeou secretária porque ela tinha – além de lindos olhos verdes (eram lentes?) – uma conduta ilibada e irretocável?

Na verdade, quando arrola o prefeito como testemunha de defesa em um processo que investiga um crime de homicídio, o seu secretário Carlos Burgos diz: o prefeito é, nada mais, que um elemento como qualquer outro do qual queira lançar mão para alcançar seus objetivos.

E aqui não se fala, apenas, do caso do homicídio de Alex Santos.