Walmir Rosário

walmirOs pequenos partidos – para alguns, na forma jocosa, nanicos – dificilmente elegem candidatos nas eleições, mas participam de todas elas, sempre atuando como coadjuvante dos maiores. Esquerda ou direita – quando ainda exista a ideologia – é apenas uma questão de somenos importância, o que vale mesmo é o apoio recebido para encarar a campanha.

Como a cada eleição os custos sobem de forma estratosférica, mais esses pequenos partidos se submetem aos maiores, que entre outras benesses oficiais fazem jus ao Fundo Partidário, que distribui somas vultosas. Mas nem todos os partidos pequenos podem ser colocados no mesmo balaio, sob o risco de cometermos uma irresponsabilidade.

Desses partidos considerados satélites, alguns conseguiram a maioridade eleitoral e disputam eleições com amplas possibilidades de eleger candidatos às eleições majoritária e proporcional. Com isso, ganham status de independentes e passam a desfrutar das vantagens concedidas pelo Congresso Nacional aos partidos com representação nas duas casas.

Exemplos dessas agremiações são os Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e o Partido Socialista Brasileiro (PSB), que conquistaram a adesão dos eleitores com um discurso convincente e exemplar comportamento dos parlamentares e prefeitos no exercício do mandato. Em outras palavras, fizeram o dever de casa com perfeição.

Embora os partidos tenham abrangência nacional, nem todas as legendas conseguem desempenhos iguais em todos os estados da federação, seja por formação ideológica atávica ou mesmo pela capacidade de convencimento dos seus componentes. Talvez o único partido que nasceu pequeno e conseguiu crescer rapidamente foi o Partido dos Trabalhadores (PT), mas essa é outra história.

Um exemplo em Itabuna é o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que mesmo disputando as eleições como um satélite do PT, sempre conseguiu descolar do petismo, impondo uma supremacia parlamentar, elegendo mais vereadores. Com isso – ou em decorrência disso – cresceu, filiando cidadãos de todas as classes da sociedade.

E agora o PCdoB dá mais um exemplo de independência ao resistir às pressões feitas pelos petistas no sentido de que permaneça o status quo reinante e os comunistas não lance candidatura própria ao Executivo. Oferecem, em troca – como sempre – uma vaga na chapa, geralmente a de vice-prefeito, agregando mais algumas secretarias.

É pouco, muito pouco, uma proposta desonesta para os políticos de partidos que tenham e pretendam disseminar uma política de mudança de comportamento na administração pública. E as pressões são as mesmas, corriqueiras, do tipo “estamos conversando com as direções estadual e nacional para não implodir a base aliada”.

E esse comportamento não é exclusivo de Itabuna, pois ocorre em todas as cidades brasileiras, através de acordos “costurados” de cima pra baixo, o que leva à troca de partidos, sobretudo por conta das diferenças paroquiais. A igualdade entre a militância partidária somente aconteceu quando todos se perfilam para aplaudir os “caciques”. É assim que funciona.

Outro caso que merece uma reflexão é o do Partido Socialista do Brasil (PSB), o que mais cresceu nas duas últimas eleições – nacional e estadual – abre mão das conquistas e contenta em ser mais um “alternativo”, para usar uma expressão educada. No Sul da Bahia, apesar de ter elegido um prefeito, o de Ilhéus, continua na contramão de sua própria história.

Em Itabuna, na eleição municipal passada, o comportamento do PSB não foi dos mais eloquentes, mesmo indo às urnas com candidatura própria, utilizou um discurso de coadjuvante. E o exemplo negativo de Itabuna parece ter contaminado o velho PSB, para desgosto dos fiéis seguidores do lendário socialista João Mangabeira.

Agora mesmo, quem mais tem investido no PSB é o deputado federal Geraldo Simões, velho “cacique” do PT itabunense que, com a diminuição dos votos obtidos na última eleição para a Câmara Federal, pretende “alugar” a legenda. Somente no Sul da Bahia conseguiu abrigo para diversos dos seus apaniguados entre os pseudos socialistas.

E o deputado Geraldo Simões já “tomou de assalto” os diretórios do PSB de Itacaré, com o ex-prefeito Jarbas Barbosa; Floresta Azul, com o ex-prefeito Carlos Hamilton (Garrafão); Camacã, a ex-prefeita Debora Borges; Canavieiras, Dr. Juarez; Itapé, Pedro Jackson (Pedrão). Como esses personagens não fazem parte dos fiéis seguidores de João Mangabeira, no mínimo, deixam margens às desconfianças.

Dois questionamentos poderiam ser feitos ao deputado federal Geraldo Simões: ou ele estaria mudando de partido, ou seja, deixando o PT, legenda que lhe formou e manteve por todos esses anos; do contrário, estaria apenas inchando o PSB com quadros de outras ideologias – ou sem ideologia alguma – apenas para tomar conta da legenda, o que seria mais provável.

Nesse caso, a “pomba branca” já não seria mais imaculada.

Walmir Rosário é advogado, jornalista e editor do site www.ciadanoticia.com.br